A cidade mais antiga do litoral norte, São Sebastião comemora na próxima terça-feira, dia 16/3, 385 anos de emancipação político-administrativa. A população oficial é de 90 mil habitantes, mas desde o início da pandemia, em 2020 aumentou, muitos veranistas decidiram mudar para passar a quarentena na cidade. Os 100 quilômetros de litoral, com mais de 30 praias cercadas de verde, devido em parte à proibição da verticalização (construção de prédios) pelas leis municipais, torna a cidade um refúgio em meio a natureza deslumbrante.
Infelizmente este ano a cidade não tem muito o que comemorar devido a pandemia do coronavírus e para demonstrar um pouco do que pensam as pessoas que escolheram a cidade para viver ou como seu destino de lazer, o portal Tamoios News entrevistou alguns moradores e visitantes para representar parte dos apaixonados por São Sebastião.
Legítima caiçara
Tereza Braz dos Santos, 60 anos, casada, com cinco filhas, nasceu na Costa Sul, em Barra do Una, e atualmente mora em Boiçucanga. “Minha infância foi muito boa em Barra do Una, antigamente as casas não tinham cerca e nem muro, nós éramos bastante livres. Existiam muitos festejos em todos os bairros, mas isso foi se perdendo com o tempo. Uma coisa que marcou quando eu era criança é que todo dia de tarde as famílias se reuniam, um dia na casa dos meus pais, que tinham um rádio e um dia na vendinha do bairro, que também tinha um rádio para ouvir a Voz do Brasil. Enquanto os pais ouviam, as crianças ficavam correndo e se divertindo” relata.
Do “interiorzão” para São Sebastião
Eloiza Helena Tajara da Silva, de 72 anos, casada e mãe de três filhos, adotou São Sebastião como seu refúgio de lazer e descanso. Ela mora em São José do Rio Preto, no interiorzão de São Paulo. “Meu pai comprou um terreno em Barequeçaba e construiu nossa casa há 48 anos, mas antes disso já frequentávamos a praia. Posso garantir que não passamos um ano desde essa época sem vir a Barequeçaba, no mínimo duas vezes por ano e por mais de 30/40 dias”, revela.
“Sinto como se fosse a minha cidade, a minha casa. Passei minha lua de mel no hotel Arrastão e criei meus filhos durante as férias nas ondas tranquilas de Barequeçaba.
Antes disso, ela veio para o litoral norte em um curso do Cebimar, na época em que era estudante de Biologia da USP.
“Quando vim pela primeira vez a São Sebastião, para passar uma semana fazendo um curso de Biologia Marinha, no Cebimar (na época chamava Instituto de Biologia Marinha), a energia elétrica era fornecida por um gerador que parava de funcionar às 10h da noite”, conta.
Cidadão sebastianense
O paulistano Luiz Tadeu de Oliveira Prado, de 76 anos, advogado há mais de 30 anos, veio inicialmente para Ilhabela, mas conta que criou seus três filhos nas terras sebastianenses. “Moro no bairro Morro do Abrigo há 20 anos. Quando mudei pra cá a cidade era mais tranquila, o trânsito era bom, não tinha violência e dessa forma tive condições de me estruturar profissionalmente e construir minha clientela. Fico triste em ver que deixamos de liderar as demais cidade do litoral norte, por exemplo, com o nosso comércio e a parte de serviços, que deixam a desejar, mas temos como ponto forte a natureza e nosso povo, que é tranquilo”, desabafa.
Presidente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de São Sebastião por nove anos (2000/2008) e Conselheiro Estadual da OAB, Luiz conta que recebeu com muito orgulho o título de cidadão sebastianense. “Foi a cidade que abracei, colaborei e participei de muita coisa, sempre pensando no bem estar de São Sebastião”, emociona-se.
Amor antigo
Ina Hercilia Cavalcante de Oliveira, servidora pública federal do executivo, aposentada pelo INPE (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais em São José dos Campos) é manauara e está entre São José dos Campos e São Sebastião há 15 anos. “Há três anos e meio moro na Vila Amélia, mas vivo subindo para São José. Eu me apaixonei por esta cidade, pois ela é um ótimo local para viver. Conheci meu caiçara aos 46 anos, na Praia do Arrastão, no antigo Lord Jim, eu estava com minha irmã “mana Joedisa”, manauara como eu. Aqui vivi e vivo parte da minha história com minha família! Amo essa cidade!”, declara-se.