A comunidade da Vila Sahy, em São Sebastião, realiza hoje (13) das 13h às 15h a terceira manifestação, em função da ação da Procuradoria Geral do Estado (PGE), solicitando à Justiça a remoção imediata dos moradores das áreas de risco e a demolição de 893 casas. Está previsto a paralisação do comércio local e a realização de uma grande passeata na região.
Mais de 1.000 pessoas estão programadas para se reunir na praça da Vila Sahy, iniciando a passeata em direção ao Instituto Verdescola, uma ONG local, passando pelo escritório da CDHU na Barra do Sahy e encerrando no conjunto habitacional da Baleia Verde, onde será deixado um caixão infantil com as notificações do CDHU.
Os moradores solidários à Vila Sahy, realizaram recentemente o segundo e marcante protesto denominado “Caminhada pela Paz” no último domingo, dia 10 de dezembro, sucedendo a primeira manifestação durante o evento “Fuga das Ilhas”.
Durante o protesto de 10 de dezembro, uma ação simbólica viu a retirada de todas as notificações do CDHU das portas das casas. Esses documentos foram depositados em um caixão de tamanho infantil, simbolizando a suposta morte iminente da Vila Sahy. Este gesto reforça a rejeição da comunidade ao projeto de reurbanização e contrato proposto, que tem gerado descontentamento devido ao plano de pagamento das unidades habitacionais ao longo de 30 anos, retendo 20% da renda de cada família.
O movimento cresce não apenas como resposta às ameaças de demolição decorrentes das obras de reurbanização com estudos financiados pelo Instituto Gerando Falcões, que arrecadou milhões de reais em prol da comunidade, durante a tragédia, mas como um apelo claro por transparência, participação ativa e respeito aos direitos da comunidade. O desdobramento desta manifestação promete ser um capítulo marcante na busca por justiça e preservação dos lares da Vila Sahy.
Hoje é o prazo final para manifestações judiciais em defesa da permanência dos moradores no bairro. A população se opõe a sair de suas casas, a demolição de 70% da Vila Sahy, segundo os moradores, é considerada desnecessária.
No lugar de suas moradias, está prevista a construção de prédios habitacionais que serão vendidos para a população pelo CDHU. Também estão previstas áreas de lazer, drenagens e uma reurbanização com parque e memorial às 64 vítimas da tragédia. O que mais revolta a comunidade é que suas casas serão demolidas para dar lugar a essa reurbanização, e eles serão realocados para os novos prédios.
Entre os maiores motivos da revolta da população é que o Governo faltou com transparência, além da promessa de doação das unidades para os moradores pelo Governador durante reunião com a comunidade. A população ficou sabendo que 893 casas serão demolidas através de uma Liminar, que chegou à comunidade em 29 de novembro.
Segundo os moradores, durante esses meses, a equipe do CDHU teve uma postura truculenta e impositiva, com falta de transparência diante da população que se sente traída pelo Governo e principalmente pela ONG Gerando Falcões, que usou o dinheiro arrecadado para pagar os laudos técnicos que foram usados como base da liminar.
Jornalista Poio Estavski