Educação São Sebastião

Universitários protestam na Câmara contra as mudanças no transporte

Tamoios News
Foto: Rafael César

A proposta da atual gestão não foi bem aceita por muitos universitários, que estudam fora da cidade e passarão a pagar mais caro para estudar

Por Rafael César, de São Sebastião

 

Três dias após uma reunião com o prefeito Felipe Augusto (PSDB), cerca de 200 universitários de São Sebastião, que estudam em faculdades fora do município, participaram de uma assembleia, na Câmara Municipal, na sexta-feira(27).  O encontro com os vereadores era para rever as novas regras previstas para o transporte universitário. O novo projeto proposto pelo prefeito não teve boa aceitação entre o grupo de alunos que atualmente não paga pelo deslocamento. Caso aprovadas as mudanças, eles terão que desembolsar 50% do valor.

Desde 2009, após mudanças na legislação municipal, os estudantes recebiam o serviço custeado 100% pela prefeitura. Para o prefeito, os cadastros precisariam ser revistos, pois muitas pessoas poderiam está utilizando o benéfico sem ter necessidade socioeconômica. Ele destacou ainda que precisa respeitar o orçamento e os impactos da crise econômica que afeta todo o país.

Apenas um vereador não compareceu ao encontro, Edivaldo Pereira Campos (PSD), o Teimoso. Todos os demais legisladores estavam presentes e deram suas opiniões, ideias e medidas para solucionar o problema com os graduandos.

“Acho que a reunião foi útil para expor o nosso lado e deixar claro a nossa principal reivindicação, que é isenção do pagamento de qualquer tarifa ou taxa no transporte que usamos. Não tem o mínimo cabimento essas mudanças promovidas pelo prefeito, na visão da maioria, que são quase 700 alunos beneficiados. É um retrocesso para a cidade. Existe a lei que nos dá esse direito e não podemos deixar que a revoguem”, disse o aluno do segundo ano de jornalismo, Bruno Almeida, 19, que estuda em Caraguatatuba.

No encontro, todos os universitários presentes puderam se manifestar por intermédio de um represente que ocupou a cadeira do primeiro secretário da Câmara. O aluno de arquitetura e urbanismo, Vinícius de Paula Pereira Ribeiro, 23, foi o escolhido e passou os principais pontos que os alunos contestam. Ele estuda em São José dos Campos e se diz esperançoso em relação aos futuros trâmites relacionados ao projeto.

“No orçamento feito para esse ano já estava previsto esta receita para o transporte universitário, sabemos que pode ter alteração. Minha faculdade custa R$ 1,5 mil, estou desempregado e só consigo continuar com ajuda dos meus pais e com trabalhos extras. Caso entre essa taxa, precisarei trancar meu curso”, completou o aluno, que está no terceiro ano do curso.

A Moradora de Barra do Una (Costa Sul do município), Ingrid Hüpner, 21, estuda psicologia em Mogi das Cruzes e afirma que mesmo achando que não seria afetada pela nova legislação, lamentou a situação dos amigos. Para ela, os vereadores divergiram demais e não sabe qual será o resultado na votação.28

O projeto já foi encaminhado para o Legislativo e deveria ser votado em uma sessão extraordinária, entretanto, com o repúdio da maioria dos estudantes é possível que o PL seja votado na volta dos trabalhos parlamentares no próximo dia 7. Caso ocorra, uma sessão extraordinária, o presidente da Câmara, Reinaldo Alves Moreira Filho (PSDB), o Reinaldinho, se comprometeu em avisar toda a população.

Foto: Rafael César

Os vereadores 

Os vereadores José Reis (PSB) e Ercílio de Souza (SD) foram na última semana até instituições de ensino de Mogi das Cruzes para tentar arrumar uma solução e pedir um auxílio para os jovens que temem parar a vida universitária. A intenção deles é conseguir o valor da taxa do ônibus em desconto na mensalidade do curso para estes estudantes.

“Estamos procurando soluções, porque sabemos da dificuldade que a máquina pública vai passar esse ano. Não temos como negar isso, estamos cientes das contas que o prefeito terá que arcar. Já fui universitário e usei esse transporte e entendo a indignação de pais e alunos em relação a medida. O problema é que comparado com municípios vizinhos o gasto é exorbitante e queremos ajudar ambos os lados”, explicou Reis.

O presidente da Casa Legislativa analisou o debate como positivo, apesar da divergência nos interesses dos universitários para com a de alguns vereadores. Reinaldinho garantiu que os vereadores mediarão as propostas dos alunos com o Executivo e destacou que não pode garantir que tudo será acatado por causa da responsabilidade financeira que o prefeito precisa cumprir.

“Não adianta os vereadores chegarem e dizer que vai ter que fazer, pois o prefeito vai alegar que não tem dinheiro e pronto, nada será possível. É impossível o município gastar mais do que arrecada. Nós vamos intermediar e esperar uma resposta, uma contraproposta, ou uma revisão. O debate foi muito bem conduzido, afinal, nem era sessão e parecia que havia um regimento. Os universitários estão de parabéns pela postura”, concluiu o tucano.

Um dos vereadores que se mostrou completamente contra as novas medidas foi Gleivison Gaspar (PMDB). Ele disse considerar desrespeitosa a forma e o momento em que os alunos foram avisados das possíveis medidas.

“Acho que o prefeito não sabe que em alguns momentos os alunos têm que escolher se comem um salgado na cantina ou pagam a copiadora. A lei 2004/2009 é voltada para política social e se tirarem ela será um retrocesso não só para os alunos, mas também para o município que não terá profissionais capacitados”, complementou Gaspar.

Antiga administração

O ex-prefeito Ernane Primazzi compareceu na Câmara e afirmou que o recadastramento e cadastramento sempre foram feitos na segunda semana de janeiro. Ele negou que as mudanças deveriam ter sido feitas e anunciadas no ano passado. Ele ressalta que a concessão com a empresa que presta o serviço terminou no dia 10 deste mês, mas que no contrato a renovação poderia ser feita dentro de um ano.

A ex-secretária da Seduc Ângela Couto também estava na plateia do Legislativo e afirmou que os alunos não podem se deixar levar pelas novas propostas. Ela considera a falta de fiscalização como o principal problema do transporte universitário e alega que o termo de responsabilidade que já tinha sido preenchido pelos antigos beneficiados deveria sustentar a lei.

De acordo com dados apresentados pela ex-secretária, desde que se iniciou o serviço gratuito do transporte universitário em 2009, o número de alunos que era de 356, passou para 640 contemplados. Apesar disso, ela diz que não gera tantos gastos ao município, visto que a empresa ganha por frota e não pelo número de alunos.

Deixe um Comentário

O Tamoios News isenta-se completamente de qualquer responsabilidade sobre os comentários publicados. Os comentários são de inteira responsabilidade do usuário (leitor) que o publica.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.