Ilhabela é conhecida como a capital nacional da Vela
Arquipélago completa 210 anos de emancipação político-administrativa com problemas a resolver e conquistas a comemorar
Por Marcello Veríssimo
A beleza natural de Ilhabela encanta quem chega pela balsa durante a travessia pelo Canal de São Sebastião. Não importa quantas vezes os turistas visitem a ilha, estão sempre com câmeras fotográficas em mãos, prontos para registrar os primeiros momentos no arquipélago, que completa hoje, 3 de setembro, 210 anos de emancipação político-administrativa. Com muitos problemas, mas também com muito a comemorar.
O arquipélago é uma das principais cidades indutoras do turismo no Brasil, reconhecida internacionalmente. Com suas mais de 20 praias, além de cachoeiras e trilhas, recebe dezenas de navios de cruzeiro na temporada e possui calendário turístico eficiente, com eventos esportivos, musicais e gastronômicos. Esses atrativos fazem com que sua rede hoteleira fique lotada em praticamente todos os finais de semana. “Somos felizes morando aqui, montamos nossa agência há dois anos, que está indo super bem. Em dia de feriadão prolongado chegamos a lotar dois carros para levar até a Praia de Castelhanos, o roteiro mais procurado, que dura um dia inteiro. Saímos pela manhã e só voltamos à tarde”, disse o empresário Decio Salu Junior. Entre idas e vindas, ele e a esposa, Luciana Simões, moram no arquipélago há 20 anos.
Ilhabela é um município-arquipélago. Seu território é formado por várias ilhas. De acordo com o livro “Uma viagem pela História do Arquipélago de Ilhabela”, do jornalista Nivaldo Simões, grande conhecedor da ilha, antes de ser chamada Ilhabela e da chegada dos portugueses, a ilha era chamada pelos indígenas de Maembipe, que na língua tupi significa “local de mercadorias e resgate de prisioneiros”. Uma espécie de zona neutra usada pelas tribos para negociações. Mas foi em 1805 que a Ilha de São Sebastião, até então pertencente à cidade de São Sebastião, foi elevada à condição de município, recebendo o nome de Villa Bella da Princesa, em homenagem à filha mais velha do rei de Portugal, D. João VI. Em 1940, por determinação do Governo Federal, Villa Bella mudou novamente seu nome, desta vez para Formosa. Até que, em 1945, incorporando outras ilhas, passou, enfim, a se chamar Ilhabela. Nas palavras de Nivaldo Simões: “Evidenciando a beleza natural que domina a cidade”.
Atualmente, o arquipélago de Ilhabela possui uma área de mais de 348 km2 – compreendendo várias ilhas e ilhotes, como a ilha de São Sebastião, dos Búzios, da Vitória, dos Pescadores, Sumítica, Serraria, das Cabras, dos Castelhanos e muitas outras. “Tenho saudades da ilha em que cresci, em que podíamos deixar a porta de casa aberta. O progresso melhorou bastante, mas naquela época não víamos perseguições policiais; a segurança precisa ser revista”, diz Roberto Fazzini Junior, 53, filho do ex-prefeito do arquipélago Roberto Fazzini, 86, que governou a ilha por duas vezes – entre 1973 e 1977, e 1993 e 1996.
Parque – Em 20 de janeiro de 1977, o governo do estado criou, por decreto, o Parque Estadual de Ilhabela, unidade de conservação ambiental que abrange o arquipélago praticamente em sua totalidade, com uma área superior a 27 mil hectares. Segundo ambientalistas, trata-se de um parque-arquipélago englobando 12 ilhas, 2 ilhotes e 2 lajes. O parque preserva 85% de Mata Atlântica da ilha e é administrado pela Secretaria do Meio Ambiente e Instituto Florestal.
Além do parque, pesquisadores também identificaram 15 sítios arqueológicos pré-coloniais, ocupados antes mesmo da chegada de Pedro Álvares Cabral ao Brasil, em 1500.
Meio Ambiente – O bioconstrutor Galeno Simões, 65 anos, mora no arquipélago há pelo menos 40 e se diz preocupado com a quantidade do “comportamento tradicional caiçara ilhéu que se perdeu com o passar dos anos”. Para ele, questões que afetam o meio ambiente, como a urbanização e a captação e destinação do lixo produzido em Ilhabela, deveriam “respeitar critérios”. “A realidade de Ilhabela é insular, diferente dos outros municípios que ficam no continente”, analisa Galeno, que foi o primeiro secretário de Meio Ambiente do arquipélago, participando da fundação da secretaria. Para Simões, “O descontentamento é geral” e os turistas que lotam as balsas nos feriados não representam “o povo de Ilhabela que possui amor pela cidade. Ilhabela não suporta esse turismo tão pesado”, acredita.
Shows e Obras – Para marcar o aniversário de 210 anos, a prefeitura anunciou um “pacotão” de obras que será entregue à população, como a ampliação da escola e a nova biblioteca no Itaquanduba, a nova entrada da cidade e a nova creche da Barra Velha. Desde o dia 27 de agosto, a cidade tem realizado grandes shows musicais, que se estendem até o dia 7 de setembro. Nesta quinta, 3, os sertanejos Fernando & Sorocaba agitam o público na Praça de Eventos e Lazer do Galera, na Água Branca. Na sexta, dia 4, é a vez da Banda Malta. No dia 6, o destaque é o rap paulistano do rapper Rashid.
O prefeito Toninho Colucci também celebrou a data. “Com muita honra comemoramos o aniversário de 21 décadas de Ilhabela. Um novo tempo em que percebemos que é possível almejar novos sonhos, novas realizações e continuar reescrevendo a história. E compete a cada um de nós, prosseguir lutando para alcançar os objetivos de toda a população, assegurando os direitos de desfrutar educação, saúde, trabalho, lazer, cultura, esporte, uma melhor qualidade de vida. Somos todos nós que fazemos o amanhã e nossa perseverança aponta o caminho de uma cidade cada vez melhor”, disse.
Visite o site oficial da prefeitura: www.ilhabela.sp.gov.br
