No último domingo (2), a Praia do Perequê recebeu o 1º Festival Afro de Ilhabela, um projeto elaborado pela diretora patrimonial, histórico e cultural, Eloiza Lourenço, junto à 4° edição Rainha do Mar. O evento, que homenageou Iemanjá, orixá conhecido nas religiões de matriz africana como a protetora dos mares, foi marcado pela união dos terreiros, pais e mães de santo e zeladores dos terreiros do município em suas diferentes casas de culto, como Angola, Umbanda, Ketu e Jêje.
O festival foi uma iniciativa em celebração ao Dia de Iemanjá, comemorado em diversas cidades do país no dia 2 de fevereiro. A programação deu início com a preparação e decoração do local feitas pela comunidade e ao som do Grupo de Maracatu Marambu. Na sequência, os presentes participaram da “Àdúrà” (Oração) e do “Xirê”, que consiste em danças e cantos em homenagem aos Orixás, com foco especial em Iemanjá.
O cortejo até o Píer do Perequê e a oferta das flores à Iemanjá encerraram a homenagem, simbolizando o respeito e a devoção. Na sequência o público pode aproveitar o show musical de Nico do Pagode e sua banda, trazendo músicas e cantos inspirados e trazidos deste meio cultural, com o projeto “Salve a Malandragem”.
O Pai de Santo, Júlio de Osanha, ressaltou a importância de eventos como esse, para que as religiões e a cultura afro-brasileira sejam disseminadas no município. “O público pôde sentir que a paz, o amor e a fraternidade é a base da nossa fé e que viemos demonstrar a nossa fé à mãe de todos”, destacou.
Já o Ogã Cleber, declarou: “Nós, o povo do axé, somos todos filhos de Iemanjá e estamos felizes com o movimento negro sempre ao nosso lado, nos fortalecendo. Temos certeza de que nossa mãe de todos, está feliz por mais essa conquista em seu nome”.
O evento contou com o apoio da Prefeitura de Ilhabela, Associação do Movimento Afrodescendente de Ilhabela e Zeladores de Terreiros de Ilhabela.
Cultura e resiliência
A homenagem à Iemanjá representa, além do culto em si, também um ato de resistência e resiliência ao povo do culto afro-brasileiro. A devoção tem raízes profundas na cultura africana, especialmente entre os iorubás, povo originário da África Ocidental. Considerada a mãe de todos os seres, Iemanjá é associada à fertilidade e à proteção, sendo uma figura central nas religiões de matriz africana. Sua veneração foi trazida ao Brasil pelos escravizados africanos e permanece viva como um símbolo de resistência e identidade cultural.
O Festival Afro de Ilhabela promove uma reflexão sobre a cultura em seus diversos aspectos e origens, tolerância religiosa, integração e respeito, fortalecendo o diálogo intercultural no município.
