Prefeitura diz que presidente da Ki Fogo pediu cancelamento do Desfile da Campeã em razão de ameaças
Por Leonardo Rodrigues
A escola campeã do Carnaval 2018 em São Sebastião, Grêmio Recreativo Escola de Samba Ki Fogo faltou no Desfile da Apoteose, após a premiação, marcada para 21h, nessa terça-feira (13). A escola do Pontal da Cruz era esperada por ter conquistado o pentacampeonato este ano, que completa 40 anos de existência. Contudo, a ocasião deu lugar a Mocidade Independente da Topolândia, que com alguns integrantes vestidos de preto, desfilou ao som de seu samba enredo.
Rumores apontavam que a Ki Fogo teria desistido do desfile dessa terça, em razão de ameaças de outras escolas, como a da Mocidade. A própria Prefeitura de São Sebastião informa que recebeu um pedido oficial do presidente da Escola de Samba Ki-Fogo Pontal da Cruz, Willer Borges, solicitando o cancelamento do Desfile da Campeã em razão de os integrantes da escola estarem sendo ameaçados. A Prefeitura disponibilizou apoio da Guarda Civil Municipal, bem como da Polícia Militar, porém ainda sim, a agremiação optou por não desfilar. Quanto às punições cabe apurar junto à Associação Sebastianense de Entidades Carnavalescas (ASEC) responsável pelo cumprimento do regulamento existente.
O presidente de honra da Mocidade, Franciso Paulo Alves Silva, o Chicão, descartou a possibilidade de agressões por parte da escola. “Protestamos sim, mas com samba. Nos vestimos de preto por não concordar com o resultado e fizemos o que sabemos fazer de melhor: carnaval”, comenta.
O protesto da escola da Topolandia foi em razão do resultado da apuração, que segundo a escola não foi coerente, e acabou com um resultado injusto. “Em conversa com o secretário de Governo, o Luizão, ainda me coloquei a disposição para vir na frente da Ki Fogo para mostrar que não teria nenhum tipo de violência da nossa parte”, afirma Chicão.
Apesar do protesto pacífico, o resultado da apuração ainda deve ser discutido. “O que os presidente das escolas devem fazer é se unir e entrar com recurso”, considera. Sobre boatos que integrantes de sua escola teria feito ameaças a KI Fogo, Chicão afirma: “Quando as pessoas erram procuram jogar a culpa para alguém. Ficamos até as 5h da manhã, e não teve violência nenhuma. Fomos aplaudidos e houve ainda quem gritasse que éramos campeão”, brincou.
A Acadêmicos de São Francisco também promete questionar o resultado da apuração. A presidente da escola do Bairro, Elza Siqueira revela que já procurou advogado e promete entrar na Justiça. “Eles (Ki Fogo) fizeram um desfile bonito, mas levar 10 em Evolução e em Harmonia, depois de deixarem um buraco na Avenida de mais de 100 metros, após o carro deles terem quebrado, é complicado”, desabafa.
Segundo ela, é preciso questionar os critérios de avaliação. “Quando o carro deles quebrou chegaram a bater na cabine dos jurados. Não há nenhuma penalização por isso?”. Elza também afirma que um dos integrantes que pilotavam o carro alegórico da Ki Fogo, estava sem camisa e com garrafa de refrigerante ao lado. O que não é permitido pelo regulamento.
“Nós vimos, um dos motoristas do carro alegórico deles sem a camisa da agremiação e com uma garrafa de 600 ml de refrigerante. Não é possível não ter nenhuma penalização”, considera.
A reportagem procurou o presidente da Ki Fogo, Willer Borges, mas até o fechamento da matéria não houve retorno. À Prefeitura, Borges disse que a escola ganhou “esse presente” em seu aniversário de 40 anos. “Sempre copiei as escolas grandes como as do Rio de Janeiro e São Paulo, sempre lutei pelo Carnaval de São Sebastião. Agradeço a todos dessa comunidade pelo trabalho e dedicação. A vitória era esperada e agora é hora de comemorar”, disse.
Já o diretor da Ki-Fogo, Zildo Borges reconheceu que muita coisa não aconteceu como o esperado. “Tivemos muitos problemas esse ano. Temos um pessoal muito unido, escolhemos um tema complexo, mas fizemos tudo com muito profissionalismo. Acho que esse foi nosso grande diferencial”, acrescentou.