Cidades

Moradores da Costa Sul Organizam 1ª Feira do Verde

Tamoios News
Divulgação

Divulgação

Um grupo de moradores da Costa Sul, com o apoio da Prefeitura de São Sebastião, por meio da Sectur (Secretaria de Cultura e Turismo), organiza a 1ª Feira do Verde, a ser realizada em Boiçucanga nos dias 10 e 11 de outubro, com enfoque na Cultura Caiçara.

Idealizada pela jornalista Sílvia Regina do Amparo, o evento visa mostrar a importância que as ervas tinham para os nativos da região. Isto porque, naquela época, não havia postos de saúde, clínicas particulares ou médicos que atendesse às comunidades como ocorre atualmente.

Muitas doenças, segundo ela, eram tratadas pelos antigos com plantas medicinais. “Ainda é comum nos dias de hoje, apesar do avanço da medicina, ver alguns caiçaras preparando remédio para cuidar, por exemplo, de uma gripe”, frisou Sílvia.
A gripe e a tosse eram combatidas com o xarope das folhas de guaco, limão, hortelã ou de laranja.

De acordo com a organização, no local haverá “stands” (espaços reservados) onde o visitante poderá aprender com os caiçaras a preparar remédios caseiros e vários tipos de chá. A feira também contará com exposição e vendas de plantas ornamentais, flores e árvores frutíferas. Quem comparecer poderá curtir, ainda, a banda musical “Os Manos Caiçaras” e apresentações de dança.

Opinião

A iniciativa é considerada bem interessante por alguns caiçaras. É o caso do advogado João Batista Fernandes Filho, morador na área central sebastianense. “Acredito que isso estimule as pessoas a pensarem mais na natureza como fonte primária de vida”, falou.

Ele lembra que as medicações caseiras foram muito utilizadas no passado, mas hoje cederam lugar aos produtos industrializados de pronto uso. Isto porque a indústria farmacêutica estimula o consumo com o peso da propaganda e o baixo custo de venda, o que facilita o acesso da população menos informada sobre o uso desses produtos. “O homem moderno, procurando ser prático e buscando resultados imediatos, prefere o produto pronto, afastando-o da preparação do medicamento natural”, enfatizou João Batista.

Extrativismo

Informações obtidas no portal da Reserva da Biosfera da Mata Atlântica (RBMA) revelam que um estudo desenvolvido pelo Núcleo de Pesquisa sobre Populações Humanas e Áreas Úmidas Brasileiras (Nupaub) mostrou que 63,5% dos trabalhos publicados sobre caiçaras indicam que o extrativismo é uma atividade realizada por essa população tradicional. Além disso, aproximadamente 23% indicaram a importância das ervas medicinais na cultura dos caiçaras. Os dados podem ser comprovados no livro “Sustentável Mata Atlântica: a exploração de seus recursos florestais” (2ª edição atualizada em 2003).

De algumas décadas pra cá, entretanto, a sobrevivência física e material do povo caiçara encontra-se ameaçada por uma série de processos e fatores. Uma das ameaças para as comunidades e ao exercício de suas atividades tradicionais se deve ao avanço da especulação imobiliária, iniciada nas décadas de 1950 e 1960, principalmente com a construção de imóveis secundários ao longo do litoral. Isso obrigou muitos caiçaras a mudar suas casas para longe das praias, onde tinham posses, dificultando a continuidade de seus costumes.

Ainda de acordo com o exemplar, o turismo de massa – sobretudo no litoral norte paulista – também contribuiu para a desorganização das atividades tradicionais e fez com que os nativos se transformassem em prestadores de serviços.

Outro fator que prejudicou a manutenção da tradição caiçara foi a transformação de grande parte de seu território em áreas naturais protegidas, o que resultou em graves limitações a conservação dos trabalhos de agricultura itinerante, caça, pesca e extrativismo.

Estradas

As comunidades caiçaras, segundo o livro, mantiveram sua forma tradicional de vida até a década de 1950, quando as primeiras estradas de rodagem interligaram as áreas litorâneas com o planalto, ocasionando o início do fluxo migratório.

A forma de vida do caiçara até então era baseada em atividades de agricultura itinerante, da pequena pesca, do extrativismo vegetal e do artesanato. A cultura se desenvolveu principalmente nas regiões costeiras dos estados do São Paulo, Rio de Janeiro, Paraná e norte deSanta Catarina.

Contudo, mesmo com as restrições ambientais e o reduzido acesso às áreas de extrativismo, algumas comunidades caiçaras ainda hoje são dependentes dessas atividades realizadas na mata, estuários e mar.

Serviço: O evento acontecerá nos dias 10 e 11 de outubro das 10h às 21h na Praça Pôr-do-Sol, situada na avenida Walkir Vergani, em frente ao mar.

Fonte: Departamento de Comunicação – PMSS-Segov

Deixe um Comentário

O Tamoios News isenta-se completamente de qualquer responsabilidade sobre os comentários publicados. Os comentários são de inteira responsabilidade do usuário (leitor) que o publica.

Esse site utiliza o Akismet para reduzir spam. Aprenda como seus dados de comentários são processados.