Litoral Norte Saúde

Região deve se preparar contra febre amarela

Tamoios News
Foto: Agência Brasil/Divulgação

São Sebastião, Caraguá e Ubatuba podem receber doses fracionadas contra o vírus

 

Por Raell Nunes

Com um terço na mão direita e chinelos nos pés, Maria de Jesus, 65 anos, caminha pelas ruas do lado oeste de Ubatuba rumo ao postinho de saúde mais próximo. Ela teme pela vida de seu neto, Gabriel Santos, de 7 anos, que está com dores musculares, vômito, dor de cabeça, fadiga e febre – sintomas similares aos da febre amarela.

O garoto é examinado e, em seguida, é diagnosticado com uma espécie de virose – normal durante a temporada de Verão. Maria agarra o terço com força, fecha os olhos e desabafa: “Obrigado meu Deus.” Aliviada, por não se tratar de algo mais grave, ela sorri enquanto observa o neto levar uma injeção.

Febre amarela – Uma doença perigosa como a febre amarela, que assustou a vovó Maria e outros tantos brasileiros, pode ser combatida no Litoral Norte de São Paulo. Historicamente, São Sebastião, Caraguatatuba e Ubatuba são consideradas cidades livres da enfermidade. Tudo indica que no próximo mês o Litoral Norte e até a cidade do Vale do Paraíba, Taubaté, podem ser alvo de vacinação contra a febre amarela.

As doses serão fracionadas e fornecidas pelo Estado. A preocupação de alguns especialistas é de que há registros de macacos infectados na Serra do Mar, possibilitando a chegada da febre na região litorânea.

O avanço do vírus, algumas precauções devem ser tomadas. O Ministério da Saúde autorizou o repasse de R$ 15,8 milhões para reforçar a campanha de vacinação contra o vírus no Estado de São Paulo, onde este ano foram notificados cerca de 300 macacos mortos por febre amarela.

Em contraponto, a Secretaria de Saúde de Ubatuba declarou que não houve até o momento morte de primatas (humanos ou não) infectados por febre amarela no município. Em relação à Serra do Mar, diz que todos os órgãos que atuam nas áreas do parque, tanto estaduais quanto municipais, bem como organizações da sociedade civil, já estão orientados pela Vigilância em Saúde sobre quais os procedimentos adotar caso sejam encontrados primatas mortos.

Segundo a Prefeitura de Ubatuba, até o momento, não há nenhuma confirmação por parte da Secretaria Estadual de Saúde sobre quantas doses, quando vão chegar e outros detalhes que permitiriam o planejamento da ação de vacinação.  No entanto, na quinta-feira (11) haverá uma reunião em São José dos Campos, para se definir estratégias e poder fornecer dados como, por exemplo, quando será o início da campanha.

caso – No começo do ano passado, Ubatuba confirmou um caso de febre amarela. Morador do bairro da Figueira, o rapaz viajou a Ladainha, em Minas Gerais, no dia 2 de janeiro. A localidade tinha registros da doença. Sendo assim, o vírus foi importado.

Também em 2017 a região recebeu a vacina e as pessoas lotaram os postos de atendimento. À época, as quatro prefeituras do Litoral Norte orientaram a população que viaja para regiões onde há circulação do vírus da febre amarela para tomar a vacina específica. A imunização deveria ocorrer pelo menos 10 dias antes da viagem.

Conforme a Santa Casa ubatubense, considerado o único hospital da cidade, o setor de enfermagem não notificou ainda este ano, nenhum caso de suspeita de febre amarela. A Secretaria de Saúde afirmou que pode dar conta da campanha de vacinação, uma vez que tem 24 Equipes de Estratégia da Família (ESF) e que estão sendo reforçadas com a chegada de mais agentes comunitários de saúde, enfermeiros e técnicos de enfermagem concursados.

Vacina – A dose fracionada que deve chegar a região nos próximos dias é mais fraca: protege por até nove anos, enquanto a atual dura para a vida toda, conforme orienta a Organização Mundial da Saúde (OMS). Antes, a imunização era a cada dez anos.

Em todo o país registrou-se entre julho de 2016 e junho do ano passado o maior surto de febre amarela da história, que afetou principalmente os Estados do Sudeste. No período, foram notificados 779 casos em humanos e 262 mortes. Desde julho, houve 330 casos e uma morte.

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