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Pesquisa aponta alta no preço da cesta básica nas cidades do Litoral Norte

Tamoios News
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A pesquisa da Cesta Básica Alimentar é realizada pelo Centro Universitário Módulo e a Faculdade de São Sebastião – FASS, duas instituições do Grupo Cruzeiro do Sul Educacional, desde janeiro de 2018, nos quatro municípios do Litoral Norte do Estado de São Paulo: Caraguatatuba, Ilhabela, São Sebastião e Ubatuba. A pesquisa utiliza metodologia similar à aplicada pelo DIEESE – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos – em São Paulo para verificar os preços e as variações de 13 produtos básicos de alimentação. O objetivo da pesquisa é identificar a variação dos preços dos produtos que compõe a Cesta Básica Alimentar nos municípios do Litoral Norte do estado de São Paulo. A coleta de preços é feita mensalmente em 12 supermercados, 3 em cada um dos municípios.

Resultado no mês (agosto de 2021)

O preço da cesta básica no mês de agosto no Litoral Norte/SP aumentou em todos os municípios. A Tabela 1 indica a variação nos preços da cesta básica nos quatro municípios no mês de agosto, em relação ao mês de julho. Entre os municípios as variações foram: Caraguatatuba (+ 1,90%), Ilhabela (+ 1,36%), São Sebastião (+ 0,42%) e Ubatuba (+ 1,56%). A média dos preços nos municípios aumentou de R$ R$ 595,13 em julho, para R$ 603,10 em agosto (maior preço da cesta na história da pesquisa), alta de 1,34%, muito semelhante variação do mês de julho de + 1,29%.

Tabela 1 – Variação e preço da Cesta Básica Alimentar

O Gráfico 1 apresenta o preço da cesta básica nos 4 municípios do Litoral Norte e a média em agosto de 2021. O preço da cesta básica mais elevado foi registrado no município São Sebastião R$ 614,68 e o menor preço em Caraguatatuba R$ 591,62. A diferença entre a cidade que tem a cesta básica mais cara (São Sebastião) em relação a mais barata (Caraguatatuba) foi de 3,90%.

Gráfico 1 – Valor da Cesta Básica em agosto de 2021, em reais

Dos 13 produtos que compõe a cesta, em agosto, 9 apresentaram alta nos preços e 4 apresentaram recuo na comparação com os preços do mês de julho, conforme apresentado na Tabela 2. Os produtos que apresentaram maiores altas no mês de agosto foram: batata (34,74%), café (+ 14,81%) e banana (+ 10,12%). Enquanto os produtos que apresentaram maiores reduções foram: tomate (- 4,78%), arroz (- 3,11%) e carne (- 2,07%).

As principais variações são consequência da sazonalidade típica dos produtos agrícolas. De um modo geral os produtos que apresentaram maior variação em julho são aqueles com a maior variação em agosto, mas com sinais trocados. Por exemplo, o tomate que foi o produto com maior alta em julho, apresentou a mais forte redução em agosto. A batata foi o produto com a mais expressiva redução em julho e apresentou a maior alta em agosto. Variação semelhante ocorre com a banana, redução em julho e alta em agosto. Há casos como do café, açúcar e manteiga com alta mais elevada nos dois últimos meses. Essas variações são melhor explicadas na sequência.

Tabela 2 – Variação em percentual nos preços dos produtos que compõe a Cesta nos últimos dois meses

O aumento no preço da batata (34,74%) é consequência redução da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de julho, quando havia excesso de oferta. As geadas no início do mês de agosto também contribuíram para a redução da oferta e o aumento no preço do produto. Cabe destacar que há um nova safra chegando ao mercado o que pode contribuir para a redução nos preços do produto já nas primeiras semanas de setembro. A elevação no preço do café é consequência da redução da produção com a seca intensa em 2021 e as geadas do início de agosto. Para a CONAB Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a safra atual não deve ultrapassar 48,8 milhões de sacas de 60 kg de grãos, redução de 22,6% em relação ao período anterior (fonte: Agência Brasil https://agenciabrasil.ebc.com.br/
economia/notícia/2021-08/quebra-da-safra-e-exportacoes-devem-elevar-o-preco-do-cafe-em-ate40).

O açúcar também figura entre os produtos com maior preço nos últimos cinco meses, o que é consequência da maior elevação dos preços internacionais do produto e da queda da produção de cana-de-açúcar no Brasil, reflexo da seca mais intensa em 2021. Consequentemente ocorreu a redução da oferta de cana-de-açúcar, o que provocou o aumento dos preços dos seus derivados como o açúcar e o etanol (produto que não é objeto dessa pesquisa).

O preço da banana apresenta alta após três meses consecutivos de queda, resultado da redução da oferta com o clima mais frio (geadas) que provou a redução da produção nas regiões Sul e Sudeste.

