Por Raell Nunes
A cidade de Ubatuba sofre mais uma vez com as chuvas que invadem as ruas, escolas, lugares públicos e até mesmo casas na localidade. As condições climáticas desfavoráveis comeram na madrugada dessa quarta-feira (21) e continuaram nesta quinta-feira (22).
A problemática pode se estender no decorrer dos dias, uma vez que o Centro de Previsão de Tempo e Estudos Climáticos do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (CPTEC/INPE) indica a possibilidade de 90% de pancadas de chuva nesta sexta-feira (23), sendo que o fluxo pode aumentar na parte da tarde.
Por conta do tempo ruim, pontos de alagamentos, pequenas enchentes e enxurradas, registrando 160 mm de chuva e deixando o solo encharcado, Ubatuba voltou a ficar em estado de alerta. Mesmo com todas as dificuldades de transitar nas vias alagadas e casas parcialmente invadidas pelas águas, ainda não existe registro de desabrigados.
Ainda não há vítimas fatais. No entanto, uma mulher foi resgatada pela Defesa Civil, no bairro Ponta grosa. A mesma tentou circular com seu veículo em um local que havia deslizamento de terra, ficou presa, e por isso foi preciso a ajuda do órgão responsável.
Para o coordenador da Defesa Civil de Ubatuba, Guaraçay dos Santos, o limite para chover em Ubatuba é de 100 mm. Conforme aponta, a cidade é a que mais choveu no Litoral Norte de São Paulo. “A única ocorrência que tivemos foi uma queda de barreira na Ponta Grossa, próximo à praia Vermelha do Centro, mas que não causou grandes transtornos”, diz.
Muitos munícipes se manifestaram e começaram a reclamar das condições desfavoráveis, que prejudicam o cotidiano de muitos. Nas palavras de Denise dos Santos Cabral, moradora do Itaguá, a situação do bairro quando chove é insustentável.
“As ruas ficam inundadas. No meu carro entra água e posso perder ele por isso. Ontem morreu no meio da rua, e imagina o desespero. A escola [Profª Altimira] fica horrível. E o lixo? Lixo pra todo lado que enchentes levam”, relata.
Segundo a Prefeitura de Ubatuba, as escolas Profª Altimira Silva Abirached e EMEI Profª Bessie Ferreira Osório de Oliveira, ambas no Itaguá, estão com aulas suspensas sem previsão de retorno. Isso ocorreu devido acúmulo de água provinda do rio. Não existe a possibilidade de entrar nos locais. A data de volta às aulas ainda é incerta.
Outra questão que aborrece a população é a poluição do rio Acaraú – o mais poluído do Litoral Norte –, aliada ao trasbordo quando chove intensamente. Para o militante ambientalista e presidente da ONG Amigos na Preservação, Proteção e Respeito a Ubatuba (APPRU), a água do rio sofre com a eutrofização – um fenômeno causado pelo excesso de hidrogênio e fósforo nas nascentes.
“Além de poluir as praias, e deixá-las impróprias, essa poluição contamina a população e esses visitantes. A poluição das águas dos rios, contaminam as praias. Ubatuba tem menos de 33% de coleta e tratamento de esgoto. A cada ano aparece uma praia imprópria”, acrescenta.
