Mais intimista, espetáculo com Fause Haten leva à emoção e reflexão da plateia
O renomado estilista Fause Haten encantou a plateia na última sexta-feira, 16, no Teatro Municipal de São Sebastião. Fause é ator, idealizador e diretor da peça “A Feia Lulu”, que conta a história do relacionamento do designer de moda francês Yves Saint Laurent (1936-2008) e do empresário Pierre Bergé, narrada em fragmentos inspirados em La Vilaine Lulu, personagem de história em quadrinhos criada por Saint Laurent na década de 50 e publicada em 1967.
O espetáculo, que faz parte do Circuito Cultural Paulista e foi realizado em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo do município (Sectur), é uma produção coletiva – a direção tem parceria de Fábio Retti e Gregory Slivar, Francisco Carlos, Marina Caron e Ondina Clais Castilho. Fause, que divide o palco com a atriz convidada Olivia Martins, surpreendeu o público pela intensidade dos quatro personagens que interpreta na peça, que estreou em abril de 2014.
“Faço Saint Laurent, Pierre Bergé, o próprio Fause Haten e a Feia Lulu, essa bonequinha baseada em La Vilaine Lulu, criada por Saint Laurent para história em quadrinhos, que entendo como quase um alter ego ( “o outro eu”) dele. Um menino que sofreu na infância, no exército, que passa uma série de problemas e tinha essa boneca perversa, que matava amigas, incendiava cozinha, tinha histórias cruéis mas, no cartão seguinte, todo mundo estava brincando junto, como se passasse uma borracha e limpasse tudo”.
Relações
Conhecido no mundo da moda, Fause tem um pensamento cênico que o acompanha e sempre teve vontade de fazer um trabalho em teatro. “Bateu a ideia de falar de Saint Laurent e Pierre Bergé. Passei dois anos pesquisando a vida deles e achei interessante. Mas, durante o processo de criação, percebi que o Fause também ia entrar como personagem”. Foram seis meses de criação para a estréia, no ano passado, que ficou duas temporadas em São Paulo e atualmente percorre o interior do Estado pelo Circuito Cultural Paulista.
No entanto, a peça acompanha Fause que, no início, conta a experiência de ter perdido sua empresa. “É um pouco o que aconteceu com Saint Laurent quando deixa a dele e outras pessoas vão usar o seu nome. Usei esses meus sentimentos para viver os sentimentos dele e tem sido um trabalho que surpreende e emociona as pessoas”. Para Fause, essas relações “de uma hora ter poder e outra ser submisso acompanham as pessoas. A gente vive muito isso: tentar entender e lidar com as coisas, com seu corpo, como é isso de enlouquecer uma hora, de viver essa perturbação interna. Para mim, o grande momento é quando vejo a cena do documentário em que ele fica passando spray nos bastidores, o desfile acontecendo e ele perdido. Parece que a pessoa tem tudo, mas ela continua infeliz. Como conviver com isso, como ser feliz? O teatro faz essa reflexão”, explicou Haten.
Emoção
Em visita ao município, o casal de Belo Horizonte, Ivan Ferreira Cury e Isabela Cristo, se encantou com o espetáculo. “A gente não conhecia essa faceta dele. Conhecemos o trabalho como estilista e o ator é uma completa surpresa”, disse Ivan. Já Isabela se emocionou muito no final. Carla Meier, moradora de São Sebastião, achou a peça maravilhosa. “É muito interessante ter essas informações, saber a história, é uma viagem na vida do estilista que eles expressam muito bem”.
Professor de teatro no município, Fernando Rufino disse que o espetáculo autoral é “meio uma redenção do autor e ator que propôs lidar com suas angústias, suas frustrações, de maneira poética através do teatro. Ele expressa o momento da ruptura em que vende a marca e consegue fazer uma ponte com a história de Yves Saint Laurent que é dramática nesse sentido. Tem muito exercício coreográfico, rítmico, trilha sonora, iluminação, um espetáculo muito poético”.
Fonte: Departamento de Comunicação – PMSS-Segov
