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Do barro fez o homem

Tamoios News

Dia 28 de maio é o dia do ceramista, nada mais justo homenagear alguns artistas da nossa cidade de Caraguatatuba. Mas primeiro vamos voltar um pouco no tempo. Pincelarei brevemente para se conhecer um pouco da história da cerâmica. 

Segundo a ANAFACER (Associação Nacional dos Fabricantes para Revestimentos, Louças Sanitárias e Congêneres), a cerâmica é algo muito antigo. Sua palavra tem origem grega que significa “kéramos” (“terra queimada” ou “argila queimada”), é um material de grande resistência, frequentemente encontrado em escavações arqueológicas. Pesquisas apontam que a cerâmica é produzida há cerca de 10-15 mil anos. No Brasil , a cerâmica teve seus primórdios na cultura indígena, na ilha de Marajó. Para outros estudiosos, a cerâmica mais simples teve sua criação na região amazônica, por volta de 5 mil anos. 

Em Caraguá, pela sua história e cultura não poderia ficar de fora seus ceramistas. No município temos o Grupo de artistas plástico chamado UBUNTU. O nome é de origem Africana, que significa (Eu Sou Por Que Nós Somos). Segundo Carlo Cury, um dos membros do grupo, “O termo Ubuntu provém de uma postura ético-ideológica do idioma banto Ngúni e foca a importância das alianças e relacionamentos das pessoas umas com as outras. Conceito tradicional africano se baseia na crença de um compartilhamento de valores universais que conectam toda a humanidade”. Para o artista a motivação vem do vasto universo da cerâmica, “Descobri na cerâmica um rico caminho para criar mecanismos visuais e aprofundar-nos nos fazeres com o tridimensional. A motivação vem do vasto universo que a cerâmica oferece”, acrescentou Carlo Cury.

O Portal Tamoios News bateu um papo com a ceramista Mari Burattini, que ao ser indagada sobre quanto tempo brinca com a cerâmica, abre um sorriso e diz “Costumo dizer q tenho 5000 anos”. Simpática, com uma mente brilhante e pensamentos penetrantes deu mais detalhes para nossos leitores em sua entrevista.

Portal Tamoios News. – Qual a importância da cerâmica na sua vida?

Mari Burattini. – Poderia dissertar a respeito, elogiando, enaltecendo, e acrescentando adjetivos sem fim. Mas tudo isso seria exageros ou ilusões construídas. Na verdade cerâmica é o meu ofício e diálogo. Saio de casa todos os dias, destinada a cumprir uma função burocrática, numa empresa X, onde gosto muito das pessoas, e do ambiente. Ali, eu desenvolvo um trabalho de sustento, o qual a cerâmica não me proporciona, ainda. Então a cerâmica é o meu ofício, faço gratuitamente, em busca de torná-la minha ocupação definitiva. É com ela que transformo o mundo ao meu redor, dando vida às ideias. E dando vida às ideias que se comunicam através de formas e cores. Então não é uma questão de importância, mas uma questão de como vou colocar tudo o que o mundo me deu de aprendizado em contato com as pessoas. É uma questão da escolha de um ofício que vai retribuir o que recebi da vida. Uma escolha gratificante. 

Forno

P.T.N. – Por que você escolheu a cerâmica?

M. B. – Quanto a escolha da cerâmica, a união dos elementos que a envolvem me fascina. Poder construir peças tridimensionais com o estudo dos quatro elementos da matéria. E o termo “estudo”, eterno estudo. As técnicas da cerâmica são infinitas. Lógico que todo material de estudo, quando alguém gosta muito de algo, são infinitos. Mas eu falo de como cada ceramista, entregue ao ofício, estudioso, consegue desenvolver algo novo. É definitivamente uma escola que não acaba. E percebo que os mais pesquisadores, estudiosos, têm a humildade de ser sempre aprendizes, estes são os melhores, os mais interessantes artistas da cerâmica. 

P.T.N. – A cerâmica é para todos?

M. B. – É uma arte para criança, para velhinhos, para todo mundo. Dentro das suas regras rígidas para que aconteça a edificação perfeita, a uma “brincadeira” democrática, para quem quer apenas “brincar”. Tem uma brincadeira democrática para os que querem evoluir e se tornarem mestres, mestres e aprendizes eternos dos quatro elementos da matéria. 

P.T.N – Qual sua reflexão sobre a cerâmica?

M. B. – Eu entendo porque dizem que Deus fez o homem a partir do barro”, já era conhecida a integração entre o barro, a água, o ar e o fogo…e a união disso tudo com a capacidade criadora, o éter. 

Com isso deixamos nossa pequena homenagem á todos os ceramistas do planeta, que fazem do barro sua arte, e ao Grupo Ubuntu pelo belo trabalho realizado na cidade de Caraguatatuba.

 

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