São Sebastião

“Minha missão é mostrar que o Meio Ambiente não é uma secretaria que congela o desenvolvimento da cidade”, defende Leandro Saad

Tamoios News
Fotos: Leonardo Rodrigues

Secretário sebastianense pretende mostrar que sua secretaria não é um entrave para o progresso

Por Leonardo Rodrigues, de São Sebastião

Leandro Saad assumiu a pasta do Meio Ambiente nesta nova gestão em São Sebastião. Com isso, passa de pedra à vidraça.

Conhecido antes pelo trabalho de Monitoramento Aéreo, pela Federação Pró Costa Atlântica, Saad denunciava invasões em áreas irregulares, ou de preservação.

Se antes cobrava ações por desmatamento e invasão em áreas de risco, hoje é o responsável pela fiscalização ambiental e apresentar soluções para problemas antigos no município. O desafio se torna maior, já que tradicionalmente a pasta é responsável por uma das menores dotações orçamentárias.

Como secretário, quer o ineditismo de São Sebastião na região no processamento de resíduos. Para isso, fala de projetos em área da Prefeitura, já licenciada, na Costa Norte da cidade. Região essa que também foi alvo da última Administração Municipal, que pretendia instalar uma Usina de Lixo. O que não teve apoio popular e não saiu do papel. Já Leandro Saad que mostrar que sua secretaria não é um entrave para o progresso, mas parte relevante para um desenvolvimento sustentável real.

Empresário, Leandro também preside o Partido Verde de São Sebastião. Técnico em Manejo de Unidades de Conservação, se considera participante ativo em diversas ONGs da cidade, como GPN – Grupo de Proteção à Natureza e ICC – Instituto de Conservação Costeira. O secretário tem 37 anos, é casado, tem um filho e mora em São Sebastião desde 1990.

Confira trechos da entrevista:

Tamoios News (TN) – Um dos problemas recorrentes em São Sebastião no que tange a Meio Ambiente são as ocupações em áreas irregulares. Os esforços são em grande parte para a regularização, mas não em estancar tal crescimento desordenado. O que a atual gestão pretende realizar neste sentido?

Leandro Saad (LS) – Estamos passando por uma transição de leis no Senado e na Câmara. Se as leis mudarem, irá permitir uma flexibilidade e maior autonomia do município para a regularização fundiária. Até então qualquer ação da Prefeitura apresentou alguma irregularidade. Como a Zeis (Zona Especial de Interesse Social), por exemplo. Criaram-se dezenas de Zeis, mas sem a oferta de serviços públicos, como luz, água, saneamento, urbanismo, entre outras coisas. Não é porque é Zeis que se pode tudo. No momento temos a fiscalização em possíveis novas áreas de ocupação. Também priorizamos o monitoramento das áreas de risco e Áreas de Preservação Permanente (APP).

Contudo, antes de iniciar um trabalho de conscientização com a população, decidimos começar pelos vereadores. Logo no início do ano, nos reunimos e foi exposta a preocupação com o crescimento desordenado e ocupação em áreas irregulares e/ou de preservação ambiental.

TN – O prefeito Felipe Augusto já se mostrou favorável à ampliação do Porto em diversas ocasiões. Qual é a posição da Semam, cientes que há possíveis tensões e conflitos de interesses quando se fala de Meio Ambiente?

LS – Nossa posição depende de qual ampliação será proposta. Até eles (Docas) vêem agora que o projeto anterior de pilotis avançando no Mangue do Araça não era a melhor opção. Hoje me parece que a sugestão é a ampliação também por pilotis, mas para frente. Impactos sempre têm, mas aceitamos de acordo com o que está sendo proposto hoje.

O importante é que toda proposta de crescimento, independente do tamanho do empreendimento, precisa seguir as leis. As leis apontam para ouvir a população e a opinião da população precisa ser respeitada.

TN – Como a atual Administração Municipal entende a importância do Ecoturismo? Há planos para desenvolvimento na cidade?

