Política

Encontro promovido pela Diocese de Caraguatatuba reune pré-candidatos da região para discussões políticas

Tamoios News
Ricardo Hiar

Ricardo Hiar

Evento foi realizado na sede da catedral e possibilitou a discussão de temas gerais sobre a política e a necessidade das diversas comunidades

Por Ricardo Hiar, de Caraguatatuba

 

A Diocese de Caraguatatuba realizou na manhã de sábado (13), o encontro “Fé e Política”, que teve como objetivo reunir pré-candidatos aos cargos de prefeito e vereador em todo o Litoral Norte, para discussões políticas. O evento reuniu 86 pré-candidatos, além de outras pessoas da comunidade e correligionários.

O prefeito Toninho Colucci, de Ilhabela, e Maurício Moromizato, de Ubatuba e que vai disputar a reeleição, estiveram presentes durante todo o evento. O mesmo ocorreu com os pré-candidatos a prefeito de Caraguatatuba Álvaro Alencar, Thifany Félix, José Pereira de Aguilar Júnior, José Ernesto Servidei e Nivaldo Alves. Do mesmo município, Gilson Mendes passou pelo encontro, mas saiu antes do término.

Já de São Sebastião, estava presente Paulo Henrique Santana, o PH. Os pré-candidatos Juan Garcia e Felipe Augusto estiveram no local, mas também sairam mais cedo. De Ubatuba, além de Moromizato, a pré-candidata Flávia Pascoal integrou o debate, assim como Sérgio Caribé. Por fim, Ilhabela teve a representação de três pré-candidatos durante todo o evento Fé e Política: Lídia Sarmento, Maria Inez Fazzini e o Ademir da Rádio. Muitos dos pré-candidatos à vice também acompanharam as discussões.

Segundo o bispo diocesano, Dom José Carlos Chacorowski, a proposta foi promover reflexões por parte da igreja, nesse momento delicado da política no Brasil. Ele disse que a Igreja Católica tem realizado ações para o debate político em outras regiões, mas que o “Fé e Política” nesse modelo foi organizado e promovido de forma independente no Litoral Norte, sob responsabilidade de uma comissão local.

“Estávamos em busca de respostas em comum e tivemos um retorno extraordinário. Conseguimos a participação de 86 pré-candidatos, que passaram a manhã aqui discutindo política. Nós temos enfretado uma força sistêmica, que vem de uma economia mundial que é egoísta e excludente, e que vem resultando na perda da capacidade de debate e posicionamento dos políticos com a comunidade”, afirmou.

Conforme o bispo, a comissão Fé e Política formatou o encontro de modo a colocar políticos, mesmo de lados opostos, para debater juntos respostas importantes para o bem comum da sociedade. Ele considera essa iniciativa pioneira e que levou os agentes políticos para reflexõesnão partidárias, mas sim, de interesse geral das comunidades onde atuam.

Dom José Carlos ainda destacou que não houve uma separação entre pré-candidatos a prefeito e vereador. Todos se posicionaram juntos na plateia, de modo a manter a unidade. Os temas debatidos levaram em consideração o direito universal do ser humano. 

“O que realizamos aqui extrapola a visão da igreja católica, tanto que tivemos a participação de outras religiões. Isso porque acima da religião, estão os valores dos homens. Nesse encontro estiveram os homens que vão administrar a riqueza do nosso povo, não só material, mas também em outros setores da vida, como a esperança, a liberdade, a saúde, educação, algo de muita responsabilidade”, completou.

Todas as discussões foram conduzidas por Silvio Costa, que é doutor em educação pela Universidade de São Paulo e professor de análise de conjuntura na Escola de Política e Cidadania de São José dos Campos. Segundo explicou, seu objetivo foi estimular a reflexão dos políticos, de modo que possam entender que a socidade deve ser administrada de modo coletivo e plural. “Eles precisam entender que representam a sociedade e por isso que as necessidades dela precisam estar acima dos seus interesses pessoais. A fonte de poder do prefeito e do vereador é a comunidade e por isso não pode exercer em seu próprio nome”, disse.

Costa também alertou para um cuidado importante que é preciso tomar nesses tempos, que é a falta de discussões políticas. “A demonização da política é algo muito agressivo. A fala da sociedade excluída não emerge. O vereador precisa fazer esse papel de mediador, entre as necessidades dessa população e o Poder que foi constituído para atender os anseios dessa mesma comunidade”, afirmou.

Para encerrar as atividades, ele convidou todos os participantes a fazerem, antes de tudo, uma reflexão sobre a pergunta “por que quero ser candidato?”. Ele diz que essa resposta pode fazer toda a diferença na trajetória do político, de sua atuação, da própria campanha eleitoral.

Outras iniciativas

De acordo com o bispo Dom José Carlos Chacorowski, esse foi apenas um primeiro encontro com a classe política e agora será estudada a possibilidade de outros passos nesse sentido. A igreja ainda promoverá encontro para formação política de fiéis da igreja. Eles serão promovidos em cada uma das cidades do litoral.

O primeiro encontro de formação para leigos acontece em Caraguatatuba, no dia 6 de setembro, na Catedral do Divino. Em São Sebastião, encontro similar ocorrerá no dia 13 de setembro na Paróquia São Sebastião. No dia seguinte, será a vez de Ubatuba, com a formação na Igreja São Francisco. No dia 20 a atividade se repete na Costa Sul de São Sebastião e, no dia 21, em Ilhabela. Todos os encontros serão promovidos às 19h30.

Ideologia de gênero

A Diocese de Caraguatatuba entregou a todos os participantes duas publicações: uma que continha a cartilha de orientação política, com informações sobre a cidadania e importância da participação consciente na política, e uma edição da revista De Praia em Praia.

Antes do término da reunião, porém, os principais temas da revista foram anunciados aos participantes e um deles acabou gerando polêmica. 

Isso porque a pré-candidata do PSOL, Thifany Félix, que é transexual e defende bandeiras da comunidade LGBT, foi convidada a participar do Fé e Política, mas diz ter sido pega de supresa com uma das matérias publicadas no material produzido pela igreja, cujo título foi “Ideologia de gênero: não caia nesse conto”.

Thifany disse ter se sentido ofendida com a publicação, que vai na contramão de todo o trabalho que ela e a comunidade LGBT vem construíndo. Segundo ela, o que se busca é a igualdade e o respeito, no entanto, esse tipo de publicação leva as pessoas a manterem a intolerância e falta de respeito. “Quantas pessoas são mortas por preconceito ou se matam porque a família condena, não aceita. Por isso me senti extremamente ofendida com essa publicação”, comentou.

Apesar do contratempo, a situação foi amenizada depois que Thifany participou de uma conversa com o padre Alessandro. Segundo explicou, o padre se comprometeu a agendar uma reunião com ela e outros representantes do movimento, para falar sobre questões, o posiciomanento da igreja e ouvir as demandas da comunidade LGBT. “Saio mais tranquila porque vamos ter uma outra reunião pra poder expor nosso posicionamento e conversar mais sobre esse tema”, concluiu.

 

Deixe um Comentário

O Tamoios News isenta-se completamente de qualquer responsabilidade sobre os comentários publicados. Os comentários são de inteira responsabilidade do usuário (leitor) que o publica.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.