As famílias que vivem nos 168 apartamentos do Conjunto Habitacional São Sebastião F, no bairro Jaraguá, construídos pela Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo (CDHU), estão sofrendo com a precariedade das moradias.
Os moradores receberam as casas em 2018, após terem seus imóveis demolidos com a justificativa de que estavam em áreas de proteção ambiental ou de risco. Porém, eles reclamam que o local onde foi construído o Conjunto Habitacional São Sebastião F tampouco é adequado, já que sofre com constantes alagamentos.
Os moradores também apontam problemas na estrutura dos apartamentos, como trincas e rachaduras nas paredes, vazamentos, infiltrações e entupimentos da rede de esgoto. A falta de manutenção, segundo eles, prejudica tanto as casas quanto as áreas comuns, como a praça, o parquinho e aparelhos de academia ao ar livre frequentados pela comunidade. Outra queixa constante é o valor mensal das parcelas cobradas pela CDHU.
Uma manifestação convocada para o próximo sábado, dia 20 de abril, com concentração na Av. Guarda Mor Lobo Viana em frente à Padaria Elite, no Centro de São Sebastião, terá como principal pauta o pedido de indenização pelas casas que foram demolidas.
Liderança do bairro, Tiago Santos explica sobre a reivindicação. “O pessoal quer justiça, foi tirada a casa deles, tinham suas casas próprias e hoje estão pagando quase 800 reais, não é justo. Em 2018, a prefeitura junto com o governo do estado derrubou as casas dessas pessoas. O prefeito Felipe Augusto garantiu que esse povo ia ter casa digna e que não ia pagar 1 centavo. O que esse povo quer? A casa deles de volta. A prefeitura passou o trator, derrubou as casas, então o povo quer a indenização das casas derrubadas”, afirma Santos.
Ele reclama que as casas da CDHU alagam, as paredes estão rachadas, tem teto pingando, telhado solto, as ruas não têm dreno e viram “um piscinão”, entra esgoto nas casas, falta manutenção no parquinho, nas ruas, na academia ao ar livre e no campo. “Eles entregaram as casas e foram embora, acabou a manutenção”, afirma Santos. Segundo ele, são quase 900 moradores enfrentando esses problemas, sem ações do governo municipal e estadual. “Já fizemos manifestações, abaixo-assinado, mas não fomos ouvidos ainda”, diz a liderança.
Dona Maria Aparecida de Moraes Santos conta que quando chove entra água na casa dela, pela janela da sala, do quarto, pelas brechas debaixo da porta. “Quando chove a gente já tem que ficar acordada, nem dormir, para ficar tirando água. Caindo água dentro de casa e a gente tirando”, lamenta. Ela também relata que há muitas coisas estragadas nas áreas comuns, como os brinquedos do parque das crianças, os aparelhos de fazer exercício que jovens e idosos utilizam, tudo está precisando de conserto.
Morador do conjunto habitacional do Jaraguá, Isnaldo Pereira Coimbra comenta sobre os problemas em sua moradia. “Desde o início as casas todas com rachaduras, trincas nas paredes, vazamento no telhado. O teto do meu quarto está quase caindo, o teto do banheiro está todo rachado, a casa alaga, a nossa rua quando chove enche de água. E as parcelas absurdas que ninguém consegue pagar, a promessa era de um valor fixo pra gente, com aumento mínimo e hoje a gente está pagando uma parcela absurda. A gente está com medo de morar nas casas, a situação está crítica. Sem contar que tiraram a gente das casas da gente alegando que estava em área de risco, mandaram para outra área de risco pior ainda e ainda estamos pagando um preço absurdo. Então é um pedido de socorro”, desabafa o morador.
A CDHU investiu R$ 36 milhões no Conjunto Habitacional São Sebastião F, entregue em 2018. Na época, o governo divulgou que o conjunto respeitou e incorporou “as melhorias estabelecidas como diretrizes de qualidade da Secretaria de Estado da Habitação”. Ainda segundo divulgado pelo governo, as unidades teriam “dois dormitórios, com 56,67m² de área construída, sala, cozinha, banheiro, estrutura metálica para cobertura, azulejo na cozinha e no banheiro, esquadrias em aço com pintura eletrostática, laje e piso cerâmico com rodapé e aquecedores solares instalados”. O governo também divulgou na época da inauguração que o condomínio contaria “com completa infraestrutura e melhorias: redes de água, esgoto, drenagem e elétrica; iluminação pública, pavimentação, passeio público e paisagismo”.
Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano do Estado de São Paulo – CDHU
Questionada pela reportagem sobre as reclamações dos moradores, a CDHU enviou a seguinte nota: “A CDHU esclarece que, em novembro último, recebeu reclamações de três mutuários. Após vistoria, foi constatado que os problemas elencados se devem a falta de manutenção dos mutuários. O empreendimento São Sebastião F foi entregue em plenas condições de habitabilidade, entre 2018 e 2021. As regras de financiamento de imóveis construídos pela Companhia foram criadas para viabilizar o pagamento pelas famílias atendidas, mesmo aquelas de renda mais baixa. Por esse motivo, o valor se limita a 20% da renda familiar. No financiamento dos imóveis, não há cobrança de juros, apenas a reposição inflacionária pelo IPCA. As unidades são altamente subsidiadas pelo Estado, justamente para permitir que famílias mais necessitadas consigam adquirir seus imóveis definitivo. O pagamento das parcelas, ainda que em valores baixos, rende uma receita operacional que permite à companhia construir novas moradias para atender à população que mais precisa. Ou seja, a parcela que um cidadão paga ajuda a construir moradia para novas famílias. Em caso de parcelas em atraso, os mutuários podem procurar a CDHU no escritório regional ou pelo Alô CDHU, no telefone 0800 000 2348.”
Prefeitura Municipal de São Sebastião
A reportagem procurou a prefeitura, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.
Veja o link do vídeo no Youtube onde mostra o alagamento: https://www.youtube.com/watch?v=1iC6y2beKoA
Redação Tamoios News