Muitos dos assaltantes são usuários de drogas e vendem os telefones no comércio ilícito de entorpecentes da região
Por Raell Nunes, de Ubatuba
De todos os roubos que acontecem na cidade de Ubatuba, 70% são de celulares. A reportagem do Tamoios News apurou, por meio dos históricos de boletins de ocorrências, que o aparelho eletrônico é o primeiro item a ser roubado pelos ladrões na cidade.
Essa situação se explica pela liquidez que o produto tem no mercado, já que pode ser vendido rapidamente. Os bandidos focados em obter o telefone móvel, na maioria dos casos, são usuários de drogas.
De acordo com a Polícia Militar, eles vendem aos chefes de pequenos pontos de comércio ilícito de entorpecentes e depois o produto é revendido – o crime acaba lucrando com esse ciclo ilegal.
Por outro lado, em muitas circunstâncias, parte dos traficantes acaba usando os aparelhos vendidos em proveito próprio, uma vez que a comunicação é fundamental entre os criminosos.
Um dependente químico não terá em outro lugar a facilidade que possui para vender o telefone a um traficante. Segundo a polícia, o ladrão consegue trocar o aparelho, em média, por cinco a dez pedras de crack.
Segundo a PM, quando as equipes policiais chegam a um mercado ilegal de drogas e ocorrem apreensões, costumam encontram embalagens de entorpecentes, dinheiro e, no mínimo, três ou mais celulares. Conforme informou, são aparelhos caros, com valor acima de R$ 1 mil.
“Quando o ladrão aborda a vítima, ele pede primeiro o celular, depois a carteira, enfim, os outros pertences”, afirmou o capitão da Polícia Militar de Ubatuba, Assis.
Importância do IMEI
O número do IMEI (Identificação Internacional de Equipamento Móvel) do celular é muito importante para que a polícia tenha êxito na recuperação do aparelho.
Um sistema que vem sendo utilizado pela polícia – ainda é novo – pode rastrear o celular roubado através do IMEI. Isso só é possível se a vítima colocar a numeração no boletim de ocorrência. Existe um tablet em algumas viaturas para chegar se o produto é lícito ou ilícito.
Há três meses usando esse sistema de rastreamento do celular roubado, por meio do boletim de ocorrência e com o número do IMEI, a PM de Ubatuba recuperou dois aparelhos.
“Só não conseguimos recuperar mais, porque, infelizmente, a vítima não coloca no B.O o número do IMEI, pois não sabe, nem anotou. Tem a marca, o modelo, mas não tem o IMEI. Essa situação dificulta nosso trabalho”, disse o capitão.
O IMEI encontra-se atrás da bateria, na carcaça do celular. Esse registro também está na nota fiscal ou na caixa do produto. Através de um código (*#06#), discado no aparelho, é possível visualizar o número.
O alvo dos bandidos é bem diversificado: homens, mulheres e casais. A ação de roubo acontece muito em lugares escuros, mas com circulação. Na hora do acontecido, muitas vítimas estão distraídas, mexendo no aparelho.
Os ladrões não gostam de iPhone, iPad e iPod, pois se o dono do aparelho eletrônico tiver a senha e o número do IMEI é possível rastreá-lo através de um aplicativo. Muitos praticantes de assaltos chegam a jogar fora esses tipos de produto.
Código penal e as vítimas
Em muitas ocasiões, alguns ladrões de celulares oferecem o produto para venda muito abaixo do preço que realmente custa. Por conta disso é preciso que as pessoas estejam atentas, desconfiem e não comprem esses ítens, que podem ser frutos de roubo.
O código penal brasileiro considera crime quando uma pessoa adquire um produto sabendo que é roubado. Indo contra a lei, o infrator pode pegar de três a oito anos de prisão.
“Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade comercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto de crime”.
Junior Augusto Batista, 26, estava indo a uma casa noturna e foi abordado por um rapaz com uma faca. “Perdeu, passa o celular”, ouviu. Ele estava mexendo no telefone e foi muito rápida a ação. Batista não fez boletim de ocorrência e também não tinha anotado o número do IMEI. Teve que comprar outro.
Tatiana Martin, 21, passou pela mesma situação, porém o ladrão encobriu na blusa a possível arma. Ela disse que ficou desesperada. Deu dinheiro, cartão de crédito, mas o primeiro produto roubado foi o celular. Tatiana não quis esperar para fazer o boletim na delegacia, nem no modo eletrônico. Também comprou outro celular.