O Rio Juqueriquerê é considerado o maior rio navegável do Litoral Norte. O rio tem grande importância para Caraguatatuba
Por Salim Burihan
Fotos- Cláudio Gomes
Muito da história da cidade tem profunda relação com o Rio Juqueriquerê, cujo nome, tem origem tupi-guarani e significa planta dorminhoca ou sensitiva, uma plantinha que ao ser tocada, murcha e que ainda existe em abundância em suas margens.
Caraguá começou a ser povoada no início de 1600, através das sesmarias- a primeira que se conhece ocupou a bacia do Rio Juqueriquerê em 1609 e foi doado pelo capitão-mor Gaspar Conqueiro aos antigos moradores de Santos, Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge, como prêmio por serviços prestados a Capitania de São Vicente. O Juqueriquerê serviu como o divisor das Capitanias de Santo Amaro e São Vicente.
O rio é formado pelo encontro dos rios Pirassununga e Camburu e tem 13 quilômetros de extensão entre sua nascente e a foz na praia da Flexeiras, onde deságua.
Seu leito tem profundidade que varia de 2,10 a 1,30 metros. Em sua foz, bastante assoreada, em períodos de maré baixa, a profundidade chega a atingir 30 centímetros.
Isso tem sido um eterno dilema para pescadores e as centenas de embarcações de recreio, que ficam atracadas ou que ocupam as garagens das marinas instaladas ao longo do rio.
O turismo náutico cresceu assustadoramente ao longo do rio. São pelo menos, mais de dez marinas, que geram emprego e renda. O desassoreamento de sua foz é prioridade para o incremento do turismo náutico em suas margens.
O Rio Juqueriquerê também serviu como divisa entre Caraguá e São Sebastião entre 1636 e 1948, quando um decreto estadual, transferiu a divisa das duas cidades para o Rio Perequê-Mirim.
O rio foi responsável pela exportação de laranja e banana para a Inglaterra, a partir de 1927, quando da implantação da Fazenda São Sebastião, mais conhecida como Fazenda dos Ingleses, que foi uma das mais importantes fazendas da região.
Com a desativação da Fazenda dos Ingleses, na década de 60, o rio deixou de receber as chatas que transportavam frutas e hortifrutigranjeiros para a Inglaterra.
Na década de 70 passou a receber as marinas náuticas. Atualmente, existem cerca de dez marinas instaladas ao longo do rio e dois hotéis, a Pousada das Garças e o Ilha Morena.
O rio corta importantes bairros de Caraguá como o Porto Novo, Barranco Alto e Morro do Algodão. E, sofre também, com o lançamento de esgoto doméstico e lixo em suas margens. Nos períodos de chuvas, o rio transborda e acaba inundando alguns bairros.
Estudos
Em março deste ano, a Prefeitura de Caraguatatuba apresentou aos moradores pescadores e proprietários de marinas do bairro Porto Novo, os resultados dos estudos realizados para implantação do projeto de Estabilização e Revitalização do Rio Juqueriquerê.
O objetivo dos estudos prévios é a definição das principais características da obra de enrocamento do rio, principal componente do projeto de revitalização.
O enrocamento consiste na construção de um maciço composto por blocos de rocha compactados, que tem a finalidade de regularizar as margens do rio, reduzir o assoreamento e garantir melhor escoamento das águas.
A exposição foi realizada por integrantes da Fundação para o Desenvolvimento Tecnológico da Engenharia (FDTE), formada por docentes e pesquisadores da Escola Politécnica da USP, sendo feita em duas partes.
Na primeira, Bauer Rodarte Rachid (graduado em Oceanografia pela UERJ e mestre em Oceanografia Biológica pela USP) e, na segunda, por Moyses Gonsalez Tessler (oceanógrafo formado pela USP e perito, consultor e professor de meio ambiente e geólogo com grande experiência em oceanografia geológica).
Após a finalização dos estudos, a FDTE deverá apresentar um projeto com modelo ideal de enrocamento. A partir deste ponto, são iniciados os processos de licenciamento ambiental e obras.
A revitalização do Rio Juqueriquerê e a obra de enrocamento são reivindicações antigas dos moradores e dos empresários que investem em suas margens.
Essas obras devem melhorar as condições para o desenvolvimento do setor pesqueiro que explora o rio, já que atualmente, os pescadores sofrem com dificuldades de navegação em maré baixa. Além disso, deve de auxiliar no incremento da atividade náutica e no impacto de drenagem do bairro em períodos de chuvas.
Ponte |
Uma outra grande atração do rio é a ponte em arcos, construída na década de 30, uma das duas ainda existentes no estado de São Paulo, segundo o DER. Uma ponte no mesmo modelo existe em Cachoeira Paulista.
A ponte com quarenta metros de comprimento por oito metros de altura (arcos) é considerada uma verdadeira obra de arte pela engenharia. Naquela época, pontes com arcos, eram necessárias para dar sustentação a grandes vãos como era o caso do Rio Juqueriquerê. Antes da construção da ponte, moradores, animais e carros eram transportados por chatas de madeira.