Cidades São Sebastião

Covid-19: Petroleiros ameaçam parar alegando descaso da Petrobrás

Tamoios News

Segundo a FUP(Federação Única dos Petroleiros), o balanço divulgado pelo Ministério de Minas e Energia (MME) na terça-feira (5) indicou 806 trabalhadores próprios e terceirizados da Petrobrás contaminados pela covid-19 (eram 510 na semana passada) e 1.642 casos suspeitos. Seis mortes pela doença chegaram ao conhecimento da Federação Única dos Petroleiros (FUP) e seus sindicatos, mas não são confirmadas pela gestão da empresa.

A federação informou ainda que somente na Bacia de Campos, segundo dados repassados pela Petrobrás ao Sindipetro-NF, há 112 casos confirmados de covid-19 e 101 suspeitos. Além do terminal terrestre de Cabiúnas, há contaminados e casos suspeitos nas plataformas PCE-1, PNA-1, PNA-2, P-09, P-12, P-18, P-20, P-26, P-31, P-33, P-35, P-37, P-40, P-43, P-48, P-50, P-51, P-52, P-54, P-61, P-62, P-63 e FPSO Cidade de Niterói. Das 44 unidades de produção de Campos, 23 têm casos confirmados ou suspeitos. As situações mais graves foram registradas até agora na P-26 (37 confirmados e 17 com suspeita) e na P-33 (36 confirmados e 15 com suspeita).

Segundo a FUP, esses números altos – e que provavelmente estão sub-notificados – comprovam o total descaso da diretoria da Petrobrás com seus trabalhadores. A federação informou que vem sendo sistematicamente denunciado ao Ministério Público do Trabalho (MPT) e motivando ações na Justiça do Trabalho contra a empresa que questionam mudanças de turno, fornecimento de máscaras inapropriadas e testagem falha e insuficiente dos trabalhadores.

A federação disse ainda que exercendo uma atividade essencial à população brasileira, que garante a produção e o abastecimento de petróleo, gás natural e combustíveis, os petroleiros vêm fazendo o seu trabalho. E desde o início da pandemia a FUP e seus 13 sindicatos filiados vêm alertando a gestão da Petrobrás sobre o alto risco de contaminação pelo novo coronavírus, sobretudo na área operacional.

“Reivindicamos a participação de representantes dos trabalhadores no comitê de combate à doença criado pela empresa. Sugerimos a implantação imediata de testes nos petroleiros, principalmente nos que trabalham embarcados. Sugerimos a interrupção da produção por um período de 15 dias, dado os estoques altos da Petrobrás, para evitar a disseminação da doença. Sugerimos medidas de controle e higienização nos transportes terrestres e aéreos. Sugerimos que a empresa mantivesse em casa trabalhadores dos grupos de risco. Nada disso foi atendido pela diretoria da Petrobrás”, lembra o coordenador geral da FUP, José Maria Rangel.

A FUP e seus sindicatos ainda cobram da Petrobrás a emissão de Comunicações de Acidentes de Trabalho (CATs) para trabalhadores contaminados pela covid-19. A emissão já fora recomendada pela Operação Ouro Negro – que reúne MPT, Anvisa, ANP, Ibama e Ministério da Economia – em 18 de março, e posteriormente tornada obrigatória por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF). Entretanto, a empresa não cumpriu a determinação. “Ou seja, a gestão da Petrobrás também vem ignorando determinação dos órgãos de fiscalização, como a Anvisa, e do Poder Judiciário”, reforça Rangel.

Segundo a FUP, tomando medidas atropeladas desde o início da crise, a gestão da Petrobrás alterou turnos e exigiu que petroleiros ficassem em hotéis por sete dias antes do embarque para plataformas, longe de suas famílias e sem o menor controle de entrada e saída desses locais. E somente há uma semana começou a testar os petroleiros antes do embarque, após diversos casos de contaminação por covid-19 em plataformas. Mas, no desembarque, nem todos os trabalhadores estão sendo testados. Quanto aos terceirizados, a situação é ainda pior, já que a diretoria da empresa não assume qualquer responsabilidade sobre sua gestão.

