Saúde e Bem Estar

Hospital de Clínicas tem vagas limitadas para pacientes com diagnóstico de câncer

Tamoios News
Leonardo Rodrigues/PMSS
Leonardo Rodrigues/PMSS

Em entrevista coletiva, secretário de saúde e adjunto falaram sobre os problemas da restrição de vagas

Problema começou no início deste ano, quando o hospital de referência restringiu as vagas para primeira consulta

 Por Nívia Alencar

A Secretaria de Saúde de São Sebastião tem enfrentado dias mais difíceis, desde o início deste ano, quando o Hospital de Clínicas foi obrigado a restringir o serviço de quimioterapia.

O problema ocorre porque pacientes com diagnóstico de câncer necessitam de primeira consulta com médico para iniciar o tratamento, que agora foram limitadas em seis vagas ao mês. Antes, o sistema era “porta aberta”.

As vagas são para a primeira consulta, em caso de câncer, com dermatologista, urologista, gastroenterologista, ginecologista, mastologista e oncologista clínico. “Havendo dois casos de câncer de pele no mesmo mês, só podemos encaminhar um paciente ao atendimento credenciado, que é o Hospital São Francisco, em Jacareí”, explica o secretário adjunto de Saúde, de São Sebastião, Marcos Salvador Mathias.

No município, a ala de oncologia foi iniciada em 2007, por meio de convênio entre o Hospital de Clínicas e o Hospital São Francisco, que tem o credenciamento do governo do Estado para viabilizar este serviço.

Desde então o HC passou a ter condições de atender pacientes de câncer, das quatro cidades do Litoral Norte, para a quimioterapia, bancada por intermédio do hospital de Jacareí, com recursos públicos federais.

Pressão financeira – O secretário de Saúde de São Sebastião, Urandy Rocha Leite, em recente entrevista coletiva, afirmou que o município de Jacareí teria sofrido pressão financeira para realizar o atendimento a pacientes de câncer, o que gerou a limitação de vagas também em São Sebastião.

Hoje, nosso município tem um custo aproximado de R$ 40 mil/mês (repasse da prefeitura ao Hospital de Clínicas) para bancar insumos e salários (enfermeiro, auxiliar de enfermagem, psicólogo, farmacêutico, além de exames pré e pós a quimioterapia, demanda das quatro cidades), exceto medicamentos específicos para oncologia e salários de dois médicos oncologistas do Hospital São Francisco.  

O governo federal repassa recursos ao governo do Estado que credencia hospitais capacitados para prestar os serviços de quimioterapia, radioterapia e cirurgias.

Conforme Leite, Jacareí começou a limitar o número de vagas, alegando que o recurso repassado a Jacareí não é suficiente para a demanda, o que já teria feito a prefeitura daquela cidade a dispor cerca R$ 1 milhão de seu próprio orçamento.

O secretário adjunto, Marcos Mathias, afirma que atualmente 20 pacientes recebem quimioterapia no Hospital de Clínicas, às quartas e quintas-feiras. Trata-se de pacientes das quatro cidades do Litoral Norte.

Antes da limitação de vagas para a primeira consulta, a média era de 50 pacientes por semana para estas sessões. “O Hospital de Jacareí nos obriga que as consultas sejam em suas dependências e limitadas em seis vagas ao mês, uma para cada especialidade citada; ao restringir as vagas, o Hospital São Francisco reduz a responsabilidade de dispor recursos para o tratamento de maior número de doentes. Em São Sebastião, a média é 12 novos casos de câncer diagnosticados por mês”, frisa Marcos Mathias.

A Prefeitura de São Sebastião arca com o transporte dos pacientes com diagnóstico de câncer (procedimento feito na cidade), ao Hospital São Francisco, onde farão a primeira consulta a especialista de sua patologia para devido encaminhamento.

Caso o médico considerar que seu paciente necessite de quimioterapia, ele voltará ao Hospital de São Sebastião para iniciar este tratamento, ou seja, na cidade onde reside, o que facilitará sua vida nesta difícil fase.

Fila de espera – A fim de evitar que pacientes com diagnóstico de câncer permaneçam em fila de espera para tratamento, a Secretaria de Saúde de São Sebastião os encaminha a outros hospitais credenciados em Guarulhos e Barretos, onde poderão receber a quimioterapia, mas enfrentando transtorno da viagem.

O secretário adjunto alerta que a redução de vagas para consultas reduz o número de pacientes destinados a quimioterapia no Hospital de Clínicas. “A manutenção deste serviço de alto custo torna-se ociosa, apesar da demanda existente. A norma restritiva imposta pelo Hospital São Francisco tende a encerrar a ala de oncologia do Hospital de Clínicas, o que precisa ser evitado”, conclui.

Urady Leite assegurou que o tratamento de quimioterapia no HC será mantido. Segundo ele, o prefeito Ernane Primazzi, busca diálogo com o Governo do Estado e cogita levar o problema ao Codivap (Consórcio de Desenvolvimento Integrado do Vale do Paraíba e Litoral Norte), a fim de resolver o problema.  

Marcos Mathias afirma que alternativas para resolver este impasse também são solicitadas ao governo federal, como o aumento do teto financeiro aos hospitais credenciados a tratar pacientes de câncer e a criação de emendas orçamentárias ao Hospital São Francisco, em 2016. Ele também cita interesse de os municípios do Litoral Norte bancarem o tratamento a pacientes desta região. “Mas há recursos no Estado, já que o atendimento não foi suspenso em hospitais de Guarulhos e Barretos, por exemplo, que atendem pacientes de São Sebastião. Poderia haver remanejamento de recursos”, cita.

Ainda segundo Mathias, entre os pacientes de São Sebastião diagnosticados com câncer, 323 estão ativos em tratamento em Jacareí (não tiveram alta), 60 estão distribuídos na grande São Paulo, além de 63 fora da capital.

Especialistas em falta – Nenhum município do Litoral Norte dispõe de médico mastologista (câncer de mama), na rede pública municipal de saúde. Um profissional desta área atende somente no Ambulatório Médico de Especialidades (AME), em Caraguatatuba, do Governo do Estado. Segundo Marcos Mathias a carência se deve a falta de profissionais formados. Ele alerta também que especialidades clínicas como pediatria, gastroenterologista e reumatologista tendem a desaparecer porque muitos formandos buscam trabalhar com procedimentos mais complexos, mais rentáveis. 

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