Cidades São Sebastião

Pássaros da região usam mangue da Enseada como dormitório

Tamoios News

Por Simone Rocha

Cerca de 2.000 pássaros de Caraguatatuba e São Sebastião voam todos os dias no final da tarde em direção ao mangue que fica na praia da Enseada, na costa norte de São Sebastião.

A ONG (Organização Não Governamental) Terra e Mar realiza um trabalho de divulgação e conscientização da importância do local. O biólogo Patrick Inácio Pina informou que a ONG está preparando um laudo para ressaltar a importância desse dormitório inédito na região.

“A maior parte das aves aquáticas que ocupam a planície de Caraguatatuba e muitas aves migratórias que passam pela região escolheram o mangue como local para passar a noite”, relata. Patrick lembra que o mangue, embora considerado pequeno, tem uma importância enorme, que muitas pessoas desconhecem.

Três tipos de garças fazem ninho lá, além de outras aves

“Três tipos de garças fazem ninho lá, além de outras aves, como o colhereiro, que muitas pessoas confundem com o flamingo, devido a cor rosa, o biguá e aves que vem de outros continentes, as migratórias, que utilizam a praia como ponto de descanso. Não só o mangue é importante, mas a praia também, de areia escura, pois ela tem tudo o que as aves marinhas necessitam”, informa.

Segundo o biólogo, o mangue ocupava uma área muito extensa da região da Enseada, mas hoje tem pequenos fragmentos, que junto com o mar formam um refúgio perfeito para as aves aquáticas.

Colhereiro, que muitas pessoas confundem com o flamingo, devido a cor rosa

“As praias de areia escuras têm micro-organismos, que as aves têm preferência para se alimentar. Em outubro de 2018 fizemos um evento de observação de aves que frequentam a Enseada e encontramos aves que migram muito longe, da região do Ártico, da Patagônia e usam praias do Brasil para descansar e a Enseada é uma delas”, comemora.

Um dos planos da ONG é fazer um trabalho de plantio para recuperar parte do mangue que foi e está sendo destruído. “Toda a praia era coberta pelo mangue”, lamenta.

A diretora da ONG Terra e Mar, Jacqueline Vieira, que é professora de Ciências, lembra que em 2007 começaram os primeiros trabalhos no Manguezal. “Fazíamos a limpeza do mangue e conversávamos com os moradores sobre a importância do local, além do reconhecimento da fauna e flora. Em 2009 começamos a visitar as escolas, grupos de escoteiros, entre outros, para o trabalho de conscientização”.

Ong cobra mais fiscalização para preservação do mangue da enseada

Segundo Jacqueline a maioria das pessoas não tem ideia do que é esse ecossistema manguezal, quais são os serviços ambientais que o manguezal faz, qual a importância de conservar esse ecossistema, que é tão degradado no Brasil, devido ao impacto por especulação imobiliária, poluição, resíduos sólidos, pesca e caça ilegal e uma série de ações que fazem os manguezais diminuírem mais ainda. “É preciso intensificar a fiscalização e a educação ambiental neste manguezal”, finaliza.