A anestesiologista Daniela Medeiros, moradora do Litoral Norte paulista e com 27 anos de carreira na medicina, viveu uma experiência transformadora ao participar de uma expedição voluntária no Estado do Amazonas a bordo do Barco Hospital Papa Francisco. Em sete dias de missão, sendo cinco dias de atendimento direto às comunidades ribeirinhas, a médica realizou ambulatórios pré-anestésicos e participou de 44 cirurgias pediátricas e gerais, levando saúde a locais de difícil acesso e de extrema vulnerabilidade.
Atualmente, Daniela é diretora técnica do Hospital Municipal Mário Covas Junior, em Ilhabela, e atua como anestesiologista no próprio hospital e no Hospital de Clínicas de São Sebastião. Formada desde 1998, com especialização em Anestesiologia e em Área de Atuação em Dor, Daniela afirma que o desejo de servir voluntariamente sempre a acompanhou, mas a rotina da profissão e os compromissos adiaram esse sonho por quase três décadas.
Após uma amiga cirurgiã, que já atuava como voluntária, entrar em contato informando sobre a desistência de uma anestesiologista a apenas um mês da expedição, Daniela aceitou o desafio. “Ela me perguntou se eu teria interesse em ir. Minha resposta imediata foi sim! Conversei com meu esposo e meus filhos, e com o apoio total da minha família aceitei esse chamado”, conta a anestesista.

Barco Hospital Papa Francisco
O Barco Hospital Papa Francisco, mantido pela comunidade dos freis franciscanos e viabilizado por doações e apoio governamental, percorre comunidades isoladas do Amazonas onde o acesso à saúde é limitado. Durante a expedição, a equipe da Daniela esteve nas comunidades de Aibi, Nova Maracanã e Faro e, todos os atendimentos médicos, odontológicos, de enfermagem e apoio logístico são realizados por profissionais voluntários. “É surpreendente ver como todos no barco, médicos, dentistas, enfermeiros, marinheiros, farmacêuticos e até a cozinheira estão lá para ajudar”, afirma.

Equipe médica no Barco Hospital Papa Francisco
Para Daniela, essa primeira missão voluntária marcou um novo capítulo em sua trajetória. Apesar de já ter atendido pacientes gratuitamente em seu consultório ao longo da carreira, foi a primeira vez que deixou sua cidade para dedicar-se integralmente a uma ação solidária fora do seu estado. “Consegui praticar a medicina que realmente aprendi, a de ajudar o próximo, sem ver a quem e sem esperar nada em troca. Peço que Deus continue a iluminar essas pessoas a ajudar quem mais precisa e, que continue a me mostrar esse caminho único de praticar o bem, que escolhi na minha profissão”, acrescenta a anestesiologista.

Sala de Cirurgia dentro do Barco Hospital Papa Francisco
A médica se cadastrou na ONG Mogoya, responsável pela organização do voluntariado nos barcos hospitais do Amazonas, e já reservou em sua agenda uma semana por ano para continuar participando das próximas expedições. Ela aguarda a abertura da programação de 2026 para definir sua nova missão. Daniela define o trabalho voluntário como uma experiência que transforma mais quem doa do que quem recebe. “Muitos dizem que é uma doação de tempo e conhecimento, mas para mim foi uma overdose de gratidão. Voltei com o coração preenchido e ainda mais convicta do propósito da minha profissão.”

Atendimento as comunidades ribeirinhas
Por fim, Daniela reforça a importância de iniciativas como essa para levar dignidade às populações ribeirinhas e destaca a esperança ao ver tantos profissionais empenhados em fazer o bem. “Os barcos saem semana sim, semana não, sempre com equipes médicas voluntárias. Isso mostra que ainda existem muitas pessoas no mundo comprometidas com o próximo”, finaliza a profissional.
Redação/Tamoios News


