A presença cada vez mais frequente de capivaras em áreas urbanas do Litoral Norte de São Paulo tem gerado preocupações entre moradores, especialmente devido ao risco de transmissão da febre maculosa por meio do carrapato-estrela. Autoridades ambientais e de saúde reforçam que a população deve adotar medidas preventivas e de convivência segura, já que a caça e o manejo direto desses animais são proibidos por lei.
Na cidade de São Sebastião as capivaras andam em bandos, estouram cercas, invadem e destroem os jardins das residências procurando por alimento e infestam de carrapatos por onde passam. No mês passado uma capivara invadiu o quintal de uma casa e chegou a morder um cão que tentava defender o seu território. Muitos moradores estão preocupados com a quantidade de carrapatos encontrados nos jardins. Alguns tentaram a dedetização, mas não tem muita eficácia na vegetação em áreas abertas, além de prejudicar insetos inofensivos. E cobram das autoridades um controle da reprodução desses animais pelas zoonoses municipais por se encontrarem em áreas urbanas, e tratamento para proteger as capivaras dos carrapatos.
O coronel Marco Aurélio, da Polícia Militar Ambiental, explica que a reprodução das capivaras é acelerada e seus predadores naturais não estão presentes em áreas urbanas, além da proibição da caça. “Com relação às capivaras, não há muito o que fazer além de eliminar o que serve de atrativo. A presença delas em residências e locais urbanos ocorre, principalmente, devido ao tipo de alimento que esses animais são atraídos. A retirada para outros locais apenas transferiria o problema.”, informou a coronel.
A reprodução da capivara pode ser considerada acelerada ou com alta prolixidade, especialmente em comparação com outros roedores, devido à sua capacidade de reproduzir-se durante todo o ano, e a cada ciclo ter vários filhotes. Essa alta taxa de reprodução é influenciada pela facilidade de adaptação da capivara ao ambiente, pela sua alta fecundidade e fertilidade, e pela ausência de predadores naturais em algumas regiões.
Em São Sebastião, a Prefeitura destaca que não há levantamento oficial sobre o número de capivaras no município, mas reforça que elas são animais sociáveis, migratórios e parte da fauna silvestre brasileira. O Centro de Controle de Zoonoses atua na orientação da população para garantir a segurança de pessoas e animais, enquanto casos que exigem intervenção ficam sob responsabilidade da Polícia Ambiental. É fundamental não tocar, não alimentar e manter distância das capivaras, além de afastar animais domésticos. Caso sejam encontradas dentro de quintais de residência, em risco ou em locais perigosos, a orientação é acionar a Polícia Militar Ambiental, o Corpo de Bombeiros ou o Centro de Controle de Zoonoses, reforça a nota oficial.
Sobre o risco da febre maculosa, a Prefeitura de São Sebastião lembra que o carrapato-estrela é o transmissor da bactéria causadora da doença. Entre as medidas preventivas, as pessoas que moram ou que frequentam áreas com presença de capivaras, devem utilizar roupas claras e compridas, calçados fechados, além de fazer inspeção no corpo e em animais de estimação após passeios. Caso um carrapato seja identificado na pele, deve-se fazer a remoção imediata e buscar atendimento médico ou veterinário.
Já em Ubatuba, a Prefeitura esclarece que o controle populacional das capivaras não é atribuição da Unidade de Vigilância em Zoonoses (UVZ), que atua apenas no monitoramento de riscos e coleta de amostras de animais mortos para investigação de zoonoses. O trabalho local é voltado à prevenção e orientação da população quanto ao risco da febre maculosa. “A UVZ não realiza manejo ou captura de capivaras vivas. As recomendações são manter quintais limpos, cortar vegetação baixa, evitar lixo que atraia animais silvestres e inspecionar cães regularmente”, informou a administração municipal.
As autoridades reforçam que a convivência respeitosa com as capivaras é essencial e que a prevenção continua sendo a principal forma de proteção da população contra os riscos associados a esses animais e aos carrapatos. Em caso de suspeita de picada pelo carrapato, a orientação é procurar imediatamente atendimento médico.
Redação/Tamoios News