A redução no preço do tomate é consequência do aumento da oferta disponível no mercado e do realinhamento de preços em relação ao mês de julho. Nos últimos três meses há um efeito gangorra na oferta e preço dos produtos, as variações da produção resultam na variação dos preços.

O arroz que foi um dos grandes vilões da cesta alimentar em 2020, no entanto, o produto apresentou redução no preço pelo terceiro mês consecutivo. Esse resultado é consequência da maior oferta do produto no mercado com o aumento da produção e das importações.

A novidade do mês foi a redução no preço da carne bovina. Esse resultado é consequência da queda no preço do boi gordo no mercado brasileiro com a estabilização do mercado externo e as dificuldades de demanda no mercado interno. Segundo o Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), o preço do boi gordo teve redução de -2,03% (Fonte: https://cepea.esalq.usp.br/br/indicador/boi-gordo.aspx)

Em setembro dois fatores podem contribuir para as variações nos preços. A suspensão temporária das exportações de carne para a China pode provocar redução nos preços do produto no mercado interno. Um outro fator a ser observado será o impacto no aumento nos preços da energia e combustíveis, que pode contribuir para a alta no preço de alguns produtos. Será necessário aguardar a pesquisa de setembro para verificar os resultados.

Resultados nos últimos 12 meses

A variação nos preços dos produtos da cesta básica nos últimos 12 meses exclui fatores sazonais como a alta e a baixa temporada, características dos municípios litorâneos ou variações decorrentes dos períodos do ano como safra e entressafra, típicas dos produtos agropecuários.

A comparação anual, conforme Tabela 3, aponta o aumento de preços da cesta básica no mês de agosto de 2021 em comparação a agosto de 2020. O preço da cesta básica aumentou nos quatro municípios do Litoral Norte, em Caraguatatuba (+ 28,00%), Ilhabela (+ 24,95%), São Sebastião (+ 24,01%) e Ubatuba (+ 28,56%). Nos últimos 12 meses os preços da cesta apresentaram variação de + 25,32%, muito superior em relação a prévia da inflação nacional que é Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15), cuja variação nos últimos nos últimos 12 meses (de agosto 2020 a agosto de 2021) foi de 9,13%. Ou seja, a cesta aumentou quase três vezes a inflação nos últimos 12 meses.

Tabela 3 – Variação e preço da Cesta Básica Alimentar – 12 meses

O aumento nos preços dos alimentos básicos é muito preocupante, pois atinge mais diretamente a população com menor renda, que gasta proporcionalmente mais recursos na aquisição desses bens. A inflação dos pobres é maior que a inflação média, considerando a redução do poder de compra daqueles que ganham menos. Por exemplo, quem ganha salário mínimo teve reajuste de 5,25%, enquanto o custo da cesta básica teve elevação de 25,32%, quase cinco vezes mais.

A Tabela 4 aponta o preço médio e a variação dos 13 produtos que compõe a cesta básica alimentar nos últimos 12 meses. Entre os produtos que apresentaram maiores variações positivas nos últimos 12 meses, destaque para o tomate (+ 64,36%), café (+ 62,52%), óleo de soja (+56,35%), açúcar (+ 49,80%) e carne bovina (+36,35%). O Único produto que apresentou redução nos preços nos últimos 12 meses foi a banana (- 0,94%).

Tabela 4 – Preços dos 13 produtos que compõe a cesta básica, em reais, nos últimos 12 meses em reais e variação de agosto 2020 a agosto de 2021

O Gráfico 2 aponta a variação nos preços da cesta básica nos últimos 12 meses. O destaque é o preço da cesta alimentar no segundo semestre de 2020, saindo de R$ 477,44 em agosto para R$ 581,59 em dezembro. E em 2021 há uma estabilidade nos preços no patamar elevado, destaque para o preço de agosto de 2021, o maior valor da série histórica.

Gráfico 2 – preço da cesta básica no Litoral Norte nos últimos 12 meses

A Tabela 5 apresenta a variação dos preços nos últimos 12 meses no Litoral Norte.

Tabela 5 – Preço da Cesta Básica nos últimos 12 meses

Em 2021, os preços da cesta básica apresentam ritmo de crescimento menor em comparação ao observado em 2020. No entanto, os preços dos alimentos continuam altos nos últimos 12 meses, com variação muito superior à inflação média ou ao aumento do salário mínimo.

Há preocupação quanto a uma possível alta nos próximos meses em decorrência do frio rigoroso na última semana de julho e nos primeiros dias de agosto e do aumento no preço dos combustíveis e da energia elétrica. As geadas podem ter comprometido a produção agrícola nas regiões sul e sudeste. E a elevação nos preços dos combustíveis e da energia elétrica podem aumentar os custos de produção.

Equipe Técnica