LS – Eu fui instrutor e monitor de Ecoturismo, sei a importância que o setor tem. São necessários investimentos em capacitação e estrutura, e o Felipe Augusto (prefeito) se mostrou tendencioso para isso. Em outras ocasiões já se tentou alavancar a prática, mas a falta de segurança e assaltos em trilhas prejudicou. Porém, já temos um projeto, e verba do Dade (Departamento de Apoio ao Desenvolvimento das Estâncias), para começas ações pela Cachoeira do Ribeirão do Itu, em Boiçucanga, Costa Sul da cidade.

Os desafios para o desenvolvimento do Ecoturismo são muitos. Um deles é mudar o hábito de se pensar tudo com vista para o mar. Cerca de 80% do município está em área de preservação e o Ecoturismo pode sustentar São Sebastião, seja com programas de agrofloresta, turismo de aventura, birdwatching (observação de pássaros), entre outros. O importante é inserir a comunidade do entorno. Eles são quem têm que lucrar com isso. É preciso conscientizar que o Ecoturismo deve fazer parte do dia a dia e ser um meio de sustento.

TN – Quais são as políticas públicas desta gestão para as Unidades de Conservação?

LS – Olha, o desafio é grande. Minha missão é mostrar que o Meio Ambiente não é uma secretaria que congela o desenvolvimento da cidade. O objetivo da Semam não é ser o setor que fala não, mas mostrar que pode (o desenvolvimento), dentro da legalidade. O anseio pelo desenvolvimento precisa ser acompanhado pela conscientização da necessidade de se preservar o que restou de Mata Atlântica, cerca de 10% do original.

Uma solução para o trabalho nas Unidades de Conservação é a fiscalização aliada ao trabalho de educação ambiental. Para isso estamos elaborando junto com a Secretaria de Educação (Seduc) um projeto neste sentido. Aliás, o foco deste Governo é uma sinergia, uma rede integrada entre todas as secretarias.

TN – Já se cogitou na cidade a implantação de uma Usina de Lixo, ao invés de continuar com a prática do transbordo. Quais os planos hoje, para o lixo em São Sebastião?

LS – O transbordo continua ainda para Jambeiro. A última solução seria um aterro. O que temos como meta é eficácia em um serviço de coleta seletiva e a implantação de um programa de compostagem. Já existe um projeto piloto de compostagem em uma de nossas escolas, mas queremos ampliar para a rede municipal. Além disso, temos uma área da Prefeitura na Costa Norte, e pretendemos também uma outra na Costa Sul, para desenvolver esses projetos. Queremos ter como parceiros restaurantes, pousadas, hotéis e supermercados, e assim, potencializar o projeto de compostagem, como também a coleta seletiva em áreas do município. O que queremos também é desenvolver o processamento de resíduos de construção civil e verde.

TN – Há intenção deste Governo recuperar a área do Aterro da Baleia?

LS – Existe uma ação do Ministério Público, que recomenda multa diária, que obriga há tempos monitoramento da área. Esta Administração já abriu processo de licitação para contratação de empresa para fazer este trabalho. É uma área nobre, em uma região importante. É preciso saber o grau de contaminação do solo, e partir daí, de conclusões e não de especulações, poder desenvolver ações de recuperação e revitalização da área.

TN – A implantação de Ecopontos em São Sebastião sempre foi algo prometido em outras Administrações, mas não saíram do papel. O que o senhor pensa a respeito e pretende realizar nesta gestão?

LS – Os Ecopontos não são mais do que o transbordo de verde e construção. A ideia é instalar Ecopontos para entrega de volumes de podas (até 1 m³). O objetivo é uma central de processamento de resíduos funcionando. A questão é o local para esse processamento. Como disse, temos uma área já licenciada da Prefeitura na Costa Norte, e este ano já instalamos o processamento de resíduos. Nós seremos a primeira cidade do Litoral Norte a ter o processamento de resíduos, e assino embaixo.

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