Bastou a simples explicação, sobre o que significava o sapo, para que um corretor imobiliário iniciasse uma coleção deles, confeccionados em vários materiais, que há 40 anos é atração turística em Caraguá
Por Salim Burihan
David Salamene foi o primeiro e, talvez, o corretor de imóveis mais bem sucedido de Caraguá. Foi também músico, autor de um poema, “18 de Março”, que se transformou em música, na voz do seresteiro Zé Rodrigues, que é uma das mais lindas homenagens feitas à cidade.
David Salamene tinha uma coleção de sapos, com mais de 500 exemplares, vindos de várias partes do mundo, adquiridas ou doadas. Tudo começou em 1977, durante um passeio de David e sua esposa, a então professora Lia Vieira Salamene a cidade de Poços de Caldas.
Caminhando por uma rua comercial naquela cidade, David viu numa loja de souvenires, sapos de louça à venda. Por curiosidade, perguntou ao dono da loja, comerciante que era, se aquilo tinha saída ou não, ou seja, vendia muito ou não.
O dono da loja respondeu que sim, devido à superstição. “Sapo, só anda prá frente; tira olho gordo; traz prosperidade e felicidade”, teria respondido o dono da loja. Também por curiosidade, David decidiu comprar dois deles.
Naquele ano, 1977, David estava inaugurando na Galeria Jangada, o primeiro estabelecimento comercial que concentrava várias lojas num único prédio, a David Imóveis. Nessa loja, foram colocados os sapos, adquiridos em Poços.
A partir daí, David Salamene evoluiu muito como corretor, graças ao seu talento e profundo conhecimento sobre venda de imóveis na cidade. Era o mais procurado para se garantir bons negócios.
Assim como David crescendo, graças ao bom trabalho e dedicação, também foi aumentando a coleção de sapos. Os primeiros exemplares foram feitos por um artesão da cidade de Cachoeira Paulista, segundo dona Lia.
Os exemplares foram sendo comprados e, também, doados por parentes e amigos. Como disse, são mais de 500 exemplares, vindos da Europa, da África, dos Estados Unidos e México. Têm um comprado pela sua filha Ana Beatriz, em Cancun, no México, que é de verdade, só que empalhado.
Têm sapo de todo jeito, tamanho e cores. Foram, aos poucos, sendo colocados em prateleiras de vidro, que ficam em frente a vitrine da imobiliária.
Moradores, veranistas e turistas paravam e continuam parando em frente à vitrine para apreciar os sapos. A imobiliária passou a ser conhecida como a “loja dos sapinhos”.
No início eram fotos, hoje, são selfies e até vídeos, feito por celulares. Interessante, em sua casa, David mantinha apenas dois sapos enormes na entrada.
Ele faleceu em 2015, mas a coleção continua crescendo e atraindo sempre mais gente. “Meu pai se encantou com os sapos, talvez, por superstição. A coleção virou atração e até hoje recebe a visita de muita gente”, conta a filha Ana Beatriz, que após a morte do pai é a responsável pela imobiliária.
Apesar de ter alma de comerciante, jamais David aceitou vender qualquer exemplar de sua coleção, por mais dinheiro que lhe oferecessem. Devido a grande procura, David chegou a produzir algumas réplicas para alguns colecionadores ou amigos. A coleção, tudo indica, ficará para a posteridade.