Mensalmente, gestantes da Aldeia Indígena Rio Silveiras, localizada no bairro Boraceia, divisa entre São Sebastião e Bertioga recebem acompanhamento pré-natal pelo médico obstetra, Aurélio Giannoni, enfermeira obstetra aposentada, atualmente voluntária, Carla Bruço e Thais Lima, enfermeira responsável pelo Centro Gestacional Harmonia para a Vida.
Os atendimentos são realizados pela Prefeitura de São Sebastião, por meio da Secretaria de Saúde (SESAU), Fundação de Saúde Pública São Sebastião (FSPSS) e Centro Gestacional Harmonia para a Vida, em parceria com a Fundação Nacional do Índio (Funai), Governo Federal, enfermeira Samira Brum, e ‘Projeto Ciclos da Terra’, idealizado e fundado pela doula, Mey Campos.
Com apoio logístico da Secretaria da Educação (SEDUC), na última sexta-feira (29/7), além das atividades mensais, pintura com as crianças da Aldeia Rio Silveiras e lanches, os exames pré-natais contaram com dança circular que ajuda no desenvolvimento físico e mental das grávidas indígenas, ‘Agosto Dourado’ – campanha de incentivo ao aleitamento materno – e doações do ‘Projeto Ciclos da Terra’ de absorventes íntimos e pastas de dentes.
Cinco gestantes tiveram acompanhamento pré-natal e três faltaram a consulta. Neste caso, ocorre busca ativa para que elas compareceram em outra data.
Projeto ‘Amigas – Assistência das Mulheres Indígenas Guerreiras da Ancestralidade’ – Grupo de Comunicação
De acordo com a enfermeira obstetra aposentada, atualmente voluntária do projeto, Carla Bruço, o mesmo ocorre desde 2021, idealização de Mey Campos e Carla Bruço. Atualmente oito gestantes indígenas, consideradas de alto risco realizam exames, participam de rodas de conversa, e recebem orientações para o desenvolvimento saudável, tanto delas, quanto dos bebês, também, pelo grupo de comunicação exclusivo, via Aplicativo (App) WhatsApp.
Ainda de acordo com Carla, o pré-natal significa, além dos exames necessários para as boas condições de saúde da mãe e do bebê, um maior vínculo e comunicação entre as gestantes da aldeia, conhecimento da cultura local, em relação a saúde da mulher, higiene, e principalmente o resgate ao parto indígena, respeitando suas tradições.
Posto de Saúde da Aldeia Indígena Rio Silveiras
A Prefeitura de São Sebastião, por meio da Secretaria de Saúde (SESAU), em 2019, reformou e readequou o Posto de Saúde da Aldeia Indígena Rio Silveiras, com novos mobiliários, prateleiras de medicamentos; equipamentos de assistência como mesas, cadeiras, divãs, mesa ginecológica, sonar, aparelho de pressão; eletrodomésticos para cozinha, como geladeira, fogão, micro-ondas; pintura interna e externa; recuperação do telhado; e melhorias de acesso.
O investimento foi de aproximadamente R$ 30 mil. Ao todo mais de 300 pessoas foram beneficiadas. Segundo a SESAU, o posto de saúde é de gestão da Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) do Ministério da Saúde, Governo Federal, responsável por coordenar e executar a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas e todo o processo de gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (SasiSUS) no Sistema Único de Saúde (SUS).
No local atendem dois médicos cedidos pela Prefeitura de São Sebastião, sendo um clínico geral e um pediatra. Outros profissionais, como dentista, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes de saúde são contratados diretamente pela Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI).
‘Projeto Ciclos da Terra’
De acordo com a idealizadora, fundadora, educadora e doula, Mey Campos, os ciclos marcam a vida e causam verdadeiras revoluções, como o projeto ‘Ciclos da Terra’ que surgiu, segundo ela, exatamente da necessidade de revolucionar essa luta, tão importante para levar dignidade menstrual, as mulheres indígenas e mulheres em situação de vulnerabilidade social.
O projeto é uma iniciativa da doula e educadora Mey Campos, juntamente com a agente de saúde indígena, Fabiana Fernandes, em que juntas, compõem o ‘Coletivo Amiga’, um grupo formado por mulheres indígenas e não indígenas que prestam assistência humanizada para essas gestantes.
Ainda de acordo com a doula, esse grupo surgiu do Centro Gestacional Harmonia Para a Vida da Prefeitura de São Sebastião, Secretaria de Saúde (SESAU) e Fundação de Saúde Pública São Sebastião (FSPSS), Centro este que oferece atendimento as gestantes, com práticas integrativas para o bem-estar físico e mental das grávidas, sendo o primeiro do mundo, idealizado pela enfermeira obstetra e doula, Carla Bruço.
“O projeto reuniu um grupo muito grande de mulheres e jovens, em uma campanha permanente de arrecadação de absorventes e confecção de eco absorventes, juntamente com o projeto Beco do Picaré que reúne várias artesãs sebastianenses para confecção destes itens de higiene pessoal feminino, orientando sobre educação menstrual, corpo da mulher e conscientização ambiental, desmistificando esse assunto que ainda é um tabu perante a sociedade em que vivemos. Inicialmente o projeto Ciclos da Terra contempla as indígenas guaranis e as xavantes do estado Amazonas.
Pretendemos abranger para que mais mulheres sejam contempladas e tenham acesso a essas informações e queremos transmitir os saberes e conhecimentos a elas para diminuir os impactos gerados no meio ambiente, conscientizando e educando através da higiene menstrual. O corpo feminino é igual a natureza, menstruar é natural e saudável”, finalizou Mey Campos.
Mais informações podem ser obtidas no Centro Gestacional Harmonia para Vida, localizado na Avenida Dr. Altino Arantes (Rua da Praia), Centro Histórico. Atendimentos de segunda a sexta-feira, das 8h às 17h. Telefones (12) 3892-1178 e (12) 3892-1084, Fundação de Saúde Pública de São Sebastião (FSPSS).
Fonte: Departamento de Comunicação PMSS