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PM de Caraguá ganha destaque nacional por querer casar de farda na Parada Gay de São Paulo

Tamoios News

O policial militar de Caraguá, Leandro Prior, volta a ser destaque na imprensa nacional. Desta vez, por pretender se casar durante a Parada Gay de São Paulo, no próximo domingo, usando a farda da corporação. A corporação negou o pedido. Prior é um policial militar diferenciado, envolvido com as causas sociais e elogiado pelos amigos. Quando prestou concurso para ingressar na corporação deixou claro que era homossexual, passou em todos os teste e foi incorporado na PM

Por Salim Burihan

O policial militar, Leandro Prior, de 28 anos, ganhou novamente destaque nacional. Na sexta-feira passada, dia 14, ele solicitou autorização à Policia Militar para usar a farda da corporação para pedir o namorado, Elton da Silva Luiz, em casamento durante a Parada do Orgulho LGBT, que acontecerá neste domingo, 23, na Avenida Paulista, em São Paulo. Em nota divulgada na quarta-feira, dia 19, a Polícia Militar proibiu o soldado de usar a farda da corporação no domingo.

No ano passado, no mês de junho, o soldado ganhou destaque na mídia ao aparecer num vídeo fardado e beijando a boca de outro homem, não identificado, dentro do Metrô de São Paulo. Prior recebeu xingamentos e ameaças de morte nas redes sociais por causa do “selinho”. Na época, ele ficou afastado para cuidar de uma depressão.

Apesar de ter sido vítima de homofobia nas redes sociais, ele teve que responder a um processo administrativo na corporação por ter infringido as regras de segurança da PM ao produzir o vídeo. Prior teria deixado o coldre da arma aberto durante as filmagens.

Casamento

O soldado pediu permissão para usar a farda da corporação para se casar no domingo, através de um documento encaminhado no dia 14. A PM, por sua vez, respondeu a solicitação na última quarta(19), alegando que o regulamento da corporação não permite que o policial utilize o fardamento quando estiver de folga, mesmo em manifestações. Prior estará de folga no domingo, quando acontecerá a parada gay em São Paulo.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou, também, em nota, que  “não faz distinção de pessoa por sua orientação sexual ou identidade de gênero, incluindo os mais de 80 mil policiais militares de São Paulo”.

Prior estaria tentando, através de seu advogado, reverter a decisão da PM. Segundo declarações de seu advogado Antônio Alexandre Dantas de Souza, Prior fez o pedido à corporação por ter orgulho de usar a farda num momento muito especial de sua vida.

“Seria algo grandioso, não só para ele quanto para muitos outros. Leandro tem orgulho de ser policial militar. Ele tem orgulho de ser quem ele é e de amar quem ele quiser”, afirmou.

Repercussão

Os amigos de Caraguatatuba, consideram Leandro Prior uma pessoa do bem, um policial diferenciado e comprometido com as causas sociais. “Acredito que o desejo dele deveria ser acatado”, comentou Roberto Avelar.

“A princípio entendo que não há problema, visto que os militares em cerimônia de casamento se casam com farda.”, comentou Paulo Afonso, que conhece há alguns anos o soldado Prior.

O comandante da PM no Vale e Litoral Norte, coronel José Eduardo Stanelis de Aquino, disse que a corporação cumpre o que determina o seu regulamento, que proíbe o uso de farda em manifestações públicas, quando policial não estiver em serviço.

Stanelis informou ainda que a PM não é homofóbica. “O Prior, quando prestou concurso para ingressar na Polícia Militar, informou que era homosexual e foi aprovado em todos os testes e encorporado à corporação. Ele não foi barrado por se declarar homosexual”, explicou.

Prior

Leandro Prior nasceu em Caraguatatuba e completou 28 anos no dia 10 de maio passado. Trabalhou na prefeitura de Caraguá, como estagiário, em 2008/2009; no IF(Instituto Federal) de Caraguá, em 2012; e, na prefeitura de São Sebastião, entre 2011 e 2012, como técnico de meio ambiente. Em São Sebastião, foi também membro do CMDCA(Conselho municipal da Criança e Adolescente).  Ele foi filiado ao PT de São Sebastião.

Prior participa da organização das paradas LGBTI+ no estado de São Paulo. Foto: Arquivo Pessoal

Entrou na Polícia Militar em 2014. Trabalha na capital paulista. Em 2018, passou a participar da coordenação nacional de segurança pública da LGBTI.