Nesta semana a ex-vereadora de Bertioga, Valéria Bento (PSD), causou indignação após fazer declarações consideradas polêmicas e preconceituosas em relação à tragédia que atingiu São Sebastião há quase três meses.
Durante uma live em sua rede social, Bento que já foi vereadora por dois mandatos, em 2012 e 2016 pelo MDB, criticou a transferência das famílias desabrigadas para um conjunto habitacional em Bertioga e defendeu que elas deveriam permanecer na região onde sempre viveram. Suas declarações geraram revolta entre lideranças locais e toda população de São Sebastião, que lutam para reconstruir suas vidas após o desastre.
“Quaresmeira virou morro de São Sebastião”, disse Valéria Bento, desqualificando todo cidadão que vive em morro no Brasil. São milhões. A ex-vereadora também afirmou que as famílias desabrigadas não deveriam ser realocadas para outro lugar devendo permanecer na região afetada pela tragédia. “A gente fica triste com o que aconteceu em São Sebastião, ninguém quer perdas de vida, ninguém quer perder nada, porém o que a gente não pode é ficar com braços cruzados e falar ‘coitadinhos’ e agora…”, disse Bento.
Suas declarações geraram revolta entre as lideranças locais e os moradores de São Sebastião, que já sofrem há meses com os impactos da tragédia. Evanildes Andrade, conhecida como Dona Ildes, presidente da AMOVILA (Associação de Moradores da Vila Sahy), área mais afetada com 65 mortes, onde centenas de pessoas tiveram perda total de suas casas, manifestou-se contra as declarações ofensivas de Bento, afirmando que as famílias desabrigadas precisam de apoio e solidariedade, neste momento difícil.
A ex-vereadora afirmou também, “Quando esse pessoal for embora, eles vão levar torneiras, janelas que é de alumínio, o que eles puderam levar eles vão levar”. “Isso só evidencia uma parcela da sociedade que julga, sem os fatos acontecerem, sem conhecer a história de nossa população, chegamos há muitos anos do Nordeste, em procura de oportunidades, foram mais de 30 anos construindo nossa vidas, para em uma noite perder tudo, menos a esperança, é muito injusta essa postura, somos pessoas honestas, trabalhadores e merecemos empatia e respeito”, diz Ildes.
Para a moradora da Vila Sahy, Sheila Moraes, a ex-vereadora cometeu diversos absurdos: “Ela generalizou, foi preconceituosa, racista. Fez julgamentos infundados. Ela não nos conhece. Tomara que ela nunca precisa da ajuda que esta gente está precisando”.
Vale lembrar que a tragédia em São Sebastião deixou um saldo de destruição e mortes, com muitas famílias perdendo suas casas e pertences. Desde então, o Governo Federal, Governo Estadual e Prefeitura de São Sebastião, tem trabalhado para encontrar soluções para os desabrigados e garantir que eles possam reconstruir suas vidas. No entanto, a postagem ofensiva de Valéria Bento coloca em risco esse trabalho e a segurança dessas pessoas alojadas em Bertioga.
Para Ernesto Santana, “Seu Ernesto”, fundador da Vila Sahy (antiga Vila Baiana), importante liderança na região, a fala da vereadora é absurda, “ela defende, descaradamente, o Aparthaid. É uma irresponsabilidade, é portadora de recado. Subiu cedo demais no palanque eleitoral com discurso absurdo e inoportuno, para dizer o mínimo” diz seu Ernesto.
Enquanto isso, as famílias desabrigadas continuam lutando por uma nova moradia e esperando por soluções concretas das autoridades. A situação é delicada e exige atenção e solidariedade de todos os envolvidos. Existem ações concretas no sentido de solucionar os graves problemas causados pela tragédia. A construção de moradias na Baleia Verde e em Maresias são um exemplo disso.
Ainda que algumas pessoas possam ter opiniões divergentes sobre as soluções propostas, é fundamental que haja discussão na defesa do interesse, garantir que as famílias desabrigadas tenham acesso a moradias seguras e adequadas, além de assistência social e psicológica para lidar com as perdas e traumas sofridos.
São fortes as reações as declarações da ex-vereadora em sua rede social: https://www.facebook.com/valeria.bento.35?mibextid=ZbWKwL, declarações essas consideradas ofensivas e desrespeitosas em relação às vítimas da tragédia e às ações das autoridades responsáveis pelo atendimento às famílias desabrigadas. Ainda mais quando se sabe que a situação enfrentada por essas pessoas é tão difícil e delicada.
“É fundamental que todos estejam unidos em prol de uma causa maior: ajudar aqueles que foram afetados pela tragédia a superar esse momento difícil e recomeçar suas vidas” diz Ildes.
Entenda o que ocorreu
O desastre natural ocorrido em São Sebastião em fevereiro deste ano resultou em 65 mortes na Vila Sahy e milhares de famílias desalojados e desabrigadas que precisam de uma nova moradia. A Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano (CDHU) disponibilizou 300 unidades habitacionais em Bertioga, em caráter emergencial. O prefeito, Caio Matheus (PSDB) à época se posicionou contra a realocação dos desabrigados para seu município, alegando que as moradias são destinadas às famílias em áreas de risco de Bertioga.
Essa posição gerou polêmica e discussões entre as autoridades envolvidas, e enquanto isso, muitas famílias continuam sem abrigo seguro. O Governo de São Paulo iniciou a construção de 704 moradias na cidade de São Sebastião, com um investimento de R$ 93,3 milhões. As obras serão realizadas pela CDHU, em duas etapas, e incluem a edificação de 518 residências no bairro Baleia Verde e outras 186 unidades habitacionais em Maresias.
As famílias vítimas dos deslizamentos foram transferidas provisoriamente para o Condomínio Quaresmeira, em Bertioga. Ainda há muitas famílias desabrigadas aguardando soluções das autoridades competentes, o que evidencia a importância de investimentos em prevenção de desastres e na garantia do direito à moradia para todos. As obras das moradias já iniciadas tem prazo de 180 dias para serem entregues.
Fonte: Assessoria de Comunicação Anderson Poio Estavski
