Cerca de 70% dos pacientes que precisaram de ventilação mecânica no tratamento da Covid-19, no Hospital Regional do Litoral Norte (HRLN), conseguiram se recuperar e muito mais do que isso, foram capazes de sair andando após a alta médica. O alto índice de superação e recuperação foi comprovado mais uma vez na semana passada, quando o enfermeiro Juliano Carvalho, de 37 anos, recebeu alta e deixou o Hospital caminhando até o carro da família.
“O paciente Juliano ficou internado por 40 dias, desses mais de 20 contando com ajuda de ventilação mecânica, na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Por ficar tantos dias acamado, perdeu muita força muscular, não conseguia ter equilíbrio. Mas desde que entrou aqui iniciamos o trabalho de fisioterapia, mesmo ainda entubado, já sentava e ficava em pé. Progredimos logo após fazendo testes de mobilidade, marcha, simulação urbana (que é uma série de exercícios que preparamos simulando as dificuldades encontradas na rua para saber como o paciente andaria e ter certeza da sua recuperação) e hoje ele está independente funcional”, comemorou Jaqueline Mancuso, fisioterapeuta da UTI HLRN.
Atualmente, o trabalho realizado pela fisioterapia, em conjunto com a equipe médica e multiprofissional do Hospital, visa, além da superação total da Covid-19 pelos pacientes, a reinserção na vida cotidiana, com total habilidade psicomotora e clínica geral.
“Trabalhava na ala Covid em outra instituição de saúde da cidade, e quando comecei a sentir os sintomas fiz o tratamento em casa e não melhorei. Fui à UPA e depois me direcionaram para o HRLN. Foi assustador, sou enfermeiro, vejo isso acontecendo com paciente, mas jamais imaginaria que fosse acontecer comigo. Mas tive fé. O trabalho com a fisioterapia foi muito difícil no começo, porque a Covid rouba a sua força, eu não conseguia me comunicar, não conseguia fazer gestos, foram 21 dias de cama, entubado, não sei o que aconteceu com o meu corpo. Mas, não conseguia escrever e fazer nada. Com a fisio dia após dia fui progredindo, ” comentou o enfermeiro Juliano.
Antes de sair do HRLN, Juliano ainda falou sobre a dificuldade do isolamento e agradeceu o apoio de toda a equipe do Hospital. “A Covid-19 afasta, deixa a gente longe das pessoas, não podemos dar um abraço, dar um beijo. A gente é carente disso e não sabe. Por isso, foi muito importante poder fazer a videochamada e ver minha família. Agora, para os meus companheiros de trabalho, eu não tenho o que dizer, não tenho como explicar, não esperava essa atitude deles, é muito amor. Esperava que um colega viesse e falasse que vai ficar tudo bem, mas não dessa forma, foi diferente, foi fora do normal. A atitude deles comigo foi coisa de Deus. A única coisa que posso dizer para todos é: tenham fé, calma e paciência – tanto para quem cuida quanto para quem é cuidado”, concluiu Juliano.
O Hospital
Sob gestão do Instituto Sócrates Guanaes, o Hospital Regional do Litoral Norte foi construído pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo em parceria com o Banco Interamericano de Desenvolvimento para dar cobertura à quatro municípios: Caraguatatuba, Ubatuba, São Sebastião e Ilhabela. Inaugurado antecipadamente em março deste ano diante da pandemia do novo coronavírus, o Hospital está atualmente voltado para atendimento de pacientes suspeitos ou diagnosticados com Covid-19.
Cerca de 79 pessoas já foram tratadas na instituição desde a sua inauguração, desse número, mais de 40 estiveram entubadas. Nesta segunda-feira(20), dezesseis pessoas estão internadas na UTI e outras seis, em leitos de enfermaria. Por Thais Almeida/ISG