Porto São Sebastião

Equipe de reportagem da TV Tamoios News acompanhou o embarque de carga viva no Porto de São Sebastião

O porto de São Sebastião é a única alternativa para criadores de gado de São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul transportarem gado no Sudeste brasileiro. Na última terça-feira (28), mais um navio saiu de São Sebastião com destino à Turquia.

Os animais são comprados vivos, mas para que isso aconteça, é necessário seguir uma série de normas exigidas pelo Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento – Mapa. O negócio só foi possível porque os brasileiros conseguiram atender os critérios de qualidade exigidos pelos turcos que atualmente são os maiores compradores de gado vivo do Brasil.

Só em 2019, os turcos importaram mais de 150 mil cabeças. Eles preferem os animais vivos por questões religiosas, pois os muçulmanos seguem critérios desde a criação até o abate. A equipe de reportagem da TV Tamoios foi autorizada a acompanhar todo o processo de embarque e acomodação dos animais dentro do navio.

Dois veterinários acompanharão os animais em todo o trajeto. A tarefa dos profissionais é cuidar das quatro mil e duzentas cabeças. Serão vinte dias de viagem e todo o processo de alimentação e ventilação precisa ser rigorosamente seguido.

Segundo o médico veterinário Eraldo Pacheco Votto, os animais se alimentam de ração e silagem. “Aqui no navio os animais vão se alimentar com uma ração a base de concentrado peletizado e feno. O foco do trabalho é que o gado tenha conforto, boa alimentação e água limpa dentro do navio. A cada quatro ou cinco dias o navio é inteiro lavado e reposta a cama dos animais”, afirma o veterinário.

São pelo menos 200 homens envolvidos na preparação, vistoria do navio, montagem dos equipamentos e separação da serragem colocada dentro da embarcação para acomodar os bois. Por exigência dos compradores, toda a tripulação precisa ter um treinamento para lidar com o gado, é uma espécie de primeiros socorros que todos precisam saber.

O processo de embarque precisa seguir todas as normas exigidas pelos fiscais que acompanham a entrada dos bois no navio. Nenhum objeto perfurante é utilizado, até as bandeiras que são utilizadas para sinalização dos animais precisam ser conferidas pelos fiscais e técnicos de segurança do trabalho.

A Presidente da Comissão de Proteção e de Defesa dos Direitos dos Animais da OAB de São Sebastião, acompanhou todo o processo de embarque e acomodação dos animais no navio. A Dra, Maristela Rodrigues Leite disse à equipe de reportagem do Portal Tamoios News que os animais estavam todos saudáveis. “De onde eu pude observar, tinha uma média de dez animais, inclusive alguns estavam sentados ou deitados e muito bem alocados. Eu não vi nenhum maus-tratos aos bois, inclusive aqueles animais que estavam nas baias que eu pude observar, todos estavam perfeitos”, afirmou a advogada.

Já o auxiliar de veterinário, Jeferson Silveira explicou como acontece a acomodação dos animais na embarcação. “Nas mangueiras simples, ficam dez animais. Nas mangueiras duplas, ficam de 20 a 21 animais por causa dos espaços. Cada cocho de comida comem até quatro animais, então conforme a mangueira existe um número adequado de cochos para os animais comerem”, disse o auxiliar veterinário.

A viagem terá uma duração de 20 dias até à Turquia, e os cuidados com animais precisam de uma atenção ainda maior no trajeto. Todos os animais passaram por uma análise criteriosa. Nenhum animal doente pode embarcar, o que pode ocorrer por conta do tempo da viagem são pequenas lesões ou brigas por sodomia. Dentro do navio até existe uma baia para atendimento médico aos animais. “Essa é uma baia direcionada para ser hospital. Caso algum animal se machuque, fique doente ou tenha alguma lesão devido a uma briga, nós o trazemos para essa mangueira específica para receber um tratamento especial, com mais cama, com uma comida diferenciada além de receber os medicamentos apropriados para cada situação”, finaliza o veterinário.