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Irmãs Pequenas Missionárias inauguram Memorial de Madre Maria Teresa do Jesus Eucarístico

Tamoios News

As Irmãs Pequenas Missionárias de Maria Imaculada de São José dos Campos inauguraram no sábado (15/8), o Memorial de Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico, fundadora da Congregação. O local onde ela viveu, trabalhou e conduziu sua obra foi restaurado e todo o seu acervo de objetos, relíquias e documentos históricos. Tudo foi recuperado e catalogado para exposição ao público, quando acabar a pandemia. A inauguração foi realizada após missa presidida por Dom José Valmor César Teixeira, bispo da Diocese de São José dos Campos, que abençoou o local.

Madre Maria Teresa de Jesus Eucarístico é considerada uma das mais marcantes personalidades da fase sanatorial de São José dos Campos, por acolher, abrigar e cuidar de pacientes tuberculosos desde a década de 1920. Em processo de beatificação, ela tem seu possível primeiro milagre avaliado pelo Vaticano este ano.

De acordo com a superiora geral da Congregação, Madre Sandra Maciel Notolini, o acervo do Memorial conta a história de vida consagrada de Madre Teresa, revelando aspectos de sua compaixão pelos doentes e de sua grande obra social e espiritual. “Ela uniu coragem e firmeza a um suave e genuíno cuidado com as pessoas, com a vida, com os mais vulneráveis. Viveu os desafios de seu tempo, mas ultrapassou-os por diversas vezes, como se visse o invisível”, conta.

A obra social e espiritual criada por Madre Teresa está presente atualmente em 4 Países (Brasil, Moçambique, Portugal e Itália) e 5 Estados (São Paulo, Santa Catarina, Minas Gerais, Mato Grosso e Pará), manifestada por meio dos hospitais, residenciais para idosos, missões humanitárias e demais atividades desenvolvidas pelo Instituto das Pequenas Missionárias. Entre elas, estão os hospitais Pio XII e Antoninho da Rocha Marmo, em São José dos Campos, e Casa de Saúde Stella Maris, em Caraguatatuba.

Aspectos originais

Para transportar os visitantes ao período em que Madre Teresa vivia no Sanatório Maria Imaculada, o quarto, escritório e refeitório da religiosa passaram por uma investigação arquitetônica. Foram levantados documentos, plantas e fotos antigas que ajudaram a identificar a divisão dos espaços, a originalidade das esquadrias, revestimentos, pisos e luminárias.

A investigação incluiu a prospecção das paredes, que ajudou a identificar as cores originais dos cômodos, coral e amarelo. O ladrilho hidráulico original, de cor vinho, que estava sob outro piso, também foi descoberto e restaurado. A reforma incluiu ainda a recuperação das portas, janelas e móveis, bem como do passadiço por onde a Madre se deslocava diariamente para ir à missa na Capela de Maria Imaculada.

Relíquias

Iniciado em janeiro de 2020, o processo de recuperação do prédio, catalogação e conservação do acervo foi realizado pelas museólogas Giselle Peixe e Silvia Bigareli, responsáveis também pelo circuito de visitação à cúpula do Santuário Nacional de Aparecida. Contou ainda com a participação de arquitetos, religiosas e colaboradores do Instituto das Pequenas Missionárias.

“Por meio de painéis, fotos e objetos expostos em vitrines, o visitante terá a oportunidade de conhecer a história da religiosa, que se doou integralmente ao serviço a doentes e sacerdotes, guiada por sua fé em Deus”, explica Giselle. A exposição conta ainda com as chamadas relíquias de primeira grandeza, que são compostas por partes do corpo da Venerável Madre Teresa; há também outros objetos considerados preciosos, nos quais ela tocou.

O visitante terá uma visão panorâmica dos ambientes, protegidos por divisórias de vidro. “A ambientação do escritório, que se tornou enfermaria nos últimos dias de vida da Madre, remeterá o visitante ao momento em que ela faleceu, às 12h00 do dia 8 de janeiro de 1972. O local foi ambientado para propiciar um momento de oração ao visitante. Além da iluminação natural, haverá o som de sinos”, explica a Irmã Edilaine do Amaral, que coordenou a restauração do Memorial.

O roteiro da visita conta ainda com o refeitório onde Madre Maria Teresa também fazia reuniões e recebia convidados. O espaço foi idealizado para lembrar a comunhão em torno da mesa, uma vez que a Congregação tem como devoção principal a Eucaristia. No local haverá ainda um vídeo sensorial, um hábito que pertenceu à Venerável Madre Teresa e a primeira bandeira da Congregação sobre a qual ela se prostrou em sua profissão perpétua.

Irmãs idosas ajudam a reconstituir o ambiente

Irmãs que conviveram com Madre Teresa foram fundamentais para a reconstituição do ambiente retratado no Memorial. Entre elas, estão a Irmã Vera Letícia, que foi enfermeira da Madre, e as irmãs Maria Amélia e Ignês do Carmo, que cuidavam da organização do local.

Aos 93 anos, Irmã Maria Amélia, recordou detalhes do quarto na época da Madre. Ela lembrou do posicionamento exato da cama onde ela dormia, do tecido das cortinas e da mesa do refeitório onde fazia refeições com a religiosa.

Para a Irmã Edilaine do Amaral, concretizar a primeira fase do Memorial de Madre Teresa foi um grande desafio por se tratar de um lugar sagrado para a Congregação e para a Diocese. “O visitante deve se preparar para um encontro com uma pessoa que foi completamente consagrada a Deus. Quando você chegar aqui se prepare para um processo de mudança espiritual. Quem sabe até de conversão”, diz.

Memorial terá segunda fase

A segunda fase do Memorial prevê a ampliação do acervo em exposição. Ainda sem data prevista para início, ela contará a história da Congregação por meio de objetos de época.

A Congregação também iniciou um processo de recuperação e catalogação do seu acervo fotográfico, que conta com mais de 5 mil fotos e documentos históricos.

Sob a coordenação das museólogas, o auxiliar do museu, Thiago Telles Santana, está digitalizando as fotos e armazenando documentos originais, tais como o primeiro pensamento da Congregação, o diploma de enfermagem da Venerável Madre Maria Teresa e seus poemas.

O objetivo da Congregação é futuramente disponibilizar o acervo para estudantes e historiadores.