Desde o lançamento da pedra fundamental da primeira, em 1953 até a atualidade, o bairro abriga 38 colônias, inclusive uma projetada por Oscar Niemeyer
Quem passa pelo bairro Porto Novo, na região sul em Caraguatatuba, observa a grande quantidade de colônias de férias de inúmeros sindicatos de trabalhadores, das mais variadas áreas. É o Jardim dos Sindicatos ou Jardim das Colônias, como é conhecida a área, de aproximadamente 193,8 mil m² que abriga 38 construções, algumas com grandes estruturas esportivas e de lazer. Há também uma assinada pelo arquiteto Oscar Niemeyr, projetada em 2000, o hotel/colônia da Associação dos Oficiais de Justiça do Estado de São Paulo (Aojesp).
A instalação das colônias na cidade é considerada um grande fator de desenvolvimento urbano em Caraguatatuba e marca o início do movimento turístico na cidade, cita o Livro Santo Antônio de Caraguatatuba, de Jurandyr Ferraz de Campos, publicado em 2.000.
Segundo a publicação, no final de 1.953 circulavam notícias que seria construída em Caraguatatuba, na praia do Romance, região do Porto Novo, “a maior colônia de férias da América do Sul”, a Ministro João Cleófas, com três pavilhões, vários andares, apartamentos e residências isoladas, restaurante, cinema, teatro, estaleiro para barcos, garagem para charretes e praça de esportes com quadras de basquete, vôlei, pista de atletismo, campo de futebol, piscina, playground e uma igreja. A construção foi iniciativa dos Sindicatos dos Trabalhadores da Indústria da Energia Hidroelétrica de São Paulo, Trabalhadores em Empresas Telefônicas do Estado de São Paulo, Trabalhadores da Indústria da Produção de Gás de São Paulo e dos Trabalhadores em Empresas Carris Urbanos de Santos, São Vicente e Guarujá, traz a publicação.
O extinto Jornal A Voz do Litoral confirma a agitação que tomou conta da cidade com a vinda da colônia, publicando em 20 de dezembro de 1953 sobre a solenidade de lançamento da pedra fundamental do empreendimento João Cleófas, em terreno adquirido pelo Ministério da Agricultura, com cerimônia concorrida, contando com a presença do Sr. Dr. João Cleófas, Ministro da Agricultura, que em seu discurso salientou a importância do empreendimento e as perspectivas de progresso para toda a região; Dr. Renato Costa Lima, Secretário de Agricultura de São Paulo e representando o Governador Luiz Nogueira Garcez, o deputado Dr. Diógenes Ribeiro de Lima, entre autoridades locais e membros da sociedade do litoral norte. Também esteve presente, José Francesconi, proprietário do loteamento onde foi construída a Colônia João Cleófas.
O investimento acabou por atrair outros sindicatos, com objetivos de oferecer lazer a diversas categorias, criando uma região com características específicas, um ponto de referência urbana.
Arino Sant’Ana de Barros, patrono do Arquivo Público Municipal de Caraguatatuba (APMC), descreve alguns detalhes e curiosidades sobre a vinda das colônias. “A primeira delas (no Porto Novo) foi a dos metalúrgicos de Osasco, surgiu em 1975, depois do Governo Laudo Natel doar a área em regime de comodato. Ao todo são 58 lotes, onde estão construídos 36 Colônias. Outras três ainda estão em construção”. O texto cita detalhes de algumas delas, como a Senalba, dos Sindicatos em Entidades Culturais, Recreativas de Assistência Social de Orientação e Formação Profissional do Estado de São Paulo, rica em opções de lazer com piscina, churrasqueiras, salão de jogos e musculação, boate e até cinema, a do Sindicato dos Trabalhadores Químicos do ABC, igualmente considerada uma das mais confortáveis do Jardim, com quadra poliesportiva e também prédios mais modestos, como IFPMSP – Associação dos Inspetores Fiscais da Prefeitura de São Paulo e o Sindicato da Fiação e Tecelagem de São José dos Campos. “A Colônia de Férias dos Delegados de Polícia foi totalmente construída por detentos de Santa Catarina”, cita também o documento.
O Jardim das Colônias traz ainda mais uma curiosidade que chama muito a atenção no bairro. É a colônia da Associação dos Oficiais de Justiça do Estado de São Paulo (Aojesp), projetada pelo arquiteto Oscar Niemeyer, em 2.000. O prédio com vão livre, sustentado por quatro colunas, tem quatro andares, 36 apartamentos, jardim suspenso com vista para o mar. Possui piscina, sauna e restaurante.
O projeto atrai visitantes do país e do mundo a Caraguatatuba, profissionais e estudantes de arquitetura em sua grande maioria, ávidos por conhecer detalhes da obra, que é a única assinada pelo arquiteto no litoral norte de São Paulo. O prédio fica na Rua José Pereira da Silva, 155, no Jardim das Colônias, região sul da cidade.
Conheça as colônias
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Fonte: Arquivo Público Municipal de Caraguatatuba “Arino Sant’Ana de Barros”/Prefeitura Municipal
Texto: Adriana Coutinho/Tamoios News
