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Colunista Rodrigo Inácio da Silva: Você sabe o que é esse tal de “bebê reborn” que está dando o que falar?

Tamoios News
Imagem/Amazon

Bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos, ganharam destaque no Brasil em 2025, impulsionadas por vídeos virais nas redes sociais e discussões sobre saúde mental, uso de serviços públicos e os limites do afeto simbólico. Produzidas artesanalmente com materiais como vinil ou silicone, essas bonecas apresentam alto nível de realismo, com detalhes como veias aparentes, textura de pele, cabelo implantado fio a fio e até mecanismos que simulam batimentos cardíacos ou respiração.

Por que estes bebês estão gerando polêmica no Brasil?

A crescente popularidade dos bebês reborn, bonecas hiper-realistas que imitam recém-nascidos, tem gerado controvérsia e provocado debates entre especialistas, sociedade civil e legisladores. O tema ganhou repercussão nacional após casos em que adultos passaram a tratar os bonecos como filhos reais, buscando atendimento médico em unidades de saúde, ocupando assentos preferenciais em transportes públicos e até mencionando disputas judiciais pela “guarda” do boneco após o término de relacionamentos.

Um episódio recente ocorrido em Minas Gerais chamou a atenção: uma mulher levou um bebê reborn a um posto de saúde alegando que o boneco estava com febre, o que mobilizou a equipe da unidade e reacendeu o debate sobre o limite entre o simbólico e o real no uso desses objetos.

De acordo com especialistas, os bebês reborn podem funcionar como instrumentos de apoio emocional, especialmente em casos de perdas gestacionais, luto ou dificuldades psicológicas. No entanto, o uso excessivo ou a substituição de interações humanas por vínculos com as bonecas levanta preocupações quanto ao impacto na saúde mental e à sobrecarga nos serviços públicos.

Nas redes sociais, a tendência também cresce rapidamente. Plataformas como TikTok e Instagram concentram perfis dedicados a mostrar a rotina de cuidados com os bonecos, com vídeos que simulam amamentação, trocas de roupa e passeios, tudo apresentado como se os bonecos fossem filhos reais. Os conteúdos acumulam milhões de visualizações e dividem opiniões.

A situação já motivou a apresentação de projetos de lei em câmaras municipais, assembleias estaduais e no Congresso Nacional, com propostas que visam proibir o atendimento médico a bebês reborn em unidades de saúde e aplicar sanções a quem tentar obter benefícios públicos por meio do uso dessas bonecas.

Como o Judiciário tem enfrentado o tema?

Embora ainda não existam processos judiciais específicos sobre a guarda de bebês reborn, o sistema judiciário brasileiro precisa se preparar para uma possível judicialização dessas disputas, uma vez que não há legislação anterior que as regulamente.

Projetos de Lei em Tramitação

Já há diversos projetos de lei em tramitação no Brasil. Tais como: PL 2320/2025 – Câmara dos Deputados( Autor: Deputado Dr. Zacharias Calil (União Brasil-GO); PL 2326/2025 – Câmara dos Deputados (Autor: Deputado Paulo Bilynskyj PL-SP) ; Projeto de Lei – Assembleia Legislativa de Minas Gerais (Autor: Deputado Cristiano Caporezzo (PL-MG); Projeto de Lei – Câmara Municipal de Juiz de Fora (MG) – (Autora: Vereadora Katia Franco (PSB) ; Projeto de Lei – Câmara Municipal de São Paulo (Autora: Vereadora Sonaira Fernandes (PL);

Os proponentes desses projetos afirmam que o uso de bonecos reborn para obtenção de benefícios destinados a crianças reais pode sobrecarregar os serviços públicos e causar constrangimento aos profissionais de saúde. Além disso, há preocupações em relação à saúde mental das pessoas que tratam esses bonecos como filhos reais, embora especialistas ressaltem que, em muitos casos, o uso dessas bonecas exerce um papel terapêutico.

Enfim, trata-se de um tema atual, sensível e que precisa ser amplamente discutido pela sociedade.

É isso aí. Por hoje, é só.

Sobre o Colunista:

O Advogado Rodrigo Inácio da Silva, 45 anos, nasceu na cidade de São Sebastião – SP, é formado em direito pela Universidade Paulista em 2010, Graduado em Ciências Humanas: Sociologia, História e Filosofia pela PUC/RS,  e pelo curso de extensão universitária em Estado, Sociedade e Políticas Públicas na Contemporaneidade, pela PUC/SP.