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‘Cesta básica distribuída pela Prefeitura tem alimentos estragados’, dizem atingidos pelas chuvas em São Sebastião

Tamoios News

Os impactos das fortes chuvas que causaram calamidade pública em São Sebastião em fevereiro deste ano ainda são sentidos pelas populações atingidas pela tragédia. Moradores que ficaram desabrigados e/ou desempregados após a destruição causada pelas águas relatam problemas com a distribuição de cestas básicas feita pela Prefeitura.

“Nem um presidiário recebe uma comida assim”, diz Eliane Cristina Machado, de 55 anos. Moradora do Sítio Velho, no bairro Barra do Una (costa sul), ela afirma que a comunidade atingida pelas chuvas recebe alimentos de péssima qualidade do CRAS (Centro de Referência de Assistência Social). “O arroz às vezes vem com larvas, o feijão vem cheio de gorgulho, o café tem gosto de madeira e dá dor de barriga. Tudo que vem dentro dessa cesta são coisas da pior espécie que existe. Dizem que gastam milhões com essa cesta e a gente não recebe o que é falado.”

Ela tem oito filhos, mas mora atualmente com dois, que são menores de idade. Desempregada, Eliane faz faxinas para sustentar a família e conta que é difícil conseguir serviço. “Um dos meus filhos sofreu um acidente de moto recentemente e precisou amputar o dedo. Eu ainda estou na fila para ganhar fogão, geladeira, cama e máquina de lavar. Estamos lutando há sete meses para conseguir esses eletrodomésticos.”

Eliane conta que houve um suicídio na comunidade por conta das dificuldades enfrentadas pelos atingidos pelas chuvas e defende que o descaso do poder público é grande. Ela faz parte de um grupo que tem se movimentado para demandar melhorias à Prefeitura e Câmara de Vereadores.

A reportagem do Tamoios News também recebeu relatos de atraso de três meses na entrega das cestas básicas. “Nós fizemos cinco manifestações, e da parte da Prefeitura nunca fomos ouvidos”, diz Laércio Pereira Honorato, de 42 anos. Ele morava em São Sebastião e ficou desabrigado. Com isso, passou a viver em uma das unidades habitacionais do Condomínio Quaresmeira, na cidade de Bertioga, cedidas em caráter emergencial para as vítimas das chuvas de São Sebastião.

Laércio é motorista e está desempregado desde a tragédia. Ele tem três filhas e afirma que a cesta básica não está sendo entregue no Condomínio Quaresmeira. “Tem três meses que nem o CRAS, nem o Fundo Social nos entregam a cesta básica aqui no Condomínio. Quem está ajudando os moradores que estão desempregados é a ONG Razões para Acreditar.”

O vereador Giovani dos Santos, o “Pixoxó”, protocolou requerimento (N°399/2023) pedindo explicações à Prefeitura para que regularize a distribuição das cestas básicas pelo CRAS, sobre a qual recebeu “elevado número de reclamações”.

O Tamoios News entrou em contato com a Prefeitura de São Sebastião para entender a situação, mas os questionamentos do portal não foram respondidos até a publicação da matéria.

Redação/ Tamoios News