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Imperdível!: Exposição “O Xama Devolve a Vida”, na Casa Brasileira, em São Sebastião

Tamoios News

A exposição O Xamã Devolve a Vida, uma realização do Instituto Mpumalanga/Casa Brasileira, com apoio da
Estação Casa Amarela e da Galeria Jaider Esbell é uma das boas atrações neste fim de semana. A exposição segue até 02 de junho, com visitação gratuita, na av. Dr. Altino Arantes, 80, rua da Praia, em São Sebastião.

O roraimense Jaider Esbell, do povo Makuxi do município de Normandia, recebeu seu primeiro prêmio de arte ainda adolescente, em 1994, no Concurso de Desenhos para Catequistas Indígenas na aldeia Kanauanin. A partir daí, nunca mais parou. Sua obra intercala pintura e literatura. Foi premiado no Concurso de Poesias do
Sesi e pela Funarte/MinC de Criação Literária.

É autor dos livros “Terreiro de Makunaima – Mitos, Lendas e Estórias em Vivências” e “Tardes de Agosto, Manhãs
de Setembro, Noites de Outubro”. Arte ativista, Esbell realiza exposições de arte e itinerâncias culturais no Brasil e no exterior. Foi convidado em 2013 para dar aulas no Pitzer College, Califórnia-EUA, onde realizou a exposição “Vacas da Amazônia – De Malditas a Desejadas”.

De volta ao Brasil, lançou o projeto “A Árvore de Todos os Saberes”, numa expedição à comunidade indígena de Sikamabiu, do Povo Xirixana, no território Yanomami, com os fotógrafos Jorge Macedo e Marcelo Camacho e o cinegrafista Pedro Alencar.

Painel – A Árvore de Todos os Saberes – em exposição na Casa Brasileira Organizou o projeto “Encontro de Todos os Povos – A Reinvenção do Tempo na Perspectiva dos Netos de Makunaima – Artistas Indígenas de Roraima e suas
Cosmovisões em Artes Visuais Contemporâneas”. Em 2016, venceu o PRÊMIO PIPA de artes visuais contemporâneas na categoria on-line. Mantém uma galeria em Boa Vista e um site onde divulga sua produção e a de artistas de outros povos na defesa da cultura e dos territórios indígenas.

Sobre o protagonismo histórico dos artistas indígenas, Jaider diz que é desconsiderado na literatura especializada sobre arte contemporânea: “Não há como falar em arte indígena contemporânea sem falar dos indígenas, sem falar de direito à terra e à vida. Na história da literatura especializada sobre arte contemporânea produzida no Brasil não temos autores artistas indígenas”.

Esbell afirma que é necessário “descontruir conceitos” e partir do princípio de que “indígena e arte são de origem comum e indissociável”, e pergunta: “Como é o encontro ou como é o acesso da arte indígena contemporânea ao sistema de arte geral?”, para responder: “O sistema de arte europeu desconhece e, portanto, não reconhece que entre os indígenas há um sistema de arte com sentidos e dimensões próprios”.

Na abertura da exposição O Xamã Devolve a Vida, na CASA BRASILEIRA, Jaider estava em viagem à Europa, onde entregou a Carta dos Povos Indígenas para o Capitalismo a executivos da UBS Group AG, uma das principais empresas globais de gestão de fortunas, com sede na Suíça, numa performance pública no dia 03 de
abril. http://www.jaideresbell.com.br/site/2019/04/03/carta-dos-povos-indigenas-para-o-capitalismo/

“O XAMÔ – texto de Jaider Esbell

“Reúne todas as forças e não duvide, desvia tempestades. Só de pensar me encho de arrepios e essa força queremos que também sinta. Antes de qualquer idolatria é de linhagem que vêm os jardineiros do eterno. Eles já estão lá e de lá trazem a própria tecnologia; o sopro, a fuga do tempo, a desfaçatez da matéria, o poder de cuidar da alma com a vida, o trabalho das plantas pelo humano. Não esperam retorno e conhecem o efeito, a maldade do semelhante. Param essas forças com outras, no ar, cruzando, miram o infinito e jogam para outra dimensão o indesejado. Dançam
como espetáculo, bailam como linguagem, seguindo um voo, o voo. Movimento em leveza, a arte é mesmo beleza, cura sem cicatriz. O Xamã. Era noite e tinham 7, suas mãos em minhas costas eram quentes. Eles me tocaram, vi o outro ser em seus olhos e me entreguei no sopro, tremulando para acordar reposto do transe cirúrgico, sem explicação. Amazônia, século XXI.”

 

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