A Prefeitura, em nota, informou que a empresa responsável tem procurado regularizar a coleta, o que pode demorar alguns dias
Por Raell Nunes, de Ubatuba
Há algumas semanas a coleta de lixo virou um problema em Ubatuba. Muitas ruas e casas acumulam os resíduos e o caminhão, que geralmente passava pela manhã e à noite, não está mais com essa frequência na retirada do material.
O município tem mais de 80 mil habitantes e gera mais de 81 toneladas de resíduos domiciliares por dia. Isso resulta, em média, 1,31kg diários por morador. Entretanto, esses dados estão na média nacional que é de 1,2kg por pessoa.
No entanto, a munícipe Ivone Rodrigues, 58, reclamando da ausência de coleta e ainda questiona: “Será que podemos ter respostas sobre o que está acontecendo com o lixo?”.
Segundo a Sanepav Saneamento Ambiental LTDA, que recolhe os rejeitos da cidade por meio de terceirização, em um contrato mantido com a prefeitura, houve atraso no repasse de verbas. Conforme explica, a empresa está atendendo em horário comercial e cumprindo a demanda nos bairros na faixa dos 30%.
Em nota, a Prefeitura de Ubatuba informou que a empresa responsável tem procurado regularizar a coleta, o que pode demorar alguns dias. “A empresa também está sendo notificada sobre a possibilidade de ser multada e de rompimento do contrato”, acrescenta.
A PMU explicou, ainda, que a empresa não vinha cumprindo com suas obrigações e, por esta razão, a administração, desde a última sexta-feira, colocou quatro caminhões com pessoal necessário para atender os pontos desassistidos.
Problemática do lixo
Representando o Legislativo, a vereadora Flavia Pascoal (PSB) afirmou que o lixo está se acumulando nas portas dos residentes da cidade. “A gente, como cidadã, liga na empresa várias vezes para saber qual o horário que o caminhão vai passar. Mas eles falam que não pagaram a empresa. Que não tem quem pegue o lixo”.
Outro problema relatado pela legisladora é a chegada da temporada e o aumento da demanda de serviços. Segundo o Plano Municipal de Resíduos Sólidos, na alta temporada, Ubatuba descarta cerca 150 a 160 toneladas de lixo. Todavia, 35% dessa quantidade são recicláveis, mas apenas 3% são recicladas e devidamente reaproveitadas.
A assessoria de imprensa da prefeitura esclareceu que há um contrato com a Sanepav e todas as cláusulas estão sendo respeitadas pelo Poder Público.
Porém, segundo o setor, “existem faturas em aberto, mas segundo a lei 8.666 de licitações que rege o contrato, elas estão dentro do prazo de tolerância e a empresa deveria manter a prestação de serviço sem alterações”.
Nos locais mais distantes existem lixeiras públicas e caçambas terceirizadas, onde são concentrados os resíduos sólidos domésticos, para posterior retirada pelos caminhões e destinação para a UTGR Jambeiro (Unidade de Tratamento e Gestão de Resíduos de Jambeiro).
No entanto, em alguns bairros há aglomerações de sobras. A região Sul, Vila Santana, Araribá, Sertão da Quina, Rio da Prata, Lagoinha e Vila Mariana estão sendo bastante afetadas com a carência de coleta. Já no Norte, Casanga, Prumirim, Ubatumirim, Barra Seca, Praia Vermelha do Norte, Praia da Fazenda e Itamambuca também sofrem com o problema.
Há 11 meses, na apresentação do Plano de Resíduos Sólidos, o secretário do meio ambiente, Juan Blanco Prada, disse que a prefeitura, com a implantação da política nacional de resíduos sólidos, tem uma série de obrigações. Para ele, é primordial uma transformação na forma em que o lixo é tratado.
“Sempre propomos a participação social. Nós tivemos um processo de mais de 20 reuniões. O contrato do lixo é um dos maiores do município, é um custo alto. Tentamos fazer um trabalho de compreensão do que são e como são os resíduos do município. Assim, podemos saber qual tipo de investimento tecnológico necessário”, acrescentou.