O projeto de lei visa relembrar os imigrantes que sofreram na Ilha Anchieta e será comemorado em 18 de abril
Raell Nunes, de Ubatuba
Os vereadores de Ubatuba instituiram o “Dia municipal dos imigrantes búlgaros e gagaúzos bessarabianos”. A proposta, que estabelece o dia 18 de abril para lembrar a data no calendário municipal de eventos, foi proposta pelo presidente da Casa, Claudinei Bastos Xavier (PSDB), durante a sessão de Câmara desta terça-feira (12).
A ideia é relembrar de quando dois mil imigrantes búlgaros e gagaúzos bessarabinos vieram para a Ilha Anchieta, em Ubatuba, no ano de 1926. Nessa época, muitos morreram.
Outros, principalmente crianças, viveram em desumanas condições. Os imigrantes sofreram tanto, porque não queriam se sujeitar a escravidão e condições extremas dos produtores rurais. Toda essa trajetória dramática marcou a história do município.
“Os imigrantes vieram ao Brasil para buscar uma vida melhor e, infelizmente, foram alvo de atrocidades. É muito triste tudo isso. Quando eu tive conhecimento dessa história fiquei indignado”, comentou o presidente do Legislativo, Claudinei Bastos Xavier.
Houve também, em ligação com o projeto de lei, uma homenagem ao pesquisador e escritor Jorge Cocicov, por dedicar parte do seu tempo aos trabalhos para resgatar a memória dos imigrantes búgaros e gagaúzos bessarabianos e expor um pouco desta trágica passagem pelo Brasil e por Ubatuba.
De acordo com assessoria de imprensa da Casa de Leis, o escritor Jorge Cocicov escreveu obras literárias explicando o período em que se teve tal imigração e as dificuldades e injustiças que ocorreram na época, por exemplo, as 151 mortes na Ilha Anchieta, nas quais apenas dez eram pessoas adultas.
“Nós poderíamos até atuar numa comissão da verdade, trazendo à tona todo esse desenrolar injusto que foi imposto aos imigrantes búlgaros e gagaúzos bessarabianos. Eles vieram para o Brasil forçadamente. Esse fato que aconteceu na Ilha Anchieta retrata bem a verdade sobre isso”, disse Jorge Cocicov.