Durante aproximadamente três horas, os cinco candidatos que concorrem ao cargo de prefeito responderam perguntas de servidores públicos, além de fazerem questionamentos entre si
Por Gustavo Nascimento, de São Sebastião
Foi com uma plateia formada por aproximadamente 200 pessoas na sede do Sindserv (Sindicato dos Servidores Públicos de São Sebastião) e aproximadamente 100 pessoas no lado de fora, segundo a PM, que todos os cinco candidatos a prefeito de São Sebastião estiveram juntos pela primeira vez para um debate na noite desta quinta-feira (15). O objetivo foi discutir assuntos relacionados ao funcionalismo público.
Estiveram presentes os candidatos Felipe Augusto (PSDB), Juan Garcia (PMDB), Marcos Fuly (PTB), Paulo Henrique (PDT) e Wagner Teixeira (PP). No início do debate, cada candidato teve cinco minutos para se apresentar ao público e fazer considerações iniciais.
Parte do debate funcionou como uma sabatina, onde cada participante teve quatro minutos para responder questões sobre os servidores públicos. As perguntas foram enviadas pelos servidores com antecedência. As perguntas que não puderam ser lidas, serão encaminhadas para as assessorias dos candidatos para que sejam respondidas posteriormente.
O tema inicial foi sobre saúde e um servidor questionou como os candidatos pretendiam melhorar as condições e também os equipamentos da Fundação Pública de Saúde, que foi criada pela atual administração para gerir os PSF’s (Programas de Saúde da Família) nos bairros da cidade.

Foto: Gustavo Nascimento
Juan Garcia disse que quando foi prefeito em 2005, havia R$ 15 milhões em dívidas do Hospital de Clínicas da cidade. De acordo com ele, o montante aumentou nos últimos oito anos para R$ 50 milhões, sendo R$ 12 milhões somente aos fornecedores.
“O que posso dizer aos servidores da Fundação é que vou rever juridicamente a condição dos celetistas para que sejam estatutários para garantir melhores condições de trabalho e isonomia”, respondeu Garcia. Marcos Fuly contestou as informações de Juan e afirmou que a dívida não chega a R$ 50 milhões, mas sim R$ 32 milhões, sendo R$ 16 milhões apenas a fornecedores. “Nós cuidamos do hospital sozinhos, não temos repasse nenhum do Governo do Estado e somos referência no Litoral Norte. Investimos 38% do orçamento em saúde e prova de que a gestão é boa”, disse. Conforme o candidato, o problema é que pacientes de outros municípios procuram São Sebastião para o tratamento.
Wagner Teixeira também não poupou críticas à atual administração. Segundo ele, o servidor trabalha em lugares insalubres e novos postos de saúde nem chegaram a ser abertos. Ele garantiu que será preciso melhorar as condições das estruturas existentes dos prédios públicos para que o paciente possa ser tratado com respeito.
Já Paulo Henrique defendeu por mais de uma vez a gestão participativa. Segundo ele, somente com esforços conjuntos entre Ministério do Trabalho, Ministério Público, Tribunal de Contas, sindicato e a prefeitura serão possíveis avanços nas melhorias de trabalhos dos funcionários. Disse que, se eleito, como é servido público sabe de perto as dificuldades enfrentadas pela categoria e vai propor uma reforma administrativa.
Felipe Augusto falou que São Sebastião tem pela frente inúmeros desafios na área da saúde. Ele contou que as UBS encontram-se sem estrutura, as farmácias estão sem remédio assim como os funcionários da fundação não contam com benefícios iguais aos servidores de carreira. Ele se comprometeu a reorganizar a estrutura do órgão.

