Na madrugada do dia 24 de fevereiro, a Rússia invadiu a Ucrânia. Desde então, o mundo acompanha os desdobramentos dessa guerra. Brasileiros que têm parentes e conhecidos na Ucrânia, como é o caso de Igor Olovko, 74 anos, estão atentos às notícias e buscam saber como estão seus entes queridos.
Olovko mora em São Paulo, capital, mas está passando uns dias no litoral com o filho, que mora em São Sebastião. Ele vem sempre para a cidade, e hoje (09) falou ao portal Tamoios News sobre a guerra na Ucrânia.
Ele é filho de ucraniano com mãe austríaca, nascido na Alemanha e vive no Brasil desde 1951. Possui forte ligação com a Ucrânia, país que já visitou e pelo qual seu pai lutou pela independência. “Eu falava com meu pai sempre em ucraniano, então a língua ucraniana foi a que eu mais falei depois do português”.
“Meu pai lutou pela independência da Ucrânia, que ficou mais de 200 anos fazendo parte do império czarista e em 1917 proclamou a independência, mas só durou quatro anos. Meu pai lutou pela independência da Ucrânia nesta fase, entre 1919 e 1920. Depois o Exército foi aniquilado, entraram os bolcheviques e a Ucrânia passou a fazer parte da União Soviética. Já no Brasil, ele até recebeu uma medalha de honra pela luta pela liberdade da Ucrânia”, conta Olovko.
“Por parte de pai eu tenho parentes na Ucrânia, há dez anos eu e minha esposa fomos pra lá procurar. Eu sabia os nomes, conheci uma pessoa de lá que conseguiu localizá-los, aí achamos os parentes e fomos encontrá-los”, relata.
Notícias da família
Uma das sobrinhas de Olovko que está na Ucrânia tem um filho de 11 anos e está grávida. Ela e o filho estão separados do marido, que permaneceu para defender a região de Cherkasi, a cerca de 160 km da capital ucraniana, Kiev.
No dia da invasão russa, 24 de fevereiro, a sobrinha ouviu as bombas perto de Cherkasi, mas resolveu permanecer lá por alguns dias. Depois, resolveu partir com seu filho para perto da fronteira com a Polônia. Levou junto o filho de uma amiga, que a pediu que o levasse. Na casa onde estão, há várias famílias na mesma situação: não gostariam de deixar a Ucrânia, mas se sentem cada vez mais inseguros e começam a cogitar sair do país. “Um pesadelo em cima das crianças, em cima das pessoas”, lamenta Olovko.

Arredores de Cherkasi. (Arquivo)
Outra parte de sua família, que também é de Cherkasi, deixou o local e foi para o sul da Ucrânia. A mulher foi com o filho e o marido ficou para lutar, história parecida. Mas foram pro sul, perto do Mar Negro. Ele também tem parente em Odessa, cidade costeira ucraniana com o maior porto marítimo do país.
Para Olovko, é emocionante ver a solidariedade de muitos países com o povo ucraniano, por meio de manifestações contra a guerra, doações, nações sendo solidárias neste momento. “Isso deu um encorajamento aos refugiados”, avalia.