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​Mulher cria 9 filhos trabalhando como faxineira e começa a estudar aos 59 anos em Ubatuba

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Raell Nunes
Raell Nunes

Com a morte do marido, ela terminou de criar sozinha os nove filhos

Ela trabalhou na roça, fez faxina, superou a morte do marido, terminou de criar os nove filhos e hoje cursa a 1ª série do ensino fundamental 

Por Raell Nunes, de Ubatuba

No Brasil contemporâneo o trabalho infantil é crime, mas na década de 60 não se tinha essa preocupação com as crianças, ainda mais no cotidiano rural. Foi por isso que Antonia Pacifico da Silva começou a trabalhar quando ainda tinha oito anos, na roça da cidade onde nasceu, Natividade da Serra (SP). 

Naquela época era comum que acontecesse um casório na juventude. Com ela não foi deferente. Casou-se aos 18 anos, com Daniel Benedito da Silva. Não tardou para que o casal tivesse um filho, uma menina, que hoje tem 41 anos. Depois do primeiro bebê veio mais um e depois mais um até chegar ao nono, que é a caçula – atualmente com 23. 

Antonia Pacifico, veio para Ubatuba com sua família por questões pessoais. Assim que chegou à cidade enfrentou muitas dificuldades. Começou a trabalhar como faxineira, para ajudar no sustento da casa. “Eu limpava 13 casas na semana e uma igreja também. Não era fácil”, disse. 

Um dos dias mais sofridos da vida de dona Antonia, como ficou mais conhecida, foi o dia 21 de junho de 2002. Seu marido já sofria de diabetes, o que era motivo de preocupação. Mas às 23h50, no Hospital Santa Isabel de Clínicas, em Taubaté, o médico Getúlio Bonelli disse que o esposo da faxineira havia falecido.

Mesmo com alguns filhos crescidos, a notícia da morte do pai de família foi u choque para todos. Porém, dona Antonia não desistiu: continuou trabalhando e educando sozinha os filhos, de maneira simples, das lições que aprendera na roça.

“Eu me sinto satisfeita. Consegui terminar de criar os meus filhos através do meu trabalho honesto que exerci há anos. Hoje estou bem. Recebo uma pensão pela morte do meu marido e fico mais em casa. Pena que meus filhos se casaram e moram longe. Só sobrou dois. Sinto falta”, afirmou a viúva.

Um novo desafio tomou conta da vida de dona Antonia. Aos 59 anos, longe do trabalho pesado, ela resolveu começar a estudar. “Quero aprender a ler e escrever. Nunca tive estudo. Quero vencer mais essa”, disse sorrindo. A estudante começou esse ano e está cursando a 1ª série do ensino fundamental, na escola pública Municipal Madre Maria da Glória. 

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