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Juqueriquerê, o maior rio da região, sofre poluição por esgoto e óleo

Tamoios News

A prefeitura de Caraguá fez uma fiscalização no Rio Juqueriquerê, o maior rio do Litoral Norte e constatou lançamento de esgoto e até de óleo. Assim como o Juqueriquerê, os demais rios da região, convivem com uma poluição cada vez mais crescente, que afeta a fauna e a flora

Por Salim Burihan

Moradores e veranistas do Litoral Norte andam preocupados e, com razão, com a situação das praias da região, cada vez mais poluídas pelo lançamento de esgoto. Em devem se preocupar, também, com a triste realidade dos principais rios da região, cada vez mais poluídos.

Em Ilhabela, por exemplo, todas as 19 praias monitoradas pela Cetesb(Companhia Ambiental do Estado de São Paulo), estão pela segunda vez impróprias para banho.

Para minimizar a poluição nas praias, as prefeituras devem renovar seus contratos com a Sabesp ou então buscar outras empresas para que seja ampliado o saneamento básico na região.

É claro, que também, moradores, veranistas e turistas devem colaborar, dando a destinação correta ao lixo domiciliar e o que é produzido nas praias.

Esta semana, uma notícia que veio de Caraguá, comprovou que, além das praias, os principais rios e córregos da região, também estão sofrendo muita poluição.

Em Ubatuba, o Rio Itaguá, um dos mais importantes da cidade recebe lançamento clandestino de esgoto de vários bairros há muitos anos.

Em Caraguá, a prefeitura constatou esta semana que o Rio Juqueriquerê, o maior rio do Litoral Norte, está recebendo também esgoto de marinas e residências situadas em suas margens. É preocupante. O Juquerequirê é a história viva da cidade e muita gente vive e depende de suas águas.

Fotos: Cláudio Gomes(PMC)

A Prefeitura de Caraguatatuba realizou uma ação de fiscalização no Rio Juqueriquerê, visando inspecionar as atividades irregulares, as marinas e ações que causam degradação ao meio ambiente no local.

O objetivo é assegurar a qualidade ambiental do entorno e da água, garantindo condições favoráveis tanto para pesca quanto para turismo e atividades náuticas.

A ação foi coordenada pela Secretaria de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca com a presença de diretores e chefes do departamento de fiscalização, licenciamento e educação ambiental da secretaria.

Na vistoria realizada às margens do Rio Juqueriquerê, foram evidenciados diversos pontos de lançamento irregular de esgoto, vazamentos de óleo proveniente das marinas, pontos de supressão de vegetação e intervenções não autorizadas em APP’s (Área de Preservação Permanente), incluindo descarte de resíduos e entulhos.

De acordo com Marcel Giorgeti, secretário municipal de Meio Ambiente, Agricultura e Pesca, as ações de fiscalização serão constantes.

“Trata-se de um ambiente que necessita de ações para preservação e mitigação dos impactos. Essa primeira visita foi apenas visando orientar todos em situação irregular. Agora vamos acompanhar e fiscalizar com frequência”, destacou.

Complicado, constaram as poluições, que colaboram com a poluição do rio e das praias, mas não aplicaram nenhuma multa e nem autuaram os responsáveis.

O Juqueriquerê tem mais de oito marinas instaladas em suas margens. Será que os proprietários das marinas não sabem que não podem lançar óleo ou esgoto no rio?

A atitude do secretário, em vistoriar o rio, foi muito foi boa. Essas fiscalizações devem ocorrer semanalmente e, os responsáveis pela poluição, autuados devidamente. Como se diz na gíria popular “não se deve deixar barato uma coisa dessa”.

Juqueriquerê 

O Rio Juqueriquerê sempre teve grande importância para Caraguatatuba. Muito da história da cidade tem profunda relação com o rio, cujo nome tem origem tupi-guarani e significa planta dorminhoca ou sensitiva, uma plantinha que ao ser tocada murcha e que existe em abundância em suas margens.

Caraguá começou a ser povoada no início de 1600, através das sesmarias- a primeira que se conhece ocupou a bacia do Rio Juqueriquerê em 1609 e foi doada pelo capitão-mor Gaspar Conqueiro aos antigos moradores de Santos, Miguel Gonçalves Borba e Domingos Jorge, como prêmio por serviços prestados a Capitania de São Vicente. O rio serviu como o divisor das Capitanias de Santo Amaro e São Vicente.

O Juqueriquerê é o maior rio navegável do Litoral Norte. É formado pelo encontro dos rios Pirassununga e Camburu e tem 13 quilômetros de extensão entre sua nascente e a foz na praia da Flexeiras, onde deságua. Tem profundidade que varia de 2,10 a 1,30 metros. Em sua foz, bastante assoreada, em períodos de maré baixa, sua profundidade chega a atingir 30 centímetros. Possui manguezais e rica flora e fauna.

O rio foi responsável pela exportação de laranja e banana para a Inglaterra, a partir de 1927, quando da implantação da Fazenda São Sebastião, mais conhecida como Fazenda dos Ingleses.

Nesse período, a fazenda era administrada pela The Lancashire General Investment Company (Grupo Vestey) e produzia a grapefruit, aquela laranja que tem polpa vermelha e sabor mais amargo, que era a favorita da nobreza inglesa na época. A produção de laranja era transporta emchatas pelo rio até os navios ingleses atracados no canal.

O Juqueriquerê também era divisa entre Caraguá e São Sebastião entre 1636 e 1948, quando um decreto estadual, transferiu a divisa das duas cidades para o Rio Perequê-Mirim. O Juqueriquerè corta bairros importantes da cidade como o Porto Novo, Barranco Alto e Morro do Algodão.

 

Ponte em arcos, uma obra de arte

Outra grande atração do rio é a sua ponte em arcos, construída na década de 30, uma das duas ainda existentes no estado de São Paulo, segundo o DER. Uma ponte no mesmo modelo existe em Cachoeira Paulista. A ponte com quarenta metros de comprimento por oito metros de altura (arcos) é considerada uma verdadeira obra de arte pela engenharia. Naquela época, pontes com arcos, eram necessárias para dar sustentação a grandes vãos como era o caso do rio Juqueriquerê. Antes da construção da ponte, moradores, animais e carros eram transportados por chatas de madeira.

 

 

Com a desativação da Fazenda dos Ingleses, na década de 60, o rio deixou de receber as chatas que transportavam frutas e hortifrutigranjeiros para a Inglaterra. Na década de 70 passou a receber as marinas náuticas, hotéis e pousadas, a partir daí aumentou a poluição no rio.

Em 2003, alunos da escola municipal Ismael Iglesias lançaram o primeiro projeto de preservação do rio. . O projeto ganhou destaque internacional, chegou a ser relacionado no Institucional Global Water Coalition.

A Acaju(Associação Caiçara Juqueriquerê), criada em 2000, que estimulou o trabalho dos estudantes,  promove desde então ações ambientais anuais de limpeza do rio e conscientizar e alertar os moradores que  vivem em suas  margens da importância de sua preservação.

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