Foto: Gustavo Nascimento
Reposição salarial – Outro tema que tomou boa parte das discussões foi com relação às perdas acumuladas pela categoria e os índices de correção e reajuste nos salários dos funcionários. Outro servidor questionou se o próximo gestor faria as correções monetárias necessárias para equiparar os salários de acordo com a inflação acumulada.
Garcia considerou ‘criminoso’ um governante que não respeita a classe trabalhadora. “Em oito anos os funcionários públicos foram abandonados. A prefeitura é do servidor público concursado e meu compromisso é com a revisão salarial e o estatuto do servidor”, ressaltou.
Marcos Fuly disse que é necessária uma reforma administrativa e se comprometeu a pagar anualmente o reajuste salarial dos servidores conforme os índices oficiais. Falou também que o reajuste acumulado chegaria a 18%
Wagner Teixeira defendeu que se há uma legislação que obriga o pagamento do dissídio dos funcionários, ela deve ser cumprida, assim como os 18% acumulados em perdas nos últimos anos. Wagner falou em criar mecanismos para austeridade econômica, como diminuição de secretarias municipais e corte de cargos comissionados.
Já Felipe Augusto disse que é responsabilidade do prefeito ir em busca de soluções para reorganizar o orçamento, assim como buscar parcerias e formas de solucionar quedas de arrecadação junto aos Governos do Estado, Federal e a própria Petrobras.
Paulo Henrique falou que a indústria do turismo pode ser uma alavanca para arrecadar mais recursos ao município para geração do emprego e renda. Disse que, como funcionário, é preciso ‘enxugar’ a máquina pública para otimizar os investimentos.

Foto: Gustavo Nascimento
Troca de Farpas – No bloco em que os candidatos poderiam fazer perguntas livres uns aos outros, também por ordem de sorteio, foi o momento mais aguardado pelos servidores. Marcos Fuly questionou o candidato Wagner Teixeira, mas saiu do tema funcionalismo público.
O candidato do PTB perguntou ao postulante do PP se, caso seja eleito, vai manter o transporte universitário dado aos alunos de São Sebastião. Segundo ele, o número de alunos passou de 180 para 600 pessoas. Advertido pelo mediador do debate, a pergunta foi mantida.
Segundo Wagner Teixeira, os ônibus estão sucateados e se for necessário haverá troca da empresa responsável pelo transporte porque ele “não tem acordo com dono da empresa”. Garantiu que vai criar uma espécie de Prouni municipal, para beneficiar 100 alunos e dar transporte aos estudantes da Fatec, Etec e faculdades do município.
O momento mais tenso foi marcado pela pergunta de Juan Garcia ao candidato Felipe Augusto. Juan disse que, mesmo com sua experiência de prefeito, gostaria de aprender desde já como Felipe, caso eleito, iria transformar o FAPS em um Instituto de Previdência para o servidor público municipal.
Felipe respondeu que a criação do Instituto de Previdência, chamado de São Sebastião Prev, dará transparência e legitimidade ao FAPS para garantir a aposentadoria de todos os funcionários. Uma comissão seria criada para discutir esses assuntos entre a categoria e a administração municipal.
Em sua réplica, Juan disse que não via condições disso acontecer. Porém, na tréplica, Felipe Augusto falou que no dia 1º de janeiro de 2017, quando sentar na cadeira de prefeito, poderá receber Juan para ‘humildemente’ ensiná-lo a fazer o instituto ser realidade.
Quando o debate seguia para a fase final, o candidato Wagner Teixeira pediu para que a presidente do Sindserv, Audrei Guatura, abrisse todos os papéis para as câmeras porque ‘tinha a impressão’ de que um dos bilhetes estaria marcado.
Ao abrir, o papel de Felipe Augusto estava com uma marca de cor avermelhada em um dos cantos, o que foi duramente criticado por Wagner Teixeira, que questionou a idoneidade do debate.
Audrei pediu a palavra e respondeu ao candidato e aos presentes que não havia nenhum tipo de ‘marcação’ ou proteção a nenhum dos candidatos, que o debate seguiu critérios e regras pré-estabelecidas para garantir ao servidor a melhor escolha nas eleições do dia 2 de outubro. A ‘marca’ presente no papel seria de batom, segundo ela ocasionado pelo manuseio dos papéis durante o sorteio.
Com isso, o debate foi interrompido para uma nova confecção de bilhete com o candidato Felipe Augusto nos mesmos moldes dos outros nomes para o sorteio.