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Alunos de São Sebastião Criam Aparelho Auditivo de Baixo Custo

Tamoios News
Marcello Veríssimo
Marcello Veríssimo

Protótipo depende de patrocínio para se desenvolver

Aparelho auditivo capta e amplifica o som para facilitar a vida de portadores de necessidades especiais

Por Marcello Veríssimo

Eles ainda estão no início da adolescência, mas parecem já ter decidido seus objetivos profissionais para o futuro. Considerados alunos acima da média, os estudantes Guilherme Vieira, 16, João Vitor Escudero, 16, e Rafael Mori, 17, do segundo ano do ensino médio do Colégio Objetivo de São Sebastião, começaram a trilhar seu caminho rumo ao concorrido mercado de trabalho. Mas com um diferencial: os jovens desenvolveram um protótipo de aparelho para audição, de baixo custo, com potencial para melhorar a vida de muita gente.

O projeto foi idealizado por Felipe Fajardo, que participou também da construção do primeiro protótipo, que tinha o formato de um arquinho que emitia vibrações. “Guilherme e eu começamos a bolar uma ideia para a feira de ciências do Google, aí eu lembrei que estava trabalhando com deficiências auditivas”, relembra. A ideia era converter as ondas sonoras em algo que o deficiente auditivo pudesse sentir. “Queríamos melhorar a noção e sentido sobre as ondas sonoras; estudamos desde eletrodos na língua até vibrações no crânio”, conta Felipe. Hoje morando em Presidente Prudente, o jovem acabou se afastando do projeto por problemas familiares, mas revela o orgulho de ver os amigos aperfeiçoando sua ideia.

A partir do protótipo de Felipe, os jovens sebastianenses desenvolveram a versão atual, que é usada no braço. Com o recurso de um microfone estéreo, o aparelho “captará o som ambiente amplificando para os deficientes auditivos, proporcionando a sensação do som”, disse Gabriel. “O aparelho auditivo [tradicional] não transmite a sensação do som, [o efeito] que ele causa no corpo”, completou João Vitor, explicando as vantagens da invenção. Além do microfone, o aparelho desenvolvido pelo trio ainda possui dois “pequenos motores”, que servem para retransmitir o som ao usuário. Por enquanto, o modelo é produzido pelos próprios estudantes a um custo de U$17 (R$ 60, em média). O custo de um aparelho industrial pode ser bem maior: em torno de R$ 15 mil.

A invenção, se comparada aos aparelhos existentes no mercado, vai ajudar os portadores de necessidades especiais a saber “de onde vem o som, a intensidade do som, conseguindo assim saber o que acontece ao redor”, dizem os alunos. “Quanto mais perto [o objeto] está, melhor; mais barulho faz e mais forte fica o som”.

Aproveitando a fase de testes, o trio aperfeiçoa o conhecimento dos últimos anos do ensino médio para fazer com que esse novo tipo de tecnologia possa se propagar e alcançar o maior número de pessoas.

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Com o apoio da coordenadora do ensino médio e fundamental 2 do Objetivo, Rosana Mara Alvares, os jovens inscreveram o projeto na Google Science Fair 2015. “Foi uma iniciativa deles, são três alunos bastante envolvidos e com bom conhecimento em tecnologia”, explicou Rosana.

A Google Science Fair é uma espécie de Feira de Ciências do maior mecanismo do mundo de buscas da Internet. Trata-se de uma competição on-line internacional de ciência e tecnologia, voltada a jovens de 13 a 18 anos, que podem se inscrever individualmente ou por equipes. Todas estão atrás do prêmio principal: uma bolsa de estudos de U$ 50 mil, oferecida pelo Google para investimento na educação dos vencedores – em caso de equipe vencedora, o valor é dividido igualmente entre os participantes.

Os 20 finalistas, acompanhados dos responsáveis, viajarão para a sede da empresa na Califórnia, nos Estados Unidos, para exibição, avaliação e premiação dos projetos. “São várias categorias. Os alunos fazem e mandam o projeto”, comentou Guilherme, que mesmo não sendo selecionado esse ano pretende continuar a jornada com os amigos ano que vem. Além da Google Science Fair, os alunos ainda vão inscrever o projeto em duas feiras de ciência brasileiras. Em 2016, eles pretendem integrar sistema Bluetooth ao aparelho. “Pensamos em melhorá-lo, e também construir um protótipo 3D”, conta Rafael Mori, que pretende trabalhar e estudar no exterior nos próximos anos.

Para comprovar a funcionalidade do aparelho, os estudantes realizaram testes com a colaboração dos alunos da Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) e de colegas na escola. “Todos com 100% de aproveitamento”, explicam os inventores.

Sempre antenados e conectados, Guilherme e João Vitor pretendem seguir carreira na área de ciência da informação. E concordam que a iniciativa, para ser melhorada, precisa de patrocínio. “É um projeto de baixo custo, funcional, e pode ser usado no trânsito, por exemplo, além de ouvir música”, explica Guilherme, que espera utilizar seu conhecimento com os estudos para poder “melhorar o dia a dia das pessoas e fazer um mundo melhor”.

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