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Isoladas, para impedir o coronavírus, aldeias Guaranis precisam de alimentos

Tamoios News

Isolados há uma semana na aldeia- onde ninguém entra e ninguém sai, os índios guaranis da aldeia Mbya da Boa Vista, localizada no bairro Prumirim, em Ubatuba, necessitam de alimentos para sobreviver durante a quarentena do coronavírus. A mesma situação vive a aldeia do Rio Silveiras, em São Sebastião.

Isolados, os guaranis não tem como sair para vender seu artesanato e com o dinheiro comprar alimentos para a família.

O pedido de ajuda foi feito pelo cacique Adílio. Segundo ele, “não rebemos alimentos e estamos precisando de alimentos, sim”.

A aldeia onde vivem 70 famílias está isolada desde o dia 18, justamente, para impedir a chegada do coronavírus. Ubatuba tem 34 casos suspeitos da doença.

“Graças a Deus, não temos nenhum caso suspeito da doença e ninguém com gripe. Estamos todos bem de saúde”, disse o cacique Adílio.

A prefeitura de Ubatuba informou que irá providenciar alimentos às famílias guaranis que permanecem isoladas na aldeia Mbya da Boa Vista.

Na aldeia do Rio Silveiras, na costa sul de São Sebastião, os guaranis também necessitam de alimentos. Segundo o cacique Adolfo Timóteo, a aldeia está isolada, mas faltam alimentos. Segundo ele, todos estão bem de saúde e não existe nenhum caso suspeito de coronavírus em sua aldeia.

A aldeia depende de apoio das prefeituras de São Sebastião e Bertioga. Em São Sebastião, existem dois casos positivos da doença e uma morte suspeita pela doença em investigação. São 11 casos suspeitos em monitoramento.

Aniversário

 

 

A aldeia Guarani Mbya da Boa Vista, localizada no bairro Prumirim, em Ubatuba, completou 50 anos.

Para celebrar a data, a comunidade organizou nos dias 13 e 14 de março uma celebração com o tema “Resistência e reconhecimento territorial”. Teve dança, canto, pintura corporal, bate papo com o líder da aldeia, comida típica e exibição de documentário. .

No fim do século XIX, os índios guaranis iniciaram o processo de migração para o litoral, sendo que, a Aldeia Boa Vista em Ubatuba surgiu no final da década de 60.

A aldeia Boa Vista está localizada em área de Mata Atlântica, o que é fundamental para a sobrevivência dos guaranis.

O processo de reconhecimento e demarcação da área de 920,66 hectares habitada pelos guaranis foi iniciado em 1982 pelo governo do estado de São Paulo e homologado pela União em 1987.

Moram na aldeia, cerca de 200 guaranis, que vivem da lavoura e do artesanato. O acesso até a aldeia é feito pela  Rodovia Rio-Santos (BR-101), Km 29,5, sentido Ubatuba-Paraty, próximo a Cachoeira do Prumirim.

A entrada para a aldeia está localizada a 1,5 Km da rodovia, e o caminho é feito por estrada de terra até a uma antiga escola indígena, dali, através de uma trilha pela Mata Atlântica se chega até a aldeia.

Apesar de ser uma das mais tradicionais aldeias indígenas, os guaranis se adaptaram as novas tecnologias. Muitos possuem rádio, televisão e até celular, mas mantém suas tradições.

Os guaranis da Boa Vista participam de encontros nacionais em defesa de seus direitos junto a Funai e, por várias vezes, já promoveram protestos na defesa desses direitos, como por exemplo, o fechamento da rodovia Rio-Santos e passeata pelo centro de Ubatuba.