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Moradoras da Costa Sul apontam problemas na coleta seletiva em São Sebastião (SP)

Tamoios News

Recentemente, a Cooperativa de Reciclagem de São Sebastião (Coopersuss), que trabalha com triagem de materiais recicláveis, fez um apelo em seu perfil numa rede social, dizendo que “a situação da cooperativa está alarmante” e que o motivo é que tem recebido pouco material reciclável por meio da coleta seletiva. Na mensagem, a Coopersuss pediu aos munícipes da cidade de São Sebastião (SP) que separem seus recicláveis e fiquem atentos aos dias em que passa o caminhão da coleta seletiva em cada bairro.

Mas quais seriam os motivos para a queda de materiais recicláveis chegando por meio da coleta seletiva? Segundo moradoras da Costa Sul, que integram o grupo de sustentação para a elaboração do Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos, a própria coleta seletiva tem problemas a serem resolvidos.

Desde 2019, a prefeitura mantém o mesmo contrato para o serviço de limpeza pública urbana no município (que inclui a coleta seletiva), prorrogando sua vigência por meio de termos aditivos. Porém, em 2021, a empresa SA Gestão de Serviços Especializados Eireli mudou o nome para SS Ambiental Ltda, que é a atual responsável pelo serviço.

Moradora de Guaecá, Tatiana Araujo considera que o problema na coleta seletiva é multifatorial. “Em bairros da Costa Sul é comum ouvir reclamações de munícipes dizendo que o caminhão somente passa nas ruas principais do bairro. Faltam caminhões adequados para atender a realidade de São Sebastião, alguns são muito grandes para chegar em ruas muito estreitas. Também há problemas na coleta pelo fato de alguns munícipes não identificarem os resíduos recicláveis em sacos da cor verde ou azul, ou não identificarem suas lixeiras com a comunicação de ‘reciclável’. Os coletores de lixo têm dificuldade para identificar o que é reciclável nas lixeiras onde não há separação. Não há campanha de educação ambiental contínua com toda a população. Falta gestão dos resíduos recicláveis durante os eventos, desperdiçando esse material que poderia gerar renda para a Cooperativa. Não há Pontos de Entrega Voluntária (PEVs) e Ecopontos para receber recicláveis e ajudar na logística de coleta por bairro”, aponta a moradora.

Para a moradora de Boiçucanga, Carol Guenka, a coleta seletiva tem um problema crônico. “A meu ver, um dos grandes problemas da coleta seletiva é que ela é feita no mesmo dia da coleta normal. De segunda a sábado passa a coleta comum em todas as ruas e a coleta seletiva passa três vezes por semana. Ou seja, a pessoa tem que ter uma área falando que é reciclável, para ter certeza que o reciclável que vai levar. E mesmo assim, se fica muito tempo, a coleta comum leva”, diz a moradora. “Da forma como ela é feita agora, de maneira inconstante, porque toda hora quebra um caminhão, toda hora eles têm uma desculpa, as pessoas não conseguem confiar nessa periodicidade e por isso param de separar seu lixo, é muito triste”, lamenta.

Na opinião dela, falta comunicação sobre a coleta seletiva tanto para os moradores quanto para os veranistas e turistas. “Eu acho que deveria estar estampado nos outdoors como é feita a coleta seletiva”, sugere. Ela também aponta que nem sempre a coleta seletiva passa por todas as ruas do bairro. “Aqui em Boiçucanga, quem mora nas ruas principais acaba vendo mais o caminhão. Mas quando eu morava numa rua de menos acesso eu não via. A organização da Secretaria de Serviços Públicos junto com a empresa de coleta é péssima”, reclama.

Outra moradora de São Sebastião, Petra Jacobino relata problemas na coleta seletiva nos anos em que morou no Sertão de Camburi. “Lá a coleta seletiva é meio que uma lenda. Quem separa, separa meio confiando, mas muitas vezes ou o caminhão passa muito cedo, ou a gente não vê, ou o caminhão comum passa antes e leva as coisas. Recentemente eu deixei na lixeira umas cinco caixas de papelão com vidro inteiro, sem estar quebrado. A coleta comum passou antes e simplesmente pegou. Então a gente fica com medo”, relata.

No próprio contrato da empresa que realiza a coleta seletiva com a prefeitura consta que o serviço deve ser executado “com eficiência para garantir a manutenção do vínculo das boas práticas entre os cidadãos e o Poder Público”. Segundo o contrato, os tipos de resíduos a serem recolhidos pela coleta seletiva são: “papelão, plásticos, vidros, metais ferrosos, não-ferrosos, óleo comestível, pneus etc”. Ainda segundo o contrato, os materiais recicláveis coletados devem ser transportados para a cooperativa, onde serão devidamente separados e estocados. Cabe à prefeitura a fiscalização do cumprimento do contrato, bem como a avaliação do serviço realizado e aplicação de possíveis sanções contra a empresa contratada, em caso de descumprimento.

O contrato prevê que a empresa disponibilize, no mínimo, 6 caminhões com carroceria tipo gaiola para coleta de reciclável com capacidade mínima de 8 toneladas, sendo 3 para atender a Região Central e Costa Norte e outros 3 para atender a Costa Sul. Além disso, prevê 1 caminhão com as mesmas características dos demais como reserva técnica, “para pronta reposição em caso de baixas mecânicas etc”.

Já para atender os locais de difícil acesso, o contrato prevê 1 caminhão carga leve com carroceria tipo gaiola para coleta de reciclável com capacidade mínima de 3 toneladas. Para a coleta de resíduos domiciliares em locais de difícil acesso, embora não seja obrigatório, o contrato prevê que a empresa pode utilizar equipamentos alternativos, como motocicletas ou triciclos com carroceria tipo gaiola (moto-garis), ou veículos mini basculante, para otimizar a coleta dos recicláveis nestes locais.

Procurada pela reportagem, a SS Ambiental Ltda enviou a programação da coleta de resíduos orgânicos, recicláveis e volumosos. A empresa também informou que o telefone para informações é (12) 98866-7105. Já em relação à quantidade de caminhões que estão sendo utilizados na coleta seletiva, ao atendimento dos locais de difícil acesso e à quantidade de materiais recicláveis coletados por mês, a empresa não forneceu as informações e disse que os dados deveriam ser solicitados à prefeitura. A reportagem questionou a prefeitura, mas não obteve retorno até o fechamento desta matéria.

Confira o cronograma informado pela empresa:

Redação/Tamoios News