Por isso, segundo Rangel, a FUP e seus 13 sindicatos reiteram a ameaça de greve sanitária nas instalações da Petrobrás. Segundo ele, no momento em que o país está entrando no período mais grave e crítico da doença e, portanto, mais precisa das atividades essenciais, como a dos petroleiros, a irresponsabilidade da gestão da Petrobrás com seus trabalhadores pode comprometer a continuidade das operações da empresa e afetar a população brasileira.

Petrobrás

Em nota encaminhada ao Tamoios News, a Petrobrás se manifestou sobre as colocações feitas pela FUP.

A Petrobras não tem medido esforços para enfrentar a pandemia de Covid-19, que assola não só a empresa, mas todo o país e o mundo. A companhia é responsável por prover serviços essenciais, como o fornecimento de combustíveis e energia que abastecem ambulâncias, hospitais e veículos de carga e transporte. Por isso, vem adotando medidas para proteger a saúde dos seus colaboradores, mitigar a propagação do vírus na companhia e garantir a continuidade, de forma segura, de atividades essenciais para toda a sociedade brasileira.
 
As medidas da Petrobras estão entre as mais rigorosas adotadas no segmento de petróleo. Também atuamos junto às empresas prestadoras de serviços para que as mesmas medidas sejam adotadas.
 
A companhia, por exemplo, testa todos os colaboradores com suspeita, sendo uma das primeiras empresas brasileiras a realizar esse procedimento em larga escala. Foram mais de 6,3 mil testes realizados, entre empregados, prestadores de serviços e pessoas que tiveram contato com profissionais com sintomas, estivessem em home-office ou em atividade presencial. Mesmo com a enorme dificuldade e escassez de testes e serviços especializados no mercado – o que tem impactado todas autoridades públicas de saúde no país -, a Petrobras investiu fortemente na estratégia de testagem e tem números mais precisos que outras empresas e a sociedade em geral. Para se ter ideia, na companhia são feitos cerca de 40 testes por grupo de mil pessoas e, a título comparativo, essa taxa nos Estados Unidos é de cerca de 23/mil pessoas. (fonte dos dados: Petrobras e Johns Hopkins University)
 
A testagem ampla permite um diagnóstico mais preciso e, assim, é possível identificar logo no início quem está com o vírus. Com isso, os colaboradores iniciam os cuidados precocemente, muitas vezes quando estão assintomáticos (situação em que, se não houvesse teste, sequer seriam contabilizados como confirmados). Quase metade (143) dos 330 empregados diretos (em um total de 46.416) que testaram positivo para Covid-19 já está recuperado (dados de 02/05).
 
Nas plataformas os cuidados são redobrados. Todos os colaboradores são testados antes do embarque e, quando o teste detecta a doença, retornam para a casa e ficam sob monitoramento de equipes de saúde. Desde de 19 de março, a Petrobras também vem reduzindo o efetivo nas atividades operacionais ao mínimo necessário para continuidade das atividades essenciais com segurança. Atualmente o efetivo em unidades operacionais está reduzido a cerca de metade e as pessoas que atuam em função administrativas estão em home-office.
 
A Petrobras também iniciou a distribuição de máscaras de uso não profissional em suas unidades. A distribuição de máscaras foi priorizada nas localidades com decreto de uso obrigatório, porém, foi rapidamente expandida para todas as áreas operacionais, com prazos de fornecimento definidos a partir de critérios técnicos e logísticos, de acordo com a capacidade de atendimento pelo mercado.
 
Além destas medidas, diversas ações vêm sendo implantadas nas unidades, como reforço nas rotinas de limpeza para prevenção à Covid e outras alterações na rotina operacional para permitir o distanciamento entre as pessoas, como diminuição no número de pessoas nos transportes aéreos e terrestres; ampliação do horário de funcionamento de refeitórios para diminuir a concentração de pessoas e possibilitar o distanciamento; reforço dos pontos de disponibilização de álcool em gel, entre outras medidas.