Cultura Litoral Norte

Migração Japonesa- A História do Shindo Renmei

Tamoios News
 

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Em 1945, 155 japoneses da Associação Shindo Renmei ficaram presos na Ilha Anchieta, em Ubatuba. Conheça essa história. O Brasil comemora 110 da migração japonesa foi em 18 de junho de 1908 que o navio Kasato Maru atracou em Santos com os primeiros 781 imigrantes japoneses. No decorrer desta história, nipo-brasileiros têm contribuído para o desenvolvimento do Brasil e conquistado a confiança do povo, fortalecendo as relações amistosas entre o Brasil e o Japão.

Nossa região, o Litoral Norte, também teve parte de seu desenvolvimento obtido graças aos imigrantes japoneses. Eles ajudaram no desenvolvimento da agricultura, da pesca, da nossa cultura, da nossa educação e do nosso comércio.

O Tamoios News aproveita a ocasião para lembrar um episódio importante ocorrido em nossa região, mais precisamente no ano de 1945, envolvendo imigrantes japoneses em Ubatuba, que se transformou em livro e filme. Uma história muito interessante.

Trata-se da história do Shindo Renmei, que foi retratada em livro e em filme. Tanto o livro como o filme, relatam a prisão e confinamento no presídio de Ilha Anchieta, em 1945, de um grupo de 155 imigrantes japoneses, que pertenciam a uma associação secreta conhecida como Shindo Renmei, que significava “Liga do Caminho dos Súditos”.

A associação tinha como objetivo de manter a tradição nipônica e a organização das colônias japonesas espalhadas pelo interior de São Paulo e demais estados do país. Durante a segunda guerra, os membros do Shindo Renmei viviam na clandestinidade, porque os imigrantes japoneses foram proibidos pelo governo brasileiro de manter suas tradições, cultura, língua e atividades sociais, esportivas e políticas.

Foi proibido, também, o uso do rádio, pois a colônia fazia oposição aos aliados, apoiados pelo Brasil na guerra. Com o fim da guerra em 1945, iniciou-se um ciclo de conflitos e mortes na comunidade japonesa que vivia no país. Os membros do Shindo Renmei não acreditavam e, tão pouco, aceitavam, a derrota do Japão na guerra. Para eles, as notícias da derrota eram duvidosas, uma vez que o Brasil apoiava os aliados.

Para os membros do Shindo Renmei, as notícias divulgadas no Brasil, sobre o fim da guerra e derrota do Japão, não passavam de uma manobra para que os orientais perdessem sua organização e força. A organização utilizou de ampla propaganda para tentar garantir a  honra a pátria. Utilizavam recursos como montagens fotográficas, falsos jornais internacionais e, até moedas falsas dos países “derrotados”, com emissão no Japão, para tentar manter o moral elevado dos japoneses.

Uma parcela da comunidade japonesa, chamada na época de “corações sujos” ou “derrotistas”, por acreditar na derrota do Japão na Segunda Guerra Mundial, passou a ser perseguida pela organização Shindo Renmei. Com o crescimento do conflito e morte dos “derrotistas”, o governo brasileiro resolveu intervir, prendendo na Ilha Anchieta ou deportando para o Japão, os integrantes da organização.

Esse episódio é considerado um dos momentos mais marcantes na história do presídio da Ilha Anchieta, em Ubatuba. Em 2012, a história foi parar nas telas do cinema, no filme Corações Sujos, baseado em livro de Fernando Morais e dirigido por Vicente Amorim e estrelado por Edu Moscovi e Tsyoshi Ihana(Cartas de Iwo Jima).

No ano passado, foi realizada uma homenagem aos imigrantes japoneses, que estiveram presos na Ilha Anchieta, em Ubatuba. A solenidade foi organizada pela Associação Pró-Resgate Histórico da Ilha Anchieta e Filhos da Ilha, com apoio da Sociedade Brasileira de Cultura Japonesa e de Assistência Social(Bunkyo) e Prefeitura local.

Um dos sobreviventes dos 155 japoneses, que estiveram presos na Ilha Anchieta, em 1945, Tokuishi Shidaka, de 94 anos, esteve presente à cerimônia. Shidaka pertenceu à associação Shindo Renmei.

Presídio
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O presídio da Ilha Anchieta começou a ser construído em 1902, quando foram desapropriadas cerca de 412 famílias de colonos e caiçaras que habitavam o local. Mas em 1914 a Colônia Penal foi extinta, sendo os detentos transferidos para Taubaté. Em 1928 o presídio volta a funcionar, desta vez sendo destinado principalmente a presos políticos. Pouco depois a ilha, que se chamava na época Ilha dos Porcos, foi rebatizada como Ilha Anchieta em homenagem ao jesuíta. No ano de 1942, com aproximadamente 273 detentos, a Colônia Penal passa a ser denominada como Instituto Correcional da Ilha Anchieta, passando a receber como residentes também soldados e suas famílias. A desativação do presídio ocorreu após a sangrenta rebelião de junho de 1952. Hoje é um dos locais mais visitados do Litoral Norte.

 

 

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