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Moradores da Enseada relembram histórias da Capelinha

Tamoios News

Por Simone Rocha

A antiga Capela Bom Jesus, na Costa Norte, está sendo reformada pela prefeitura de São Sebastião. No local vai funcionar o “Museu do Bairro da Enseada”. A reforma deve ser concluída ainda este ano. Os moradores estão felizes com o fato de poder ter a Capelinha, como é carinhosamente chamada, de volta. Muitas são as histórias
que envolvem esse patrimônio do bairro.

Darçone Trindade Ferreira é uma das caiçaras que lutou e torcia pela restauração da capela, assim como outros moradores da Enseada. “A comunidade nunca aceitou que a Capelinha fosse demolida, como alguns ex-governantes já cogitaram”, relembra.

Darçone lembra que quando criança brincava na árvore ao lado da capela

Darçone costumava brincar em toda a área em volta da igreja. Subíamos naquelas árvores, que são os mesmos Chapéus de Sol da época, só que agora bem maiores. Meus avós frequentavam a missa e depois de alguns anos a quantidade de fiéis aumentou. Com a construção da estrada o padre e demais membros da igreja acharam melhor construir um novo local, porque a atual estava pequena e havia se tornado perigoso para as famílias atravessarem a pista”, conta.

Ela conta que depois da mudança da igreja, a capelinha era usada nas reuniões da Sociedade Amigos de Bairro. “Também tinha aulas de Datilografia, ministradas pela mulher do ex-prefeito Luizinho, a Maísa. O Grupo de Jovens da igreja se reunia lá, a  Defesa Civil usou a capelinha como uma base da Costa Norte por alguns anos,
entre outras atividades que aconteciam lá. Depois o local foi abandonado, os moradores de rua e vândalos destruíram praticamente tudo. Tínhamos muito receio de perder a capelinha, pela ação do tempo e abandono”, emociona-se.

Cirilo da Silva, conhecido como Tuta, é vizinho da Capelinha desde os nove anos de idade, atualmente tem 65. “Meu pai tinha armazém aqui ao lado de casa. Eu me lembro de muitas festas juninas que tinham na capelinha, com muitas barracas e pau de sebo, que as crianças adoravam. Todo domingo eu participava da missa.
Lembro que tinha um padre, que não gostava de fogos de artificio e ficava bravo com o pessoal que gostava de soltar fogos nas festas. Ele era muito sério e ao passar com a procissão pelas ruas do bairro olhava com cara feia para as pessoas que estavam jogando bola ou fazendo outras atividades. Achava que era falta de
respeito”, relembra.

Cirilo recorda das festas juninas

Sebastião Salomão de Oliveira, de 86 anos, foi um dos construtores da torre da capelinha. “Construí a torre com a ajuda de mais dois amigos”, recorda-se. Ao finalizar a construção eles pegaram o sino, que ficava em uma janela no interior da igreja e foram instalar na torre. “Quem disse que passava? O sino não passava! Não dava para cortar a parede porque era concreto armado e naquela época não existia equipamento para isso. Colocamos o sino de volta ao local anterior e fomos contar ao padre, que ficou uns minutos pensando e disse: Sabe o que vocês são? Burros!”, conta Tião Salomão, que nunca mais esqueceu daquela bronca.

Salomão disse que bomba rachou a parede da capelinha

Sebastião conta que em uma das festas do Padroeiro, ele e um amigo, que trabalhava no DER, o Manuel Ferreira, Maneco, tiveram a ideia de fazer uma bomba com três dinamites para estourar no dia da festa. “ No dia da festa colocamos a bomba enterrada na areia, a uma distância de 5 metros da igreja. A explosão da bomba rachou a parede, as imagens de santos da igreja caíram no chão. O padre me fez colar o pescoço do São João, que ficou torto até hoje, se você observar ele na igreja. Fiquei um mês de castigo sem poder brincar na rua!”

A Capela São João do Bom Jesus, no bairro da Enseada, construída em 1956,  foi palco de importantes ações litúrgicas, missas, casamentos e batizados de moradores daquela região. São muitas as histórias que envolvem a capelinha da Enseada, agora é só aguardar a abertura do Museu da Enseada, que vai funcionar no local e ouvir essas e tantas outras histórias diretamente dos protagonistas, que com certeza vão frequentar o museu. De acordo com a Fundação Educacional e Cultural Deodato Santana no local também haverá encontros, festas e eventos culturais.