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Guardiões dos Rios: moradores se preparam para monitorar a água e cobrar saneamento em São Sebastião

Tamoios News
Imagem/Instituto Conservação Costeira

Neste sábado (29), começa na Costa Sul de São Sebastião um movimento que promete mexer com a forma como as comunidades se relacionam com seus rios, suas praias e com o poder público. É o lançamento do Guardiões dos Rios, programa criado pelo Instituto Conservação Costeira (ICC) para capacitar moradores a monitorar a qualidade da água doce que deságua no mar — e, com isso, cobrar soluções estruturais de saneamento básico.

A proposta é simples, mas potente: formar lideranças comunitárias e moradores com ferramentas acessíveis de análise da água, noções de bacia hidrográfica, coleta de dados e incidência política. Tudo isso será apresentado neste sábado, na primeira etapa de formação, por meio de oficinas práticas.

“A ideia é que cada comunidade se torne guardiã de seus rios, compreendendo o impacto direto entre a qualidade da água doce que chega ao mar e o estado de nossas praias. Não há balneabilidade sem saneamento básico – e não há saneamento eficaz sem mobilização social”, afirma Fernanda Carbonelli, diretora executiva e cofundadora do ICC.

A iniciativa nasce da urgência. A Costa Sul — que inclui bairros como Boiçucanga, Barra do Sahy, Cambury e Juquehy — é uma das regiões mais impactadas pela falta de saneamento em São Sebastião, especialmente durante a alta temporada, quando a poluição hídrica se agrava. Os rios, que cortam as comunidades e chegam até o mar, são um retrato diário desse descaso.

A proposta do Guardiões dos Rios é combinar saberes locais, ciência cidadã e mobilização social. A ideia é que os dados gerados pela própria população sirvam de base para diagnósticos locais e articulações com o poder público.

“Queremos que esse programa seja uma semente de transformação. Quando a comunidade entende a origem da poluição e tem ferramentas para monitorá-la, ela também ganha força para cobrar soluções estruturais”, completa Fernanda.

O ICC já tem experiência nessa linha. Com mais de 12 anos de atuação no Litoral Norte, a organização é reconhecida por projetos de reflorestamento, educação ambiental e enfrentamento às mudanças climáticas. Em 2024, foi apontada como uma das 100 melhores ONGs do Brasil, e também lidera o premiado projeto Restaura Litoral, focado na recuperação da Mata Atlântica e na resiliência de comunidades costeiras.

Agora, com o Guardiões dos Rios, o instituto amplia sua atuação para um ponto crucial: a água que corre pelas veias das comunidades. E faz isso apostando no protagonismo de quem vive à beira do problema — e pode ser a chave da solução.

Por Poio Estavski | Especial para o Tamoios News