Meio Ambiente Ubatuba

Secretário de Meio Ambiente pretende implantar coleta seletiva em Ubatuba

Tamoios News
Foto: Divulgação

“Eu faço a coleta seletiva na minha casa, eu guardo aquele rolinho do papel higiênico. Depois eu vendo”, revelou

Por Raell Nunes, de Ubatuba

O secretário de meio ambiente de Ubatuba, Virgílio Barroso, em entrevista exclusiva ao Tamoios News, disse que pretende implantar a coleta seletiva na cidade. “Acredito que até o final do ano já podemos começar”, garantiu.

Barroso foi o primeiro secretário de meio ambiente de Ubatuba, em 2012. Tem formação acadêmica em direito e afirmou que é através da educação ambiental que se transforma uma sociedade. Ele defende a tese de que é possível se desenvolver estruturalmente com sustentabilidade.

“Eu faço a coleta seletiva na minha casa, eu guardo aquele rolinho do papel higiênico. Depois eu vendo. Esses tempos atrás eu vendi e consegui R$ 16, passei no supermercado e comprei três sucos. Dinheiro do lixo”.

O chefe da pasta ambiental declarou que fez uma cartilha de meio ambiente, com tiragem de 5 mil exemplares, em parceria com a secretaria de educação.

Sobre o saneamento básico, Barroso disse que existem outras empresas, além da Sabesp, com técnica, tecnologia e capacidade financeira para atender a municipalidade. Confira trechos da entrevista:

Tamoios News (TN) – Como está sendo o trabalho de preservação, já deu tempo de analisar tudo?

Virgílio Barroso (VB) – Existem alguns lugares em Ubatuba que não podemos mexer. Temos o Parque Estadual e muita área de preservação. O que é ótimo. Afirmo que o que temos aqui é ouro verde. Mas eu também acredito que a cidade tem que se desenvolver. É perfeitamente possível nós termos o progresso aliado ao desenvolvimento sustentável.

No centro é mais adensado, no sul tem um adensamento menor e no norte não tem adensamento nenhum. Tenho plena convicção que a cidade pode se desenvolver na região sul e na região norte. É importante salientar isso: nós temos os índios, quilombolas e os próprios caiçaras. Mas eu tenho a impressão que o pessoal mais novo quer cabo de fibra ótica, aliado à preservação, sem dúvida nenhuma. Se nós não desenvolvermos estas regiões, vai ficar difícil para estas comunidades.

Em todos os países desenvolvidos que tive a oportunidade de conhecer, eu vi o progresso caminhar junto ao meio ambiente. Estive no Palácio dos Bandeirantes, com outros representantes do Litoral Norte, e nós estamos tentando formar um bloco para que nós tenhamos as mesmas soluções para os problemas, porque os problemas são muito parecidos.

A prioridade da secretaria do meio ambiente é dar muita ênfase ao saneamento. É muito importante para a cidade, uma vez que tem 100 km de extensão.

TN – O que está sendo feito relativo à educação ambiental?

VB – Outro ponto que nós vamos focar com bastante ênfase também é a educação ambiental. Estamos rodando 5 mil cartilhas em parceria com a secretaria de educação. Isso é um trabalho que consegui fazer há 15 anos, é uma reedição que ficou muito boa.

Nós temos o problema da regularização fundiária também. Tivemos uma palestra aqui, que foi muito boa. Um projeto idealizado pela prefeitura que teve um êxito muito bom. Queremos, primeiro, parar as invasões e depois ter uma política habitacional.

TN – Ainda faltam políticas públicas que diz respeito ao meio ambiente na cidade?

VB – Sem dúvida nenhuma que falta. Eu acho que nós deveríamos ter na grade curricular a matéria sobre educação ambiental. Começando com sete anos de idade. Eu faço a coleta seletiva na minha casa, eu guardo aquele rolinho do papel higiênico. Depois eu vendo. Esses tempos atrás eu vendi e consegui R$ 16, passei no supermercado e comprei três sucos. Dinheiro do lixo. Nós reciclamos no país apenas 3%. O lixo do nosso país é o mais rico do mundo. O que agente precisa ter é estrutura para que possamos aumentar a coleta. É nossa vontade instalar na cidade a coleta seletiva. Acredito que até o final do ano já podemos começar.

TN – A coleta seletiva já está se propagando em Taubaté (SP), também em Caraguá. Seria interessante que Ubatuba tivesse.

VB – Com certeza. Isso é fundamental. Isso tudo começa com a educação ambiental. No Canadá (América do Norte), as pessoas já fazem isso. Se nós não fizermos isso, daqui a trinta anos, como nosso país é territorialmente muito grande, nós vamos comer lixo.

Existem alguns estudos sobre usina de carbonização, que nós não podemos falar em queima. Se falar em queima, algumas pessoas podem ficar incomodadas, os ambientalistas, por exemplo. É um projeto que dá para fazer por módulos. Pega-se uma comunidade de 20 mil habitantes e projeta a usina para 20 mil habitantes. Só que o resíduo sólido tem que ser diário, porque a usina não pode parar. E essa usina geraria energia elétrica para colocar eletricidade nessa comunidade.

TN – Ubatuba tem riquezas nas praias e nos rios. Quais são as ações imediatas ou futuras para melhorar a conservação destes recursos?

VB – Uma das coisas mais importantes que nós temos aqui em Ubatuba é o controle da balneabilidade das praias. É isso que o turista busca aqui. Ninguém vem aqui porque temos praias poluídas. Em relação aos rios e cachoeiras, nós temos muito, graças a Deus. Existem lugares aqui que a água não é de boa qualidade. Por que os rios estão sujos lá em cima. Na serra, nas montanhas.

Tivemos uma visita de uma empresa. É uma tecnologia nova para poder melhorar a qualidade das águas. É um filtro muito pequenino, quase imperceptível, em forma de canudos. Também pode ser feito, por exemplo, para uma escola. Se achar que a água da escola não está boa o suficiente, você quer melhorar água, pode passar por esse módulo, por esse filtro e melhorar a qualidade da água. Mas, graças a Deus, a água de Ubatuba é muito boa. Eu tomo água da torneira mesmo.

TN – Temos 87% de atendimento de água e por volta de 42% de atendimento de esgoto. Isso pode ser prejudicial à cidade. Já se estuda esta questão?

VB – Quando eu assumi a secretaria, nós suspendemos a licitação que estava em andamento. A Sabesp é que está aqui, mas já venceu o prazo da concessão. Ao que parece, nós não temos um contrato firmado. A solução seria um consórcio de empresas, que seria para atender a população de maneira mais rápida.

A Sabesp não deve ficar de fora em razão do governo do Estado. Mas existem outras empresas tem toda a possibilidade e capacidade técnica, tecnológica e financeira para poder atender a cidade de Ubatuba.

1 Comentário

  • Pelas belezas naturais que temos em Ubatuba, pela dificuldade que temos na remoção do nosso lixo para outros municípios, se faz urgente e necessário iniciar um processo de educação e conscientização sobre sustentabilidade e reciclagem, tanto nas escolas como a toda população. Não é impossível se atingir o ideal, é uma questão de educação e costume apenas. Um caminhão de coleta seletiva passando uma vez por semana, em dias marcados, em cada bairro, acredito que seria suficiente. E mais pontos de compra para quem preferir vender seus recicláveis.

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