Especial

A história de quem nunca conheceu o pai

Tamoios News

Dia dos Pais é comemorado no Brasil desde 1953. Apesar de ser uma data considerada “comercial”, afinal, Dia dos Pais deve ser todos os dias, neste segundo domingo de agosto é dia de presentes e  almoço em família. Procurei uma história sobre pai diferente para escrever neste dia. E, achei uma, que conto para vocês. Um pai que nunca conheceu o próprio pai

Por Salim Burihan

Hoje é o Dia dos Pais. Essa comemoração, Dia dos Pais, surgiu em 1909, nos Estados Unidos, por iniciativa de Sonora Louise Smart Dodd, filha de um veterano de guerra. Ela criou a homenagem, cujo comemoração inicial era 12 de junho, aniversário de seu pai. Em 1966, o então presidente norte-americano Lyndon Johnson, assinou um portaria, oficializando o terceiro domingo de junho como o dia dos Pais.

No Brasil, segundo consta, o Dia dos Pais, por iniciativa do publicitário Sylvio Bhering, foi festejada pela primeira vez em 14 de agosto de 1953, dia de São Joaquim. A data, no entanto, por motivos comerciais foi transferida para o segundo domingo de agosto. O Dia dos Pais é uma data “comercial”, tipo Dia das Mães, para estimular o comércio, mas de qualquer maneira, sensibiliza as famílias brasileiras e , principalmente, seus filhos.

A data é comemorada nas escolas e em todos os lares brasileiros, com ou sem presente, mas o tradicional almoço não pode faltar, reúne a família. O Dia dos Pais também tem comerciais na tv e reportagens na imprensa em geral. E, pensando nisso, busquei uma história diferente para os leitores do Tamoios News.

Celso com a mulher Carmem e os filhos Paula, Leandro, Daniel e Daniela

O assunto é delicado, mas interessante. Como é o Dia dos Pais para quem nunca conheceu o pai e é pai. Pois é, encontramos uma pessoa, por sinal conhecida, que não conheceu o pai, não tem o nome do pai em seus documentos e é pai de quatro filhos, três deles, adotivos.

Celso Pereira, tem 57 anos, mora em Caraguatatuba. “Celsinho”, como ele é carinhosamente conhecido é vereador na cidade, Ele nunca conheceu o pai. Em seus documentos pessoais, tipo identidade, aparece apenas o nome da mãe, Nadir Pereira Soares. O espaço onde deveria constar o nome do pai sempre ficou em branco, em todos os seus documentos pessoais.

Ele nasceu em São Paulo e quando tinha um mês de idade, sua mãe, dona Nadir,  mudou para Caraguatatuba, no bairro do Massaguaçu, onde Celsinho vive até hoje.

“É muito triste. Sempre quis conhecer meu pai, mas minha mãe nunca quis me contar que era”, conta Celsinho. Ele tentou de todas as maneiras saber quem era o pai através de parentes e amigos da família, sem sucesso.

Dona Nadir faleceu em 2013, sem nunca revelar ao filho que era o seu pai. Ou seja, ele jamais conseguirá descobrir o nome do pai, o que ele fazia e porque nunca foi procura-lo.

“Acredito que meu pai já tenha falecido e que jamais irei descobrir quem era, quem foi, o que fazia…”, lamenta.  Celsinho contou que na ausência do pai, contou com o apoio de duas pessoas que lhe orientavam na infância e adolescência: seu Gegê, um veranista que frequentava o bairro e o seu tio Milton, o “baiano”.

“Sempre fui educado pela minha mãe, eles, seu Gege e seu Milton, as vezes era ocupavam o lugar do pai que nunca tive”, lembrou. Celsinho garante que nunca foi infeliz por não ter um pai presente, mas que desconhecer quem era ele, sempre foi muito triste.

Celso, que nuca soube quem foi seu pai, é um “paizão” para seus quatro filhos

“Sempre disse aos meus filhos para que valorizem e tratem com todo o carinho, o pai que eles tem, pois eu, nunca tive a oportunidade de conviver com o amor de um pai. Na escola, no Dia dos Pais, nas festinhas, minha mãe fazia o papel de pai”, lembrou.

Apesar de nunca conhecer e conviver com o amor de um pai, ele sempre procurou ser um “exemplo” de pai carinhoso, amoroso e presente para os filhos. “Sempre procurei dar para todos eles o amor que nunca tive e sempre sonhei ter”, afirmou.

Celsinho é casado com Carmem Fernandes Pereira e tem quatro filhos, três deles adotivos: Paula, de 28 anos; Leandro, de 20; Daniela e Daniel, ambos de 16 anos.