São Sebastião

Servidores públicos protestam para receber reajuste salarial em São Sebastião

Tamoios News
Rafael César
Rafael César

Servidores prometem repetir protestos até prefeitura atender pedido da categoria sobre reajuste

Cerca de 200 manifestantes participaram do ato, que começou na pátio interno da sede da prefeitura e terminou na Câmara Municipal

Por Rafael César, de São Sebastião

Os servidores públicos de São Sebastião, com apoio do Sindserv (Sindicato dos servidores públicos de São Sebastião), realizaram um manifesto na terça-feira (17) para reivindicar o direito da classe ao reajuste salarial anual, previsto pela lei. Apesar do dia cinza e um pouco chuvoso, pelo menos 200 manifestantes integraram o ato.

O protesto teve início, às 16h, no Paço Municipal, sede da prefeitura. A ação já havia sido anunciada na última semana, após assembleia da categoria no Sindserv e foi propagada por meio da página na internet do sindicato e as redes sociais. Os servidores travam uma guerra com o prefeito Ernane Primazzi (PSC), desde 2014 por conta de reajustes salariais.

“Hoje nós estamos brigando não só pelo reajuste, mas pela reposição da inflação que nos foi tomada, há três anos. Não deveríamos estar passando por tamanha dificuldade, quanto mais para receber o que é nosso por direito. Eu creio que depois desse ato algo deverá ser feito para resolver nossa situação”, falou o motorista da prefeitura, Alexandre Félix, que efetua o serviço há dez anos.

A manifestação trouxe servidores de várias classes, como educação, administração e saúde. No começo do protesto os servidores pediram a presença de vereadores e do prefeito para prestarem esclarecimentos e sugestões para resolução do problema, o que não aconteceu. O único vereador presente no manifesto foi Gleivison Gaspar (PMDB), o Professor Gleivison.

“Eu acho que os vereadores esqueceram que os servidores não tem memória curta. Já fiz inúmeros requerimentos cobrando a resolução desse assunto, não só eu, como outros vereadores também. Hoje irei apresentar mais um, caso a sessão não seja suspensa. Eu sou vereador, porém, antes de ser vereador sou um servidor público. Por isso, estou aqui”, explicou o vereador.

O grupo de protestantes seguiu da prefeitura para a Avenida Guarda Mor Vianna. Os servidores pararam uma das vias e na hora de fazer o retorno acabaram fechando ambas, gerando reclamação por parte de alguns motoristas que tentavam passar pelo local. O protesto acabou em frente a Câmara Municipal.

“Eles têm todo o direito de manifestar, mas eles não podem impedir um cidadão de ir para casa. Todo mundo têm o direito de ir e vir, porém, não é isso que estamos vendo. Não adianta dar direitos a alguns e tirar o direito dos outros, está escrito na Constituição, não consigo entender que país esse”, reclamou o motoboy, Carlos Roberto dos Santos, 44.

A perda salarial dos servidores já está somada em 22,71% nos últimos três anos. As tentativas já foram muitas para resolver a situação, entretanto o prefeito nunca acatou nenhuma e deu soluções que até então não foram executadas. O uso da verba que viria do IPTU da Petrobras não foi consolidado até agora.

“Se o prefeito não conceder nosso aumento neste mês, ele não poderá conceder em outro, porque começará a época eleitoral. Nós iremos fazer de tudo para que essa situação não se arraste para o próximo ano, senão subirá para 30% ou mais. Além disso, tudo isso é culpa do atual prefeito e não do próximo”, complementou a presidente da Associação, Audrei Queli Guatura.

Para a presidente a manifestação teve um resultado positivo, pois ela esperava menos pessoas nesse ato. Ela também comentou que desejaria que fosse pago pelo menos uma parte dessa dívida com a classe, uma porcentagem de dez a 15% já seria aceitável. 

Segundo dados prestados pela Prefeitura o orçamento do município está na média de 47% e seria impossível pagar os servidores sem estourar o orçamento previsto para a data atual.

A sessão 

A sessão da Câmara foi bem movimentada, pois uma parte dos servidores que participou da manifestação entrou na Casa Legislativa para acompanhar a reunião. Por uma coincidência o requerimento que cobrava do Executivo a reavaliação do orçamento municipal visando à efetivação do reajuste aos servidores foi apresentado.

O pedido foi feito pelo Professor Gleivison e contou com a assinatura de outros vereadores. Os debates em torno ao assunto foram muitos dentro do plenário e muitos vereadores expuseram suas opiniões.

“O prefeito precisa fazer corte no orçamento, precisa cortar cargos e enxugar a máquina. Porque quem faz a máquina andar são os servidores. Precisamos devolver também o direito de coveiros, dentistas, agentes de saúde e outras funções a taxa insalubridade e periculosidade”, disse o vereador Reinaldo Alves Moreira Filho (PSDB), o Reinaldinho.

O vereador Onofre Neto (DEM) também se posicionou e deu caminhos para o problema ser resolvido. “Sou procurador e posso garantir que o reajuste de 22,71% não poderá ser concedido agora, mas o prefeito poderia efetuar uma parte deste pagamento. No caso os 10% deste ano, a questão é que depender da Petrobras não está fácil. A procuradoria da qual faço parte esteve reunida com os advogados da empresa e estamos buscando um acordo, no entanto a verba não daria para pagar todo mundo”, explicou.

Após as discussões nada ficou definido e sessão parecia que iria continuar normalmente, porém, não foi o ocorreu. Os servidores organizaram uma assembleia do lado da Câmara e colocaram uma caixa de som voltada para a parte interior do prédio. Com a confusão formada o presidente do Legislativo, Luiz António de Santana Barroso, o Coringa, decidiu encerrar a sessão.

A diretora da Associação Unidos para Lutar e servidora na área da educação há 45 anos, Suzete Chaffin, nunca viu total descaso com a categoria. “O funcionalismo público move de certa forma todo o município, os políticos dependem do nosso trabalho para eles conseguirem fortalecem os mandatos deles. O que percebemos em esfera Municipal, Estadual e Federal é uma postura de governos que não se importam com a nossa classe. Atualmente, nós somos deixados de lado, ficou difícil ser servidor no país.

No final da assembleia ficou definido que haverá paralização dos servidores na próxima terça-feira (24) e mais uma grande manifesto com a mobilização maior de pessoas. O encontro irá ocorrer, às 8h, novamente na porta do Paço Municipal.

Segundo a presidente do Sindserv a paralização só acabará quando o reajuste for concedido. “Espero que atitudes sejam tomadas, pois só depende dele (prefeito). Não queremos ter que tomar outras decisões drásticas como, paralisar a Guarda Mór Lobo Vianna por tempo indeterminado”, salientou.

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