Economia

Comerciantes tentam estimular compras, mas vendas de natal podem ter pior desempenho em 15 anos

Tamoios News
Rafael César
Rafael César

A previsão é de que as compras deste natal sejam menores do que comparadas ao mesmo período do ano passado

Em algumas regiões do litoral é possível perceber um movimento menor no comércio do que o esperado para a época do ano; há segmentos que dizem não sofrerem com a crise

Por Rafael César, de São Sebastião

O natal de 2015 está próximo e seu desempenho para o comércio pode ser o pior em 15 anos, caso a estimativa do IBGE seja confirmada. De acordo com dados da CNC (Confederação Nacional de Comércio), ano já garantiu o pior resultado em 12 anos. Apesar disso, a expectativa de muitos comerciantes é de que essas projeções negativas não se confirmem até a próxima quinta-feira (24), véspera das festividades.

A projeção da CNC para o volume de vendas do comércio varejista para dezembro é uma queda de 4,1%, com a possibilidade de chegar a 4,8%, em relação ao mesmo período do ano de 2014. Esses dados também são confirmados pela ACSP (Associação Comercial de São Paulo).

Em São Sebastião, a tendência dos lojistas e das grandes redes de varejo está sendo oferecer algumas vantagens a seus clientes, como descontos ou variedade nas opções de pagamentos. É possível ver cartazes espalhados pela cidade, anunciando as facilidades e benefícios.

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Os comerciantes locais estão tendo que usar a criatividade e o lado empreendedor para atrair consumidores para seus comércios. Esse é o caso de Reginaldo Gonçalves, 40, dono de uma loja de decoração. “Os clientes estão pedindo sempre a famosa lembrancinha. Eles já estipulam o valor que pretendem gastar e desta forma nós tentamos encontrar algo que vá de encontro com aquilo que ele esperava. A crise não está fácil, mas tem que ter o famoso espírito de natal nessas horas”, comentou.

Para Eliane Brait Zerbeto, supervisora de vendas de dez lojas de O Boticário, no litoral norte, diante o panorama atual da economia, as vendas no setor estão parecidas com a do último ano. “Diminuiu o valor das vendas, mas com o aumento em alguns itens é possível se manter em uma linha crescente de lucro. Nós também disponibilizamos um programa de desconto, que conforme o cliente vai comprando, acumula pontos e resgata-os com descontos em novas compras”, acrescentou Eliane.  

“Os comerciantes estão ligados diretamente a crise econômica e também política no país. Enquanto isso não tiver um desfecho e for resolvido, a maioria está exposto a déficits e perspectivas duvidosas, de um mercado que parece cada dia menos apropriado para investimentos e com pouca margem de lucro”. É assim que Gilvan Brás Costa Góes, dono de uma loja de presentes e artigos de decoração de natal, no centro de São Sebastião, percebe o cenário brasileiro atual.

A reportagem do Tamoios News procurou a ACESS (Associação Comercial e Empresarial de São Sebastião) para saber a previsão do setor em dezembro, mas a mesma afirmou não ter recebido os dados da Confederação Nacional de Comércio para análise, assim como também não apresentou o balanço das vendas e do lucro das empresas locais vinculadas a ela.

Atenção dos consumidores

Com o último índice de desemprego em 7,5%, referente ao mês passado, a percepção é que o mercado de trabalho, que é o lastro do consumo do país, deverá continuar influenciando diretamente a crise do setor varejista. Dados do Ministério do Trabalho mostram que até novembro foram fechados quase um milhão de postos com carteira assinada. O alto índice da inflação também coopera para que os consumidores não estejam dispostos a gastar dinheiro e fazer compras utilizando o crédito.

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Desta maneira, muitos consumidores adotaram táticas de consumo para este natal. É o que mostrou a babá Kátia Martins Araújo, 26. “Fui às compras, porém, utilizei alguns benefícios como netpoints e descontos oferecidos no acúmulo de outras compras. Mas a melhor forma de se pagar é à vista para evitar os juros que estão muito altos”, explicou. Ela conta que procurou comprar roupas e calçados, apesar de te achado o preço dos sapatos mais altos do que no ano passado. “Eletrônicos e brinquedos estão bem caros, não dá para comprar”, comentou a consumidora, que seguia de ônibus do Centro para Maresias, com sua filha.

A FECOMÉRCIO|SP divulgou na semana passada que a intenção de compra para este natal é a menor desde 2009. Com a cotação do dólar em quase R$ 4, as pessoas devem evitar comprar importados e eletrônicos que tendem a estar com preços elevados. “Eu trabalho em uma rede de hotelaria, estou empregada e mesmo assim tento não dividir nenhuma compra no cartão de crédito. Quando eu divido costumo fazer em pouquíssimas parcelas. Se está difícil para mim, imagina para quem não tem emprego”, disse Gleise Almeida de Souza, 25.

O termômetro das vendas do natal costuma aquecer neste período do ano, mesmo com as notícias negativas ao seu redor, alguns segmentos conseguem manter-se e até obter algum lucro. Esse é o exemplo de uma relojoaria e joalheria do centro. Segundo Sara Barbosa Chaves, proprietária da loja, a crise não chegou ao setor.

”Nós trabalhamos indo de encontro com as necessidades do cliente, temos encomendas e um ambiente online para negociar peças. Essas vendas online aumentam muito o nosso faturamento mensal e anual. Alguns clientes que vêm aqui na loja se assustam com determinados preços, mas posso dizer que a crise ainda não nos atingiu” concluiu Sara.

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