Cidades Ubatuba

Mãe de criança autista relata dificuldades com preconceito

Tamoios News
Andréa e Davi Arte: Renata Montenegro
Andréa e Davi Arte: Renata Montenegro

Mãe conta sobre preconceito, falta de informação e o que espera do futuro do seu filho com o transtorno 

 

Por Valéria Andrade

“Olha mãe, o seu filho tem alguma coisa que não é normal, tem um atraso grande e é melhor que você leve num neuro para fazer uma avaliação”. Essa é a lembrança de Andréa Diogo Barbosa, 41 anos, quando ouviu de funcionárias de uma escola a respeito de seu filho Davi Barbosa. Na ocasião o pequeno Davi tinha quatro anos, e foi quando Andréa descobriu o autismo. Anteriormente, a mãe já não tinha conseguido colocá-lo em uma creche, pois usava fraldas e tinha algumas  dificuldades.

Depois do alerta, Andréa  foi atrás do que poderia ser feito para entender o que se passava com o filho. Levou  em uma psicóloga que acreditava que Davi tinha TEA (Transtorno do Espectro Autista). Com isso, Davi passou a ser parte de uma estatística, que segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o autismo afeta uma em cada 160 crianças no mundo. Ainda de acordo com a OMS,  ao contrário de informações sem embasamento científico que se difundiram, não há relação alguma de que vacinas contra sarampo, caxumba e rubéola possam ocasionar o transtorno.

A partir do momento em foi diagnosticado, o menino começou a fazer os tratamentos necessários para conviver melhor com o transtorno. Mas os custos geralmente são altos e nem sempre encontram-se alternativas no setor público.

“Aqui em Ubatuba a gente encontra uma grande dificuldade. Tudo precisa de dinheiro para fazer os tratamentos. No Posto de Saúde do meu bairro eu tentei ver se ele conseguia fazer alguma terapia. Mas não conseguimos, porque eles dão preferência para crianças com mais dificuldades e deixam outras para lá”, desabafa a mãe.

Andréa conta que Davi sofre com o preconceito. Ela crê que a falta a informação seja algo bastante prejudicial e que aflige até mesmo os profissionais da Educação e da Saúde. “Acho que muitas vezes eles precisam de treinamento para saber lidar. Porque isso (o autismo), ainda é muito novo para todo mundo”.

Na escola, com os colegas dele, também não é muito diferente, algumas crianças (normalmente as que não fazem parte do grupo dele) não entendem muito bem o que o Davi tem e acabam isolando-o. “As crianças são muito transparentes, se elas vêem uma pessoa que tem um jeito que as assusta, elas vão colocar isso para fora e demonstrar que não estão acostumados com aquilo. Então, cabe aos pais ensinar. Mas muitos deles não sabem também como fazer isso”, relata.

Andréa teve que abrir mão de sua profissão para cuidar de Davi, que hoje tem sete anos, e ainda tem dois filhos mais velhos. Um garoto de 16 e uma moça de 20. Atualmente ela espera que no futuro o filho consiga se desenvolver e viver de forma independente. A mãe espera que seu filho entenda a vida como ela é. “Viva de forma simples e bem, sabendo lidar com o preconceito na sociedade que sempre vai existir”.

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